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Dirigente do Cruzeiro diz que não desistiu de Angulo; responsável pela negociação explica contrato

Sérgio Santos Rodrigues disse que tem conversado com o empresário e com o próprio atleta sobre a possibilidade de permanência no clube celeste

postado em 23/07/2020 10:30 / atualizado em 23/07/2020 14:31

(Foto: Bruno Haddad / Cruzeiro)

Sem vestir a camisa do Cruzeiro uma vez sequer em um jogo oficial, o atacante Iván Angulo deve deixar o clube. O Palmeiras solicitou à diretoria estrelada o retorno do atleta, conforme prevê o contrato. Apesar disso, o presidente Sérgio Santos Rodrigues revelou em entrevista ao jornalista Jaeci Carvalho, do Estado de Minas, que fará o possível para a permanência do colombiano.

"Infelizmente, um contrato que não foi feito por nós. Esse contrato prevê que o Palmeiras, pedindo, o atleta teria que voltar. Realmente, nós não temos como discutir um contrato que foi assinado, legitimamente por quem tinha poder para isso à época. Resta a nós cumprir. É claro que nós não desistimos, falamos que vamos devolver, mas temos conversado com o atleta, com o empresário, fazer o possível para ele ficar aqui", explicou.

"Angulo é muito querido no grupo, o Enderson (Moreira) gosta muito dele, é um jogador de qualidade, tanto que o Vanderlei o quer lá no Palmeiras. Vamos tentar até o fim, mas, não sendo possível, vamos ter que cedê-lo para fazer cumprir o contrato. Foge às nossas mãos. Não é culpa minha, não é culpa do Deivid, não é culpa do Drubscky. Não é culpa da nossa direção técnica aqui agora", acrescentou.

Apesar da posição do presidente, o Cruzeiro oficializou nessa quarta-feira a devolução do atacante Angulo ao Palmeiras. O time alviverde, que detém os direitos econômicos do colombiano, havia solicitado seu retorno na manhã dessa quarta. 

Em nota, o Cruzeiro confirmou que o contrato de empréstimo assinado pelo Conselho Gestor, que administrou a Raposa entre dezembro de 2019 e maio de 2020, autorizava o time paulista a fazer esse pedido, gratuitamente, a qualquer momento. 

O Palmeiras, que pagou cerca de R$ 11,6 milhões ao Envigado, em junho de 2019, para comprar 70% dos direitos econômicos de Angulo, solicitou o retorno após emprestar Dudu para Al Duhail, do Catar. Além disso, o clube viu o jovem Gabriel Veron se lesionar e ainda um problema na Justiça envolvendo Rony. Todos atuam na mesma posição.
 

Contrato


O Cruzeiro anunciou a contratação do jogador em 16 de março. As negociações foram conduzidas por Carlos Ferreira, o então interlocutor do Conselho Gestor com o departamento de futebol.

Carlos enviou uma nota ao Superesportes, na qual defende o Conselho Gestor e o contrato feito por ele com o Palmeiras. O ex-dirigente ainda critica os detratores do grupo.

"Ficar atrás de um smartphone ou de um computador promovendo uma execução sumária de um grupo que dedicou 24 horas por dia ao Cruzeiro, sem remuneração, tão somente por puro amor ao clube, sem nenhuma vaidade, é no mínimo uma tremenda covardia", disse.

De acordo com Carlos, o Cruzeiro pagou R$ 100 mil ao empresário André Cury em comissão pela contratação de Angulo e custeou 30% dos salários. Cury queria o dobro, mas o Conselho Gestor não aceitou pagar o que foi pedido.

Carlos ainda disse que tentou excluir a cláusula contratual que dá o direito ao time paulista de pedir o retorno do atleta sem pagar multa rescisória, mas não obteve êxito. "Vale lembrar que este tipo de cláusula é comum nos contratos de empréstimos firmados sem ônus ao clube contratante. Isso é regra no futebol brasileiro", frisou Carlos.

Confira a nota de Carlos Ferreira 


"Iniciamos as negociações entre Palmeiras e Cruzeiro em fevereiro. Já estava praticamente acertado, porém seu agente exigia uma comissão de R$ 200 mil, valor este que vetei na ocasião. O negócio esfriou.
 
Posteriormente, fizemos uma contraproposta de R$ 100 mil e ficamos à espera de um posicionamento do agente.
 
Mais adiante, após pressão de todos os lados, ele aceitou nossa proposta.
 
No contrato entre Cruzeiro e Palmeiras rezava o seguinte:
 
O Cruzeiro não pagaria nada ao Palmeiras pelo empréstimo e ainda pagaria apenas 30% do salário do jogador, que seriam os direitos de imagem. Desta forma, sem acréscimo de encargos trabalhistas.
 
Na ocasião desta contratação, não tínhamos a mínima ideia dos efeitos desta pandemia. Naquele momento, o cenário era de incertezas. 
 
Jamais iríamos imaginar que o Palmeiras iria se desfazer do Dudu, que o Rony seria punido pela Fifa e que o Gabriel Veron iria se lesionar.
 
Seria ilusão nossa achar que o Palmeiras iria emprestar o jogador sem custos, pagando 70% dos salários, arcando com todos encargos trabalhistas e ainda pagar por uma rescisão contratual.
 
Será que diante dessas inúmeras vantagens cedidas ao Cruzeiro, oriundas de uma parceria de irmãos, consolidada ao longo de décadas, ainda iria aceitar a exclusão desta cláusula?
 
Inúmeras tentativas desta exclusão foram propostas, porém recusadas. Vale lembrar que este tipo de cláusula é comum nos contratos de empréstimos firmados sem ônus ao clube contratante. Isso é regra no futebol brasileiro.
 
Entretanto, era melhor, naquela ocasião e diante de nossas limitações financeiras, aceitar essa condição. 
 
Era uma aposta de um jogador de grande qualidade, que tinha um percentual muito elevado de êxito.
 
Ou seja, caso não ocorressem esses fatos improváveis no Palmeiras, certamente ele iria ficar e o custo benefício seria vantajoso para o Cruzeiro.

Ficar atrás de um smartphone ou de um computador promovendo uma execução sumária de um grupo  que dedicou 24 horas ao Cruzeiro, sem remuneração, tão somente por puro amor ao clube, sem nenhuma vaidade, é no mínimo uma tremenda covardia".

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