O Cruzeiro busca diálogo com seus credores para quitar dívidas de contratações e encerrar processos na Fifa. O superintendente jurídico Flávio Boson Gambogi destacou que a solução mais viável é conseguir o parcelamento dos valores que variam em função do câmbio do dólar e do euro.
“Sempre que temos o contato e, porventura, condições de negociar, estamos dialogando para buscar o acordo. Parece claro para todos que existe uma dificuldade de pagamento à vista desses vultosos valores. Talvez a negociação seja uma forma interessante de resolver esses problemas”.
Na gestão de Sérgio Santos Rodrigues, o Cruzeiro conseguiu fechar alguns acordos com credores. Ao Tigres, do México, o clube pagou mais de 90% da dívida estimada em US$ 3,3 milhões (R$ 17,5 milhões) pela contratação do atacante Rafael Sobis, em junho de 2016.
Pelo zagueiro Kunty Caicedo, o débito de 1,9 milhão de dólares (R$ 10,1 milhões) com o Independiente del Valle, do Equador, foi dividido em 18 vezes. Há também conversas em andamento para debitar R$ 600 mil envolvendo o centroavante Ramón Ábila, do Boca Juniors, que passou pela Toca entre junho de 2016 e agosto de 2017.
“Dialogamos por 30 ou 40 dias para acertar com Tigres, Del Valle e até mesmo o Alik, dono do crédito do Zorya, mas infelizmente tivemos esse revés. Também estamos dialogando por uma dívida do Ramón Ábila”, destacou Flávio Boson.
As situações resolvidas na data-limite foram as dos atacantes Pedro Rocha (R$ 2,5 milhões ao Spartak Moscou, da Rússia, em 6 de agosto) e Willian (R$ 3,5 milhões ao Zorya, da Ucrânia, em 28 de maio).
A diretoria prioriza os pagamentos na Fifa depois de o clube iniciar a Série B com seis pontos negativos por dívida de 850 mil euros (R$ 5,5 milhões) com o Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos, pela contratação do volante Denílson, em julho de 2016.
A diretoria prioriza os pagamentos na Fifa depois de o clube iniciar a Série B com seis pontos negativos por dívida de 850 mil euros (R$ 5,5 milhões) com o Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos, pela contratação do volante Denílson, em julho de 2016.
Casos pendentes
Entre os casos ainda à espera de uma solução está o de Riascos, adquirido em 2015 na gestão do ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares. O Cruzeiro deve US$ 1,145 milhão - cerca de R$ 6 milhões - ao mexicano Monarcas Morelia, que mudou o seu nome para Mazatlán FC.
Com o Defensor, do Uruguai, o passivo é de 1,151 milhão de euros (R$ 7,2 milhões) da contratação de Arrascaeta, efetuada há cinco anos, também na "Era Gilvan". Outro processo que tramita na Fifa é do técnico Paulo Bento e dos auxiliares Sérgio Costa, Ricardo Peres, Pedro Pereira e Vitor Silvestre, na casa de R$ 1 milhão.
“Ainda não conseguimos, mas estamos caminhando para abrir diálogo, em momento oportuno, com o Monarcas Morelia (Mazatlán FC), que tem um elevado valor a receber por conta da contratação do Riascos. Existe o processo do Defensor, que também abrimos o diálogo por intermédio do nosso diretor, Paulo Assis. Quando chegar ao momento adequado, haverá possibilidade de diálogo com o Paulo Bento e sua equipe técnica. Também é um processo que tramita na Fifa com valores devidos pelo Cruzeiro”, frisou Boson.
Rodriguinho
Na entrevista coletiva, Flávio Boson revelou que o Cruzeiro foi notificado pela Fifa da ação movida pelo Pyramids, do Egito, pela compra dos direitos econômicos do meia Rodriguinho, em janeiro de 2019. O clube pagou somente a primeira parcela, de US$ 1 milhão, da transação fechada em US$ 7 milhões.
“Acho que de valores grandes e que estão para vencer, nós teríamos esse aí. Tem também o Rodriguinho, do Pyramids. É um processo que acabou de começar, mas esse é mais para frente. É um problema que ainda pretendo resolver, caso continue no clube no ano que vem”, comentou o superintendente jurídico.
