Cruzeiro ganhou o terceiro título da Copa do Brasil em 2000 (Foto: Paulo Filgueiras/EM D.A Press)
Há exatos 20 anos, o Cruzeiro enchia seu torcedor de orgulho ao conquistar o tricampeonato da Copa do Brasil em uma decisão dramática contra o São Paulo. Na noite de domingo, 9 de julho de 2000, o time celeste venceu de virada, por 2 a 1, diante de mais de 85 mil pessoas no Mineirão, em Belo Horizonte. A partida de ida, disputada quatro dias antes, terminou empatada por 0 a 0, no estádio do Morumbi, na capital paulista.
Para muitos cruzeirenses, o tri da Copa do Brasil é considerado o título mais emocionante da história do clube. Afinal, o São Paulo havia inaugurado o marcador aos 20 minutos do segundo tempo, em uma cobrança de falta de Marcelinho Paraíba, e seria campeão mesmo se empatasse, já que o gol fora de casa era considerado critério de desempate.
O Cruzeiro contou com a força do banco de reservas para empatar o jogo. Müller, que entrou no lugar de Jackson, estava de costas para a defesa do São Paulo quando recebeu passe rasteiro de Ricardinho. Inteligentemente, o veterano de 34 anos percebeu a infiltração de Fábio Júnior na diagonal e conseguiu dar a assistência. O camisa 18 bateu cruzado no canto direito de Rogério Ceni e deixou tudo igual aps 34 minutos.
Na tentativa de segurar o empate que lhe garantia o título, o São Paulo trocava passes sem se preocupar com o relógio. Aos 42 minutos, o volante Axel, que tinha acabado de substituir Alexandre, foi pressionado por Ricardinho no meio-campo. Na tentativa de recuar a bola para Rogério Pinheiro, forçou demais o toque e viu o cruzeirense Geovanni ganhar na corrida. Sem alternativas, o zagueiro agarrou o atacante pela camisa e cometeu a falta na meia-lua.
O árbitro Carlos Eugênio Simon expulsou Rogério Pinheiro corretamente, conforme analisado à época pelo comentarista José Roberto Wright, da TV Globo. E Geovanni chamou a responsabilidade na cobrança de falta. Aconselhado por Müller, chutou forte em direção à barreira e teve uma ajuda do volante Donizete Oliveira, que deu um tranco em Maldonado e causou “efeito dominó” nos demais atletas são-paulinos que protegiam a meta. Incrédulo por ter tomado o gol, Rogério Ceni se ajoelhou sobre o gramado e levou as mãos à cabeça. E o Mineirão foi à loucura com a virada celeste.
Geovanni ajeita a bola para a cobrança da falta que deu título ao Cruzeiro (Foto: Paulo Filgueiras/EM D.A Press)
Teve mais emoção. Aos 45 minutos, o São Paulo deu seu último ataque perigoso. Da linha de fundo, Fábio Aurélio cruzou de pé esquerdo, e Marcelinho Paraíba cabeceou sozinho. André, que havia falhado no gol tricolor, redimiu-se com uma bela defesa à queima-roupa. Na sequência, o zagueiro Cléber tirou a bola quase em cima da linha e salvou o Cruzeiro.
Os lances descritos acima são os mais rememorados da decisão. Mas o primeiro tempo, que terminou em 0 a 0, também teve jogadas interessantes. Aos 37 minutos, o camisa 10 Jackson mandou uma bola na trave, cara a cara com Ceni, e Ricardinho errou o alvo ao pegar o rebote dentro da pequena área. Antes, o goleiro do São Paulo fez uma defesa esquisita, aos 33, num chute despretensioso de Donizete Oliveira.
No Cruzeiro, o jovem Geovanni, à época com 20 anos, chamava atenção por sua velocidade e agilidade, enquanto Ricardinho coordenava todo o meio-campo com bons passes e chegadas ao ataque. No São Paulo, o lateral-esquerdo Fábio Aurélio demonstrava qualidade nas subidas à linha de fundo, ao passo que os já renomados Raí e França foram discretos naquela final.
Ao longo da competição, a Raposa disputou 13 jogos, com oito vitórias e cinco empates, e teve Oséas como artilheiro, com 10 gols. Antes de medir forças com o São Paulo, o time treinado por Marco Aurélio eliminou Gama, Paraná, Caxias, Athletico Paranaense, Botafogo e Santos. A edição de 2000 da Copa do Brasil contou com a participação de 69 clubes, incluindo os representantes do país na Libertadores, que entraram nas oitavas de final.
Tanto a geração mais jovem de cruzeirenses quanto os nostálgicos mataram a saudade ao acompanhar a reprise da final da Copa do Brasil de 2000 na TV Globo, no dia 7 de junho, na transmissão original de Cléber Machado. No domingo, 13 de julho, às 16h, será a vez de a Band reexibir o duelo na narração do saudoso Luciano do Valle, que morreu em 2014, aos 66 anos, vítima de infarto.
CRUZEIRO 2X1 SÃO PAULO
Motivo: final da Copa do Brasil
Data: 09/07/2000
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (RS)
Gols: Marcelinho Paraíba aos 20min, Fábio Júnior, aos 34, e Geovanni, aos 44 do segundo tempo
Cartão vermelho: Rogério Pinheiro (São Paulo)
Cruzeiro: André, Rodrigo (Fábio Júnior), Cris, Cléber e Sorín (Viveros); Donizete, Marcos Paulo, Ricardinho e Jackson (Müller); Geovanni e Oséas.
Técnico: Marco Aurélio
São Paulo: Rogério Ceni, Belletti, Edmílson, Rogério Pinheiro e Fábio Aurélio; Alexandre (Axel), Maldonado, Marcelinho Paraíba e Raí; França (Carlos Miguel) e Edu (Fabiano).