Com dívida total de mais de R$ 800 milhões e sucessivos pedidos de bloqueio de ativos e bens por parte da Fazenda Nacional, o Cruzeiro mudou completamente sua atuação no mercado da bola. Se em anos anteriores os torcedores se dirigiam ao aeroporto para carregar nos braços um jogador de renome nacional ou internacional, as movimentações recentes em 2020 têm sido em cima de jovens promissores. São os casos do meia Claudinho e do atacante Airton.
Claudinho foi oficializado reforço do Cruzeiro em 10 de julho. Ele assinou contrato de cinco anos e teve 70% dos direitos econômicos adquiridos com ajuda de um parceiro. Até o momento, o jovem de 19 anos, destaque da Ferroviária no Campeonato Paulista, participou de sete partidas pela Raposa, ainda sem repetir o desempenho alcançado no ex-clube. Já Airton, revelado na base do Palmeiras, estava na Inter de Limeira, também de São Paulo. O clube mineiro fechou vínculo até dezembro de 2023, garantindo participação em 60% nos direitos do apoiador de 21 anos.
Ao longo da temporada, a diretoria cruzeirense também incorporou ao grupo jogadores mais conhecidos, como os laterais-direitos Daniel Guedes (Santos) e Raúl Cáceres (Cerro Porteño-PAR), o lateral-esquerdo Giovanni (Bahia), o meia Régis (Bahia) e o atacante Arthur Caíke (Al-Shabab, da Arábia Saudita). Todos eles dentro de um teto salarial estipulado em R$ 150 mil, segundo informado pelo conselho gestor que conduziu o departamento de futebol no primeiro semestre e ratificado pelo presidente Sérgio Santos Rodrigues.
Depois da partida contra o Confiança, em Sergipe, pela quinta rodada da Série B (empate por 1 a 1), o técnico Enderson Moreira frisou que o Cruzeiro não tem condições de fazer investimentos vultosos. Ele enalteceu o trabalho de Sérgio Rodrigues e dos diretores André Argolo, Deivid e Ricardo Drubscky no mapeamento de promessas, e prometeu trabalhar para fazer o projeto funcionar com o retorno à primeira divisão do Campeonato Brasileiro.
“A partir do momento em que cheguei aqui, o presidente, o grupo gestor, todo mundo está pagando dívida. Nós não somos os grandes responsáveis pelas dificuldades que estamos passando hoje em termos de contratação. Não posso ir ao mercado hoje e dizer: ‘quero fulano, sicrano e beltrano’. Não é assim”, disse Enderson.
“A gente faz uma engrenagem, o presidente e os nossos diretores fazem uma ginástica enorme para poder tentar buscar um atleta e fazer algumas apostas. Eu sei muito bem, porque quando saí do Ceará e vim para cá, sabia exatamente daquilo que a gente ia enfrentar. Não está nada diferente daquilo que pensei e imaginei. É difícil, mas vamos chegar, por mais que as pessoas às vezes torçam contrariamente a isso. A gente vai chegar”, complementou o treinador.
Em discurso semelhante, Deivid destacou, em entrevista ao Superesportes, a criatividade do Cruzeiro na procura por atletas. “A gente vai no mercado trazer jogadores com potencial que possamos vender depois. Sabemos do momento que vive o Cruzeiro e estamos nos reinventando. Não temos dinheiro e nem podemos fazer besteira. Precisamos contratar jogadores dentro da nossa realidade. Estamos subindo os meninos com qualidade da base, pois são jogadores que vão nos tirar dessa situação. É ter paciência. Pelo fato de ter essa idade de 19 anos, vão oscilar muito”.
Para defender a necessidade de valorizar pratas da casa e contratações de baixo custo com potencial de retorno financeiro, o diretor técnico lembrou o período como camisa 9 da Raposa, em 2003, quando conquistou a Tríplice Coroa: Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. Daquela geração vitoriosa, a diretoria negociou vários atletas, casos de Gomes (PSV Eindhoven, da Holanda), Maicon (Monaco, da França) e Luisão (Benfica, de Portugal). O próprio Deivid, embora pertencesse ao Nova Iguaçu, do Rio de Janeiro, rendeu mais de 1 milhão de dólares (R$ 3,7 milhões) ao Cruzeiro com a ida para o Bordeaux, da França.
“O Cruzeiro tem de voltar às suas origens e à sua cultura. E qual é? Paga pouco, mas em dia, e coloca meninos para jogar. Se pegar a história do clube, é propor o jogo, jogar na frente, revelar jogadores. O Cruzeiro, dos anos de 1990 até 2002 ou 2003, era o clube que mais vendia jogador. E vendia bem. Na minha geração, do time campeão em 2003, tinha Gomes, Maicon, Luisão, Recife, Wendel, Irineu, Gladstone, Marcinho, Jardel… todos vieram da base. Aí trouxe Edu Dracena, do Guarani; Maurinho, do Santos; eu vim do Corinthians; Maldonado do São Paulo; Aristizábal, do Vitória; Cris voltou do Bayer Leverkusen. Daí fez uma mescla”, concluiu Deivid.
O Cruzeiro “em construção” de 2020 lida com grandes dificuldades em campo. No Campeonato Mineiro, o time foi eliminado na primeira fase ao ficar em quinto lugar, com 19 pontos (cinco vitórias, quatro empates e duas derrotas). Na Copa do Brasil, perdeu o jogo de ida da terceira fase para o CRB, por 2 a 0, no Mineirão, e precisa vencer nesta quarta-feira, às 16h, em Maceió, por pelo menos três gols de diferença para avançar sem depender de disputa por pênaltis. Na Série B, iniciou com seis pontos negativos devido a uma punição na Fifa e contabilizou, nas cinco primeiras rodadas, três vitórias, um empate e uma derrota. A Raposa ocupa a 11ª posição, com quatro pontos - um a mais que o 17º, Brasil de Pelotas (tem um jogo a menos), e a cinco do 4º colocado, Operário.
O Cruzeiro “em construção” de 2020 lida com grandes dificuldades em campo. No Campeonato Mineiro, o time foi eliminado na primeira fase ao ficar em quinto lugar, com 19 pontos (cinco vitórias, quatro empates e duas derrotas). Na Copa do Brasil, perdeu o jogo de ida da terceira fase para o CRB, por 2 a 0, no Mineirão, e precisa vencer nesta quarta-feira, às 16h, em Maceió, por pelo menos três gols de diferença para avançar sem depender de disputa por pênaltis. Na Série B, iniciou com seis pontos negativos devido a uma punição na Fifa e contabilizou, nas cinco primeiras rodadas, três vitórias, um empate e uma derrota. A Raposa ocupa a 11ª posição, com quatro pontos - um a mais que o 17º, Brasil de Pelotas (tem um jogo a menos), e a cinco do 4º colocado, Operário.