Depois de quase duas décadas, Luiz Felipe Scolari está de volta a Belo Horizonte e tem a árdua missão de liderar a reconstrução futebolística de um time em queda livre. Em 2001, o experiente treinador encerrou um vínculo de 11 meses com o Cruzeiro para assumir a Seleção Brasileira, com a qual se sagraria pentacampeão mundial no ano seguinte. Agora, retorna ao clube celeste para continuar uma história que tem título invicto e frustrações.
A primeira passagem de Felipão por Belo Horizonte começou de maneira, no mínimo, inusitada. Em 9 de julho de 2000 - data da finalíssima da Copa do Brasil diante do São Paulo -, a diretoria celeste confirmou publicamente que o gaúcho substituiria Marco Aurélio no comando da equipe. O anúncio pouco usual, menos de duas horas antes de a bola rolar no Mineirão, não impediu o título invicto do Cruzeiro.
Daí em diante, Felipão ficou à frente do time em 75 partidas. Foram 40 vitórias, 23 empates e 12 derrotas - um aproveitamento de 63,5% dos pontos disputados. Apesar dos bons números, o início da trajetória na capital mineira não foi dos melhores. No segundo semestre de 2000, o Cruzeiro de Scolari acumulou frustrações.
Líder do Módulo Azul da Copa João Havelange - denominação utilizada para o Campeonato Brasileiro daquela temporada -, o time mineiro chegou ao mata-mata com moral. No primeiro duelo, eliminou o antigo Malutrom, do Paraná. Em seguida, superou o Internacional. Na semifinal, porém, caiu ante o Vasco de Romário, que teve grande atuação no Mineirão e viria a ser campeão ao bater o São Caetano na decisão.
Paralelamente à disputa da João Havelange, o Cruzeiro de Felipão participou da extinta Copa Mercosul. Após liderar o Grupo B, o time celeste caiu logo no primeiro mata-mata para o Palmeiras, ex-clube de Scolari. Foram dois triunfos paulistas naquelas quartas de final.
Título
O ponto alto da trajetória do treinador de 71 anos no Cruzeiro foi em 2001, com o título da Copa Sul-Minas. A equipe teve uma campanha irretocável, com direito a eliminação do rival Atlético na semifinal. A campanha invicta foi coroada com duas vitórias sobre o Coritiba na final.
A sequência da temporada, porém, não foi das melhores. O Cruzeiro teve campanha decepcionante no Campeonato Mineiro e terminou a competição em quarto lugar. Na Copa Libertadores, porém, os números foram bem superiores. O time liderou o Grupo 4, com 16 pontos em seis jogos. Foi a terceira melhor campanha dessa etapa do torneio, atrás apenas de Vasco e Palmeiras.
No mata-mata continental, os comandados de Scolari superaram os equatorianos do El Nacional nas oitavas de final. Na fase seguinte, encararam um velho conhecido: o Palmeiras. E os paulistas levaram a melhor outra vez. Após dois empates, o goleiro Marcos brilhou na disputa por pênaltis e decretou a eliminação celeste em pleno Mineirão.
Saída para a Seleção Brasileira
Em junho daquele ano, Felipão encerrou a primeira passagem pelo Cruzeiro. O gaúcho, à época com 52 anos, aceitou o desafio de treinar a Seleção Brasileira e foi liberado pelo clube celeste. E o resto é história: classificação garantida nas Eliminatórias e título da Copa do Mundo de 2002, disputada na Coreia do Sul e no Japão.
O retorno
Voltar a ‘casa’ é tradição na carreira de Scolari. Foi assim, por exemplo, em Palmeiras, Grêmio e na própria Seleção Brasileira. Agora, o treinador chega à Toca da Raposa com um contrato até o fim de 2022 e os desafios de tirar o Cruzeiro do Z4 da Série B do Campeonato Brasileiro e, na melhor das hipóteses, recolocar a equipe na Primeira Divisão no ano do centenário.
A reestreia já tem data e horário marcados: 20 de outubro, a próxima terça-feira, a partir das 21h30. No estádio Germano Krüger, em Ponta Grossa, interior do Paraná, o Cruzeiro enfrenta o Operário e tenta, mais uma vez, iniciar sua reconstrução em campo. Agora, com um campeão do mundo ao seu lado.
Números de Felipão no Cruzeiro
2000: 38 jogos, 18 vitórias, 13 empates e 7 derrotas (58,77% de aproveitamento)
2001: 37 jogos, 22 vitórias, 10 empates e 5 derrotas (68,47% de aproveitamento)