Sem vencer há cinco jogos no Cruzeiro, Enderson Moreira lida com fortes cobranças de uma torcida insatisfeita com a falta de evolução do time e o baixo aproveitamento na Série B do Campeonato Brasileiro - 47,61% (três vitórias, um empate e três derrotas). Nesta segunda-feira, às 20h, a Raposa tentará mudar essa história no confronto com o CRB, pela oitava rodada, no Mineirão. Se depender do presidente Sérgio Santos Rodrigues, Enderson terá tranquilidade para seguir no comando e cumprir a promessa de conduzir o clube à elite nacional. O dirigente entende que não é o momento ideal para se pensar em uma mudança na comissão técnica.
“Muita troca de técnico não tem relação direta com o sucesso”, disse Sérgio, ressaltando, na sequência, que o Cruzeiro teve quatro profissionais em 2019 - Mano Menezes, Rogério Ceni, Abel Braga e Adilson Batista - e nenhum deles encontrou uma saída para livrar o clube do rebaixamento à Série B (17º lugar no Brasileirão, com 36 pontos em 38 rodadas).
“Me lembro do ano passado, em que trocamos de técnico quatro vezes. Reclamavam daquele que foi bicampeão brasileiro (na verdade, da Copa do Brasil), tiraram ele. Trouxeram outro, tiraram ele porque teve problema com o elenco. Trouxeram outro, tiraram ele. Daí trouxeram, por fim, o quarto técnico, que tinha uma história muito bonita no Cruzeiro, tanto como jogador quanto como técnico em 2009, que é o Adilson Batista, que depois acabou mandado embora”, complementou o presidente.
No último domingo (30/8), um dia depois da derrota por 2 a 1 para o América, no Mineirão, Sérgio Rodrigues se reuniu em sua casa com Enderson Moreira e os diretores Deivid e Ricardo Drubscky para discutir o que poderia ser melhorado no Cruzeiro. Na segunda, na Toca da Raposa II, foi realizada uma conferência com todos os jogadores. A expectativa é conseguir resultados favoráveis nos próximos cinco jogos da Série B. Quatro serão no Mineirão, contra CRB, Vitória (sexta, 11, às 21h30), Avaí (sexta, 25, às 21h30) e Ponte Preta (quarta, 30, às 18h30). O compromisso longe de BH acontecerá em Maceió, diante do CSA, no dia 19 (sábado), às 21h
“Nossa posição foi essa de conversar e trabalhar bastante nesses três dias. Temos, nas próximas cinco partidas, quatro jogos em casa. Entendemos que essas rodadas são fundamentais para atingir o que a gente quer (...). A gente está acreditando na melhora do trabalho, mas o resultado só vamos ver dentro de campo. Aí não depende do torcedor e nem de mim, mas do que vai ocorrer lá dentro. Da nossa parte, estamos dando todo o suporte. Estamos cada dia mais próximos para contribuir, acreditar e ter certeza de que as coisas vão melhorar e a gente vai triunfar”.
Com campanha semelhante à do 10º colocado, Náutico, o Cruzeiro está na zona de rebaixamento da Série B, em 17º lugar, porque começou a disputa com seis pontos a menos devido a uma punição na Fifa. O clube não pagou 850 mil euros - cerca de R$ 5,3 milhões - ao Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos, pela contratação do volante Denílson, em julho de 2016. A sanção foi aplicada em 19 de maio, dois dias antes de Sérgio Rodrigues ser eleito presidente.
“Claro que não vamos nos escorar e dizer a questão dos seis pontos, que pagamos até antes da hora que a gente imaginava. A única questão que enfatizo quando isso acontece, é que a gente tem que entender que a campanha do Cruzeiro não é de quatro pontos. É uma campanha de dez pontos. Mas jamais justifico, isso aí temos de esquecer, precisamos batalhar com o que a gente tem. E eu acredito bastante por isso. Às vezes a gente vê a questão dos números, que eu acho fundamental para qualquer gestão de empresa, não só de time. Número é exato, ele não mente”, declarou o mandatário.