No acordo firmado na gestão do ex-presidente Wagner Pires de Sá, o Cruzeiro se comprometeu a pagar ao Pyramids por Rodriguinho em sete prestações:
- US$ 1 milhão em janeiro de 2019
- US$ 500 mil em novembro de 2019
- US$ 500 mil em fevereiro de 2020
- US$ 1 milhão em maio de 2020
- US$ 500 mil em agosto de 2020
- US$ 500 mil em novembro de 2020
- US$ 3 milhões em janeiro de 2022
Os valores vencidos, portanto, são de US$ 2,5 milhões - cerca de R$ 13,3 milhões. Como há multa de 10% por atraso de cada parcela, a pendência está na casa de US$ 2,75 milhões - R$ 14,6 milhões. Já a quantia total devida ao Pyramids - US$ 6 milhões - gira em torno de R$ 31,9 milhões na cotação atual.
A passagem de Rodriguinho pelo Cruzeiro foi prejudicada por problemas de lesão. O jogador ficou afastado dos gramados durante o segundo semestre de 2020 em decorrência de hérnia na região lombar. Na temporada, disputou 20 jogos e marcou oito gols.
Em 2020, o meia foi titular nas duas primeiras partidas na Raposa no estadual, mas como não aceitou a proposta de repactuação do salário de R$ 650 mil dentro do "teto" de R$ 150 mil, acabou liberado para assinar com o Bahia.
E o Zorya?
O Cruzeiro está proibido pela Fifa de registrar novos jogadores até que pague ao Zorya, da Ucrânia, 1.159.786,31 euros (cerca de R$ 7 milhões) pela contratação do atacante Willian, fechada em julho de 2014.
Nesta sexta-feira, foi a vez de o presidente Sérgio Santos Rodrigues se manifestar sobre a punição considerada injusta. O clube parcelaria a dívida em dez vezes de 100 mil euros (R$ 627 mil), mas os ucranianos, em uma suposta mudança de ideia, não reconheceram o acordo.
“Quando fomos fazer a homologação, eles têm uma briga interna lá - com a guerra na Ucrânia, o Zorya fechou e aí foi feita uma cessão de crédito para um outro clube. Fizemos um acordo com quem estava no processo, e uma terceira pessoa reclamou que esse acordo não deveria ser válido”, disse, em live no canal oficial da Raposa no YouTube.
À tarde, em sua conta no Twitter, Sérgio Rodrigues publicou uma carta assinada pelo ex-CEO do Zorya, Sergei Rafailov, confirmando que a empresa de intermediação Alik, sediada na Estônia, tem crédito a receber dos ucranianos. O documento foi anexado ao pedido de reconsideração da punição junto à Fifa.
Caso a entidade máxima do futebol demore a responder, o Cruzeiro recorrerá à Corte Arbitral do Esporte (CAS) para conseguir efeito suspensivo da punição. O objetivo do clube é provar a sua inocência na Fifa e recuperar o direito de registrar reforços.
“Da nossa parte, não tenho dúvidas de que agimos da melhor forma, correta, com lisura e de boa-fé. Esperamos resolver o quanto antes para resolver a contratação de jogadores que estão em Belo Horizonte prontos para serem integrados ao elenco”, encerrou Sérgio Rodrigues.
Se não obtiver sucesso no recurso perante a Fifa e no CAS, o Cruzeiro deve recorrer a um parceiro para obter o dinheiro e quitar o débito com o Zorya. A administração de Sérgio Rodrigues já pagou mais de R$ 30 milhões em dívidas na Fifa, mas ainda precisa lidar com um montante superior a R$ 42 milhões.
Se não obtiver sucesso no recurso perante a Fifa e no CAS, o Cruzeiro deve recorrer a um parceiro para obter o dinheiro e quitar o débito com o Zorya. A administração de Sérgio Rodrigues já pagou mais de R$ 30 milhões em dívidas na Fifa, mas ainda precisa lidar com um montante superior a R$ 42 milhões.