Contratado em agosto de 2015 após sair do Vélez Sarsfield, Ariel Cabral convive há cinco anos com opiniões mistas no Cruzeiro. Se por um lado divide opiniões negativas e positivas de torcedores e comentaristas esportivos, por outro obteve respaldo de todos os técnicos que o comandaram no clube. Enderson Moreira foi mais um a enaltecer as características do argentino de 32 anos, considerado por ele um meio-campista de qualidade no passe, boa leitura de jogo e com capacidade para se antecipar às ações de ataque dos adversários.
“É um jogador de extrema qualidade, que erra muito pouco e dá uma sequência de passes absurda. Se vocês estivessem in loco para observar o tanto que esse jogador dá estabilidade à equipe e o quão consegue criar um desequilíbrio com passe e roubada de bola (...)”, afirmou, depois da vitória dessa terça-feira sobre o Guarani, por 3 a 2, em Campinas, pela segunda rodada da Série B.
Na sequência da análise, Enderson se mostrou ciente de que Cabral ainda é alvo de questionamentos de muitos cruzeirenses. Por isso, pediu à torcida para abrir o coração em relação ao camisa 5, ressaltando que a temporada 2019, na qual a equipe foi rebaixada à Série B, não deve ser levada em conta nas observações de momento, pois o conjunto como um todo não funcionou naquela ocasião.
“Queria, neste momento, colocar para o nosso torcedor que possa ter alguma restrição contra A, B, C ou D (...) que abrisse um pouco mais o coração. O ano passado não serve de referência para ninguém, pois era um time muito qualificado, mas que não rendeu aquilo que todos os torcedores esperavam e culminou com uma situação muito desagradável para todos, em um momento ruim. Queria que observassem os atletas a partir de agora, a entrega deles, a dedicação (...)”.
No entendimento de Enderson Moreira, Ariel é um volante organizador e de grande facilidade para cumprir determinações táticas. “Talvez não apareça tanto nas roubadas de bola porque tem uma capacidade enorme de interceptar um passe, de encurtar, de não ter que usar a força física para poder ganhar uma bola. Faz isso com inteligência, capacidade tática e entendimento”.
Ariel Cabral foi titular em quatro jogos sob o comando de Enderson no Cruzeiro. Ele só não enfrentou o Patrocinense, no Mineirão, pela semifinal do Troféu Inconfidência, porque o treinador poupou vários atletas na vitória por 3 a 0. Quando Leo precisou ser afastado devido ao teste positivo para a COVID-19, o volante ganhou a braçadeira de capitão, carregando-a nos duelos ante URT (3 a 0) e Caldense (1 a 0), na primeira fase do Campeonato Mineiro.
Nessa terça, Cabral jogou 90 minutos diante do Guarani e se mostrou importante para fazer o time “respirar” nos momentos de pressão do adversário, que teve mais volume ao registrar 67% de posse de bola, segundo o SofaScore. O volante terminou a partida como recordista em passes certos no Cruzeiro (29), seguido por Maurício (27), Raúl Cáceres (25) e Giovanni (25).
Contra o Botafogo-SP, foi de Ariel a roubada de bola no meio-campo que originou o segundo gol celeste, marcado por Jean, aos 42min da etapa final, após assistência de Welinton. O detalhe é que o adversário havia empatado o jogo dois minutos antes, em finalização de Wellington Tanque. Ou seja, o time demonstrou frieza para buscar a vitória por 2 a 1 mesmo sofrendo um duro golpe no fim do confronto.
No último dia 8 (sábado), o Cruzeiro anunciou a renovação de contrato de Ariel Cabral até 31 de dezembro de 2021. O vínculo anterior se encerraria no fim de 2020. Com 181 jogos e quatro gols, o meio-campista deverá se tornar, em breve, o estrangeiro com mais partidas pelo clube. Ele precisa entrar em campo oito vezes para superar o uruguaio Arrascaeta (188). Na Raposa, Cabral ganhou duas edições da Copa do Brasil, em 2017 e 2018, e duas do Mineiro, em 2018 e 2019.
No próximo domingo, às 16h, o Cruzeiro enfrentará o Figueirense, pela terceira rodada da Série B, e poderá ter novamente a trinca de volantes formada por Jean, Jadsom e Ariel Cabral. O objetivo da Raposa é conquistar a terceira vitória para sair da zona de rebaixamento, já que iniciou a competição com seis pontos negativos devido a uma punição da Fifa pelo não pagamento de 850 mil euros (R$ 5,4 milhões) da contratação do volante Denílson, em julho de 2016, ao Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos.