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Cruzeiro divulga balanço dos cinco primeiros meses de 2020 com receita líquida de R$ 54 milhões e dívida total de R$ 954,6 milhões

Clube publicou demonstrativo financeiro em seu portal da transparência

postado em 10/09/2020 18:18 / atualizado em 11/09/2020 14:02

(Foto: Leandro Couri/EM D.A Press)
O Cruzeiro divulgou nesta quinta-feira, em seu portal da transparência, o balanço dos cinco primeiros meses de 2020. O documento de 38 páginas assinado em 21 de agossto pelo presidente Sérgio Santos Rodrigues e pelo diretor de controladoria e finanças, Matheus Rocha, contém todas as movimentações financeiras do clube até 31 de maio.

Conforme o demonstrativo financeiro, a Raposa contabilizou, até o momento, receita bruta de R$ 55.568.000,00, sendo:

  • R$ 10.612.000,00 de venda de direitos econômicos;
  • R$ 16.388.000,00 de publicidades e transmissões de TV;
  • R$ 11.395.000,oo de patrocínios/royalties;
  • R$ 993.000 em bilheterias;
  • R$ 9.545.000,00 em programa de sócio;
  • R$ 1.632.000,00 de outras receitas;
  • R$ 4.902.000,00 de social e esportes amadores

Com dedução de R$ 1.226.000,00 de impostos, o faturamento líquido do Cruzeiro de janeiro a maio foi fechado em R$ 54.342.000,00 - quantia 60% inferior aos R$ 136.157.000,00 arrecadados no mesmo período de 2019.

A queda nos ganhos tem razões óbvias: o rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro, os efeitos econômicos da COVID-19 no futebol e a ausência de torcedores dos estádios de futebol como medida de prevenção à propagação do novo coronavírus.

“As receitas do Clube tiveram quedas expressivas no montante de R$ 82 milhões em relação ao ano anterior, sobretudo por conta dos direitos televisivos em função do descenso à Série B e também à queda expressiva das bilheteiras de jogos e clubes sociais devido à pandemia. Vale ressaltar que, em 2019, houve a venda expressiva do atleta Giorgian De Arrascaeta, no valor total de R$ 51 milhões”, diz trecho do documento.

Em 2019, o Cruzeiro havia embolsado de janeiro a maio R$ 32.825.000,00 em receita de TV e R$ 6.439.000,00 em comercialização de ingressos, além de R$ 70.710.000,00 em venda de direitos econômicos - impulsionados pela transferência de Arrascaeta para o Flamengo.

Se os recebíveis do Cruzeiro caíram 60%, o passivo só aumenta. No balanço, o clube informou que o déficit acumulado é de R$ 954.628.000,00. Ainda que seja aplicado o valor de patrimônio - R$ 208.534.000,00 -, a dívida ainda é impagável em curto prazo: R$ 746.095.000,00.

Passivo circulante do Cruzeiro (prazo até de um ano)

  • Fornecedores - R$ 59.963.000,00
  • Empréstimos e financiamentos - R$ 36.098.000,00
  • Obrigações trabalhistas - R$ 70.907.000,00
  • Obrigações sociais e fiscais - R$ 134.048.000,00
  • Obrigações sociais e fiscais parceladas - R$ 13.404.000,00
  • Contas a pagar - R$ 154.121.000,00
  • Outros credores - R$ 4.952.000,00

Passivo não circulante do Cruzeiro (prazo superior a um ano)

  • Empréstimos e financiamentos - R$ 100.861.000,00
  • Obrigações fiscais e sociais parceladas - R$ 142.746.000,00
  • Contas a pagar - R$ 71.182.000,00
  • Provisão para contingência - R$ 197.201.000,00

Déficit de R$ 259,7 milhões


Considerando apenas as transações de 2020, o Cruzeiro registrou prejuízo de R$ 259.780.000,00. Os principais efeitos, segundo o clube, foram:

  • R$ 103 milhões como provisões para contingências;
  • R$ 37 milhões como variação cambial negativa, por conta dos passivos em moeda estrangeira e a desvalorização do real no período;
  • R$ 23,5 milhões de custo líquido de liberação de atletas;
  • R$ 52 milhões de custo de indenizações a atletas liberados;
  • R$ 15 milhões Impairment de atletas (perda de direitos econômicos)

No item 17 do balanço, o Cruzeiro detalhou a provisão para contingências, que correspondem ao que a direção estima pagar em rescisões, ações cíveis, trabalhistas, tributárias e procedimentos na Câmara Nacional de Resoluções Desportivas da CBF.

No campo “perda provável”, houve um salto gigantesco de 31 de dezembro de 2019 até 31 de maio de 2020, passando de R$ 45.757.000,00 para R$ 197.201.000,00

A “bola de neve” é consequência da administração do ex-presidente Wagner Pires de Sá, que não cumpriu diversos contratos em relação a intermediação de jogadores e deixou de honrar obrigações trabalhistas.

“Em 2019 houve um aumento significativo de execuções cíveis, tendo em vista o inadimplemento do Cruzeiro em relação a diversos contratos entabulados e não cumpridos, principalmente em relação a intermediação de jogadores. Tais ações tramitam na Justiça Comum ou na CNRD. No tocante a esfera trabalhista, considerando as alterações da CLT, as demandas tiveram um acréscimo referente ao adicional de insalubridade, diminuindo consideravelmente as ações de horas extras, por exemplo, o que era comum no passado”.

Em “perda possível”, o Cruzeiro conseguiu a redução de R$ 35.783.000,00 para R$ 8.819.000,00, já que costurou acordos principalmente em processos da esfera cível.

Perda possível em 31/05/2020

Cível - R$ 6.437.000,00
CNRD - R$ 793.000,00
Trabalhista - R$ 1.589.000,00
Fifa e CAS - R$ 0,00

Perda provável em 31/05/2020

Cível - R$ 28.947.000,00
Trabalhista - R$ 90.473.000,00
Tributária - R$ 60.245.000,00
CNRD - R$ 17.536.000,00

Obrigações fiscais


O Cruzeiro também destrinchou o tamanho de suas obrigações fiscais até 31 de maio de 2020. À época, o clube detinha o benefício do parcelamento pelo Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut) em 240 meses graças a uma liminar obtida em 6 de abril.

Do total de R$ 156.150.000,00, R$ 140.384.000,00 estavam inseridos no Profut, além de R$ 5.396.000,00 na Timemania, R$ 1.648.000,00 em tributos municipais e R$ 8.722.000,00 junto à Receita Federal.

Como a liminar do Profut foi derrubada em 24 de julho, o Cruzeiro perdeu o parcelamento com descontos e hoje lida com débito superior a R$ 300 milhões somente à Fazenda Nacional.

A Raposa foi excluída do programa em fevereiro após atrasar quatro parcelas: junho, julho, agosto e setembro de 2019. O departamento jurídico celeste tenta a reversão da decisão com o argumento de que existe um crédito em favor da instituição com base na taxa Selic - atualmente em 2% ao ano, mas que esteve na casa de 14,25% em agosto de 2016.

“Como o Cruzeiro aplicou SELIC nas parcelas mensais até junho/2019, mesmo desobrigado
judicialmente, entende-se que acabou sendo gerado crédito dentro do programa especial. Por isso, o ato de exclusão da Receita Federal, datado de novembro de 2019, o Clube entende que deva ser anulado, por não realizar a realidade fática e econômica, estando atualmente o Clube em dia com suas parcelas do PROFUT”.

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