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Cruzeiro: Sérgio faz críticas à gestão Gilvan e diz que 'empresa de investigação' não foi paga pelo Conselho Gestor, que rebate

Presidente do Cruzeiro fez críticas às administrações anteriores do clube

postado em 08/10/2020 13:33 / atualizado em 08/10/2020 14:41

(Foto: Igor Sales / Cruzeiro)

Na entrevista coletiva desta quinta-feira, o presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues, fez críticas duras ao Conselho Gestor e à administração do ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares. O mandatário celeste indicou aumento considerável do endividamento no período de Gilvan e disse que o Conselho Gestor não tinha planejamento para pagar a primeira dívida referente à compra do atacante Willian junto do Zorya, da Ucrânia, na Fifa, e que quando assumiu teve que quitar débitos com Cemig Correios.

"Em três meses, não vamos corrigir 99 anos de alguns erros históricos e sete anos de gestão muito complicada, de endividamento. Fui candidato em 2017. E quando vejo muita gente falando: 'Por que você não critica os endividamentos?'. É só ler as entrevistas. Em 2017, a gente alertava para o alto endividamento do Cruzeiro. De R$ 120 milhões para R$ 480 milhões. E depois 2017 e 2018, com a incompetência somada à desonestidade, quase R$ 1 bilhão. É esse o Cruzeiro que a torcida quer? Então, não estamos torcendo para o mesmo time, porque eu falo com muita tranquilidade isso. Desde o primeiro dia, falo que não quero ser popular, não quero ser jogado na piscina, não quero ser jogado na banheira, quero fazer um Cruzeiro para os meus filhos e netos". 

Gilvan administrou o Cruzeiro de 2012 a 2017. Apesar do bicampeonato brasileiro (2013-2014) e dos títulos da Copa do Brasil de 2017 e do Campeonato Mineiro de 2014, ele deixou um legado de dívidas. Somente na Fifa, o clube enfrenta várias ações, com cobranças que, somadas, atingiam R$ 50 milhões

Conselho Gestor


Sérgio Rodrigues disse que o Conselho Gestor não fez planejamento para pagar no dia 28 de maio a dívida da Fifa de quase R$ 11 milhões ao Zorya, da Ucrânia, pela contratação do atacante Willian, em 2014. Sérgio foi eleito no dia 21 daquele mês e conseguiu convencer o patrocinador Pedro Rodrigues, do Supermercados BH, a auxiliar o clube na operação.

"Foram dois CPFs de conselheiros do Cruzeiro que impediram que a gente começasse com menos 12 pontos, porque quando a gente foi eleito no dia 21 de maio, a gente tinha no dia 28 de maio uma dívida que poderia perder mais seis pontos. Eu liguei para o pessoal que estava aqui e falei: 'Como está o planejamento?'. 'Não tem planejamento para o pagamento de quinta que vem. Não existe esse planejamento'. Eu falei: 'Não existe planejamento para uma dívida que vence quinta que vem?'. Responderam: 'Não existe'. Juntamos a nossa equipe, a marketeira, como está todo mundo falando. Essa equipe marketeira fez um baita projeto, levou no Supermercados BH, mostrou para o Pedro e para o Bruno, e o Pedro entrou neste projeto junto com a gente".

"Então, era para começar com menos 12, saibam disso. O marketeiro que conseguiu mudar isso. O sem peito botou o CPF dele para a gente conseguir fazer isso. Então, são dois CPFs: o do Pedro Lourenço, com CNPJ do Supermercados BH, e depois o nosso, quando a gente começa a correr atrás no mercado, a mostrar o nosso projeto", destacou Sérgio.

O presidente do Cruzeiro ainda disse que herdou do Conselho Gestor dívidas com Cemig e Correios.

"Quando chegamos, estavam para cortar a luz. Para a gente pode desenvolver um projeto de sócio-torcedor, nós tivemos que pagar mais de R$ 120 mil de Correios, mais quase R$ 200 mil, porque fizeram o sócio-reconstrução, arrecadaram R$ 4, R$ 5, R$ 8 milhões, não sei ao certo, arrecadaram a receita toda e não entregaram os cartões. Como eu lanço um programa de sócio sendo que a pessoa que fez o programa de R$ 12 não recebeu o cartão? Sobrou para quem pagar a conta? A gente".

O Conselho Gestor assumiu o Cruzeiro em dezembro de 2019, quando o ex-presidente Wagner Pires de Sá renunciou ao mandato. Entre os feitos do Conselho estão a redução da folha de pagamento - futebol e administrativo -, retorno do clube ao Profut via Justiça, contratação de uma investigação corporativa e a criação do 'sócio reconstrução'.

O Conselho Gestor foi formado por Saulo Fróes, Emílio Brandi, Gustavo Gatti, Alexandre Faria, Carlos Ferreira, Anísio Ciscoto e Jarbas Reis. O CEO Sandro Gonzalez - que segue no clube - e o superintendente jurídico, Kris Brettas, também participaram da gestão do clube nos últimos meses como colaboradores. 

Pagamento de investigação

Em março deste ano, o Conselho Gestor contratou a Kroll, especializada em gestão de risco, investigações corporativas, compliance e cibersegurança, para fazer investigação em contratos do Cruzeiro. O relatório com mais de 600 páginas foi enviado ao Ministério Público de Minas Gerais. Outra empresa que prestou serviços ao Cruzeiro nesta época foi a Moore Stephens Consulting News Auditores Independentes, que realizou levantamento do déficit do clube. 

Sérgio Rodrigues reclamou que o pagamento da investigação ficou para a sua gestão, sem especificar qual. "A própria empresa de investigação contratada, que alguém ia pagar, um grande torcedor, não está paga. Está para nós esta dívida. Está parcelada. Então, vamos saber a realidade das coisas. Bati no peito e falei: 'Responsabilidade é nossa'. E é mesmo".

O advogado Kris Brettas contestou Sérgio nas redes sociais. "Hoje a mídia noticiou que o presidente do Cruzeiro afirmou que: um grande Cruzeirense não pagou a Kroll pelo serviço de investigação contrato à época. Na verdade o grande Cruzeirense doou 50% do valor cobrado pela auditoria Moore, pedindo que fosse mantido o anonimato", disse.

"A verdade é outra; com relação a Kroll, foi conseguido um patrocínio pelo então Conselho Gestor para pagamento integral do valor cobrado. O Patrocinador (Kroll) é uma das maiores empresas de mídia social a nível mundial. Temos em mãos documentação comprobatória da verdade dita, que  atesta a desinformação, pois o entrevistado não se dignou a citar nome e nem o patrocínio. Portanto notícias desta natureza só contribuem para afastar os Grandes Cruzeirenses dispostos a ajudar nosso Clube", acrescentou Kris Brettas.

O Superesportes pediu uma posição ao Cruzeiro sobre as informações do ex-dirigente. Até a publicação desta reportagem o clube não enviou resposta.

Tags: cruzeiro sérgio dívida pagamento Gilvan Conselho Gestor