Marcelo Moreno amarga escassez de gols no Cruzeiro; Deivid analisa momento de atacante

Ao abrir mão de um contrato milionário no futebol chinês, Marcelo Moreno estabeleceu objetivos importantes em sua volta ao Cruzeiro, em fevereiro de 2020: repetir o sucesso de suas duas passagens anteriores pelo clube, recuperar a condição de maior artilheiro estrangeiro e ajudar no processo de reconstrução com o retorno à Série A do Brasileiro. O boliviano, contudo, vem enfrentando dificuldades para mostrar qualidade nas finalizações. Em dez jogos, marcou apenas um gol, em cobrança de pênalti, na vitória por 3 a 2 sobre o Guarani, em 11 de agosto, pela segunda rodada da Série B. Nas demais partidas, recebeu poucas bolas em condições claras e “brigou” sozinho com defensores adversários.

Por causa de um corte na cabeça sofrido na derrota para a Chapecoense (1 a 0), quinta-feira, no Mineirão, Moreno não enfrentará o Confiança neste domingo, às 18h, no estádio Batistão, em Aracaju-SE, pela quinta rodada da Série B. Ele deverá se juntar à delegação na partida contra o CRB, às 16h da próxima quarta, no Rei Pelé, em Maceió, pelo jogo de volta da terceira fase da Copa do Brasil. Derrotado por 2 a 0 na ida, em 11 de março, no Mineirão, o Cruzeiro precisa vencer por três ou mais gols de vantagem para se classificar sem depender de disputa por pênaltis.

Um dos profissionais do estafe do clube com mais propriedade para avaliar a fase de Marcelo Moreno é o diretor técnico Deivid, centroavante com 241 gols em 15 anos como atleta profissional (1999 a 2014), segundo dados coletados pelo site Futebol 80. Em entrevista ao Superesportes, o dirigente comparou a experiência no Flamengo ao cenário atual vivido pelo camisa 9 da Raposa. 

“O Moreno vai ter a mesma dificuldade que eu tive no Flamengo. Torcedores e imprensa vão querer o Moreno que chegou aqui com 18 anos (em 2007). A imagem que o torcedor tem do Moreno é da mesma forma como ele saiu, fazendo gols, sendo campeão brasileiro”.

Deivid foi contratado pelo Flamengo em agosto de 2010 após deixar o Fenerbahçe, da Turquia. Sua missão era suprir as saídas de Adriano, para a Roma-ITA, e Vagner Love, ao CSKA Moscou-RUS. No Brasileirão, o camisa 9 marcou apenas 4 gols em 17 jogos em meio à má campanha do rubro-negro - 14º colocado, com 44 pontos.

Em 2011, ele melhorou significativamente os números: 54 partidas e 21 gols - 15 na Série A (33 jogos), cinco no estadual (15 jogos) e um na Copa do Brasil (três jogos). Na temporada seguinte, voltou a ficar em baixa ao contabilizar seis tentos em 28 presenças e rescindiu com o clube em setembro de 2012.

“Todo jogador que vem de fora leva um tempo para se reencontrar no Brasil. Eu demorei de seis meses a um ano para jogar bem no Flamengo. O futebol brasileiro é muito diferente do futebol europeu. Lá você treina, e joga uma vez por semana. Quando tem a Champions League é que joga no meio da semana. É muito complicado”, explicou Deivid.

O diretor afirmou que tem mantido conversas frequentes com Marcelo Moreno para passar tranquilidade e confiança. Ele crê na retomada de gols do atacante tão logo o time aprimorar o entrosamento sob o comando do técnico Enderson Moreira.

“O Moreno ainda tem uma coisa ‘contra ele’ que pegou um time em construção. Mas ele, como jogador vitorioso e acostumado a fazer gols que é, acaba se cobrando muito. Digo a ele que é preciso ter paciência, que estão chegando jogadores que ainda não entendem a forma como ele gosta de se movimentar e receber a bola. É natural essa dificuldade”.

Se no Flamengo conviveu com altos e baixos, Deivid obteve no Cruzeiro a melhor média da carreira (0,75) e foi peça importante na conquista da Tríplice Coroa, em 2003, apesar de ter ficado apenas seis meses no clube (janeiro a julho). Em 37 partidas, o ex-camisa 9 marcou 28 gols - 6 no Mineiro (7 jogos), 7 na Copa do Brasil (11 jogos) e 15 no Brasileiro (19 jogos). Como comparação, seu parceiro de ataque, Aristizábal, também fez 28 gols naquele ano, mas em 53 jogos.

Da mesma forma que Deivid, Marcelo Moreno alcançou bons índices em suas duas passagens anteriores pelo Cruzeiro. De 2007 a 2008, disputou 36 jogos, marcou 21 gols e se sagrou campeão estadual (2008). Já em 2014, balançou a rede 24 vezes em 57 partidas, celebrando os troféus do Campeonato Mineiro e do Campeonato Brasileiro.