O diretor de futebol de base Gustavo Ferreira comentou a relação do Cruzeiro com empresários que administram as carreiras de jovens jogadores. Em entrevista ao canal oficial do clube no YouTube, o dirigente garantiu que não existe favorecimento a determinados agentes e frisou a necessidade de os atletas demonstrarem qualidade técnica e amor à camisa para ganharem espaço na equipe.
“Não tem empresário amigo no Cruzeiro desde que cheguei. Todos os empresários, captadores e parceiros são bem-vindos. Todos os contratos são para todos verem. Não existe mais isso no Cruzeiro. Te garanto que enquanto eu estiver no Cruzeiro, digo no olho de cada torcedor cruzeirense: não tem favorecimento. Joga quem é melhor. Mas veja bem: quem é melhor dentro, quem é melhor fora. Quem joga bem e honra a camisa. Não adianta o atleta achar que é maior que o Cruzeiro, isso não vou permitir. Não vou permitir um atleta que não honra essa camisa”, disse Gustavo, citando, na sequência, ter recebido autonomia do presidente Sérgio Santos Rodrigues e de profissionais hierarquicamente acima de suas funções.
“Tenho autonomia do nosso presidente, dos vice-presidentes e da nossa diretoria. Eles foram bem taxativos: Gustavo, vamos realmente trabalhar com quem quer trabalhar no Cruzeiro e com quem ama e respeita essa camisa. Podem ter certeza, não existe nenhum tipo de favorecimento. O que tem no passado, eu não vou discutir. Do presente e do futuro, garanto que ficam os melhores”, complementou.
De acordo com Gustavo Ferreira, o trabalho de captação na Toca da Raposa é feito de maneira muito criteriosa. A decisão de aprovar ou não passa por pelo menos dez profissionais. “Hoje, para um jogador ser aprovado no Cruzeiro, é uma comissão de dez (profissionais). Eu só tenho um voto lá dentro. Mas, vai todo mundo para a sala e aprova um, dois, três quatro. Se a maioria aprovar, a gente aprova”.
Sobre a participação dos empresários em negociações de jogadores que o Cruzeiro manifestar interesse ou fechar a contratação, Gustavo salientou que não há nenhum pagamento de comissão. Isso ocorrerá apenas em uma eventual venda, na qual parte dos valores serão repassados ao representante.
“Uma coisa da qual a gente se orgulha também é da política com os empresários e os procuradores. Hoje é tudo muito claro, a minha porta está aberta e trabalham cinco pessoas comigo na minha sala. Não recebo empresário sozinho e não tem esse negócio de comissão. Todos os jogadores, podem auditar, que está claro e transparente. Comissionamento é só se o atleta for vendido, jamais ao longo do contrato com o Cruzeiro”.
Reconhecimento aos olheiros
Além de explicar o tratamento aos intermediários, Ferreira se mostrou atencioso com os descobridores de talentos, também chamados de olheiros. Segundo ele, treinadores de escolinhas que ajudarem o clube a lapidar uma joia no futebol serão valorizados caso esse atleta chegue a um bom nível profissional e, consequentemente, proporcione receita aos cofres celestes.
“Estabelecemos um respeito ao pessoal das escolinhas que trazem os meninos para o clube. Por muitas vezes ele traz esse menino ao clube e perde ao longo (do tempo), pois esse menino vai desempenhando e aparece um empresário mais forte para tomar o atleta. No Cruzeiro ele é valorizado. Você que tem a sua escolinha e o seu projeto, pode ter certeza que você será reconhecido por levar o seu projeto ao Cruzeiro. Vai ser valorizado e se tornará um parceiro nosso na formação. O Cruzeiro é um clube aberto aos parceiros, aos indicadores e aqueles que querem o bem do clube”, concluiu o diretor.
Na gestão do ex-presidente Wagner Pires de Sá e do ex-vice-presidente de futebol Itair Machado, o Cruzeiro se comprometeu a pagar empresários em transações envolvendo pratas da casa. Segundo o relatório de investigação corporativa da Kroll, a contratação do goleiro Vinícius (ex-Criciúma), em abril de 2019, previa R$ 186 mil em intermediação. Já a renovação do lateral-direito Vitinho, em abril de 2018, tinha comissão de R$ 510 mil.