Ex-vice-presidente de futebol do Cruzeiro, entre 2018 e 2019, Itair Machado deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nesta sexta-feira e se recupera bem da COVID-19 e de uma crise diabética. O ex-dirigente celeste foi internado na terça-feira à noite, no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, com infecção gerada pelo novo coronavírus e ainda um quadro de cetoacidose diabética.
De acordo com o site do Dr. Drauzio Varella, vinculado ao portal Uol, a cetoacidose diabética é uma complicação aguda grave, potencialmente mortal, uma vez que a doença gera condições desfavoráveis para a realização de processos químicos pelo organismo.
“Quando há falta de insulina e o corpo não consegue usar a glicose como fonte de energia, as células utilizam outras vias para manter seu funcionamento. Uma das alternativas encontradas é utilizar os estoques de gordura para obter a energia que lhes falta. Entretanto, o resultado final desse processo leva ao acúmulo dos chamados corpos cetônicos, substâncias que deixam o sangue ácido, ou seja, com o pH mais baixo do que o normal. Essa acidez é extremamente desfavorável para o organismo, porque a maioria das reações químicas que acontecem a cada segundo em nossas células depende de uma faixa muito estreita de pH. Isso significa que o grau de acidez não pode variar muito”, explica o portal do médico.
Itair Machado foi transferido para um quarto e está com quadro de saúde estável. Ele ainda faz controle glicêmico e utiliza um catéter nasal com oxigênio. Apenas na quinta-feira o ex-dirigente teve febre.
Cruzeiro
Itair Machado deixou a vice-presidência do Cruzeiro em outubro de 2019, durante crise política, administrativa e financeira vivida pelo clube. Ele era o homem forte do futebol na gestão do ex-presidente Wagner Pires de Sá, que renunciou ao cargo após o rebaixamento do clube à Série B.
Wagner Pires de Sá, Itair Machado, o ex-diretor-geral Sérgio Nonato e o ex-diretor jurídico Fabiano de Oliveira Costa são investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Minas Gerais pelos supostos crimes de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos/falsidade ideológica, apropriação indébita e organização criminosa.
De acordo com o Ministério Público e a Polícia Civil, “o marco das investigações é a gestão iniciada em outubro de 2017”. Logo, a administração do ex-presidente Wagner Pires está sendo objeto de análise.
A maior conquista do Cruzeiro na gestão de Wagner foi a Copa do Brasil de 2018. O time celeste também ganhou duas edições do Campeonato Mineiro batendo o Atlético na decisão.
Legado de dívidas
Em maio deste ano, o Cruzeiro entregou um relatório com mais de 600 páginas ao Ministério Público. Trata-se de todo o trabalho desenvolvido pela Kroll, especializada em gestão de risco, investigações corporativas, compliance e cibersegurança. A empresa citou uma série de irregularidades, entre as quais os pagamentos de comissões polpudas a intermediários não cadastrados na CBF.
No último ano da gestão de Wagner Pires de Sá, o Cruzeiro apresentou um déficit recorde de R$ 394.100.974 em 12 meses, conforme levantamento realizado pela Moore Stephens Consulting News Auditores Independentes. Segundo os auditores, há 'incerteza significativa' quanto à 'capacidade de continuidade operacional do clube' celeste.
A dívida total no balanço de 2019 gira em torno de R$ 800 milhões. No fim da administração de Gilvan de Pinho Tavares, em dezembro de 2017, o passivo do Cruzeiro era de aproximadamente R$ 386 milhões.