Se vencer o CRB nesta segunda-feira, o Cruzeiro subirá ao 14º lugar, levando vantagem sobre Guarani e Confiança no número de vitórias. Vale lembrar que os alagoanos foram algozes dos mineiros na terceira fase da Copa do Brasil: triunfo no Mineirão, em 11 de março, por 2 a 0, e empate no Rei Pelé, em 26 de agosto, por 1 a 1.
Se vencer o CRB nesta segunda-feira, o Cruzeiro subirá ao 14º lugar, levando vantagem sobre Guarani e Confiança no número de vitórias. Vale lembrar que os alagoanos foram algozes dos mineiros na terceira fase da Copa do Brasil: triunfo no Mineirão, em 11 de março, por 2 a 0, e empate no Rei Pelé, em 26 de agosto, por 1 a 1.
Inspiração em América e Atlético
Sérgio Rodrigues deixou a rivalidade de lado e afirmou que América e Atlético podem servir de inspiração para o Cruzeiro na Série B. Ele usou como exemplos a participação do Coelho na edição de 2019 e o título do alvinegro em 2006.
Em 2019, o América era penúltimo na Série B, com quatro pontos em nove rodadas (11,11%). A derrota acachapante para o Figueirense, por 4 a 0, no Independência, em 13 de julho, determinou a demissão do técnico Maurício Barbieri.
A diretoria do Coelho efetivou Felipe Conceição, que obteve aproveitamento espetacular de 64,36% nas 29 rodadas finais (16 vitórias, oito empates e cinco derrotas). Entretanto, a reabilitação histórica deu lugar à frustração no último duelo, em 30 de novembro, quando o time perdeu para o já rebaixado São Bento, por 2 a 1, no Horto, e terminou a Série B em quinto, com 61 pontos. O Atlético-GO ficou em quarto, com 62.
“No ano passado vimos o América, salvo engano, com sete pontos na 12ª rodada. Na sexta rodada, tinha dois pontos, com quatro derrotas e dois empates. Depois o time conseguiu se encaixar e só não se classificou por uma fatalidade ao perder para um time rebaixado”.
Sérgio citou ainda uma reportagem do Superesportes que apontava o início do Cruzeiro nas seis primeiras rodadas como o pior entre oito grandes clubes do Brasil que disputaram a segunda divisão. Ele lembrou que em 2006 o Atlético também teve dificuldades no início.
“Vi que uma reportagem quis dizer que o Cruzeiro tem a pior sexta ou sétima rodada dos grandes que já caíram, mas eu também citei o exemplo de 2006, quando outro time de Minas Gerais que esteve lá, o Atlético Mineiro, chegou na 12ª rodada também em 15º lugar (na verdade, era o 11º, com 15 pontos). No fim, acabou se sagrando campeão da Série B”.
Em 2006, o Atlético trocou de técnico na oitava rodada. Lori Sandri foi demitido após empate por 1 a 1 com o então lanterna da Série B, Vila Nova-GO. O time ocupava o quinto lugar, com 13 pontos. O substituto, Levir Culpi, demorou a colocar o alvinegro nos trilhos, mas quando o fez, caminhou até o título ao atingir 71 pontos, sete a mais que o vice-campeão, Sport.
O Cruzeiro, por sua vez, está a dez pontos do quarto colocado, Cuiabá. Com 31 jogos restantes, o time precisa de 64,5% de aproveitamento para alcançar 64 pontos, campanha considerada ideal para terminar no G4, segundo cálculos do Infobola (Tristão Garcia) e Probabilidades no Futebol (Departamento de Matemática da UFMG). Sérgio Rodrigues reiterou a confiança em “um fim de sucesso”.
“Quando falo de números, não estou dando desculpa e nem me apegando a coisas passadas. Eles são uns, nós somos outros. Mas acredito nessa competência, nesse trabalho, e acredito sim que vamos desenvolver para que o time melhor cada vez mais. Tenho convicção de não vai ficar para o fim. O começo pode não estar da forma como a gente quer, mas a gente caminha e acredita em um fim de sucesso”.