O Cruzeiro lançará na próxima semana a campanha “Operação Fifa”, com o objetivo de arrecadar dinheiro para tentar quitar dívidas de contratações na entidade máxima do futebol. Em transmissão nesta quinta-feira no canal oficial do clube no YouTube, o presidente Sérgio Santos Rodrigues explicou que a iniciativa contará com o apoio de torcedores. Será criada uma plataforma virtual na qual os cruzeirenses poderão colaborar com qualquer valor.
“Olhando para o futebol, a gente quer atender a uma demanda que é super corrente nas redes sociais, nas entrevistas que eu dou e até em abordagens. Vai aqui o meu abraço para a conselheira Sueli, que me falou: ‘Sérgio, a gente precisa ajudar o Cruzeiro, a gente quer ajudar o Cruzeiro. Como a gente faz para doar e ajudar o Cruzeiro? Sabemos dos momentos de adversidade e dos problemas que o Cruzeiro está tendo na Fifa (...)’. Na semana que vem, vamos lançar a ‘Operação Fifa, plataforma em que qualquer pessoa se quiser ajudar com 1 real, 10 milhões de reais, vai poder fazer essa doação”, disse Sérgio.
“A gente percebeu que há uma vontade do torcedor. Como a vontade existe de fazer doações para o Cruzeiro, vamos lançar essa plataforma na semana que vem 100% auditada. Todas as explicações serão dadas no decorrer da semana ao torcedor, para que ele tenha a certeza que tudo que entrar ali vai ser para pagar dívidas da Fifa, que são do Cruzeiro”, complementou.
Em entrevista ao Superesportes/Estado de Minas, Sérgio Rodrigues deixou claro que as duas metas principais no início de sua gestão no Cruzeiro são pagar as dívidas na Fifa e manter os salários de jogadores e funcionários em dia. Para honrar os compromissos, o clube cogita negociar ativos importantes, sobretudo jovens formados nas categorias de base.
Uma dívida de 850 mil euros (R$ 5 milhões) com o Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos, gerou prejuízo irreparável para o Cruzeiro no âmbito esportivo. A Fifa determinou que o clube começasse a Série B com seis pontos negativos em razão do não pagamento da contratação por empréstimo do volante Denílson, em julho de 2016.
Na terça-feira, o Cruzeiro informou ter recebido mais duas ordens de quitação: uma de US$ 2.286.840,00 (R$ 11.968.405,82), pela compra de Rafael Sobis ao Tigres do México, e outra de 395.619 euros (R$ 2.335.814,08), no empréstimo de Pedro Rocha junto ao Spartak Moscou, da Rússia. Somados em moeda nacional, os valores correspondem a R$ 14,3 milhões.
O Cruzeiro tem até 15 de julho para saldar a dívida por Sobis. O prazo da pendência por Pedro Rocha é 6 de agosto. Diferentemente do “caso Denilson”, segundo o comunicado do clube, as penalidades são o impedimento de registro de atletas, até que as situações sejam resolvidas. Não há, portanto, risco de nova perda de pontos, nem rebaixamento de divisão. Enquanto isso, a diretoria tenta negociar diretamente com os credores.
“Há clubes cuja dívida não está vencida, e a Fifa tem o procedimento de intimar a pagar num prazo entre 30 e 90 dias. Há clubes que essa dívida não venceu que negociamos direitos de atletas. Outros estão aceitando parcelamento. A de curto prazo, necessária para se pagar para evitar punição esportiva, é a Fifa. Tirou-se a Fifa, todas as outras dívidas são negociáveis, dentro do sistema jurídico brasileiro”, frisou Sérgio Rodrigues ao Superesportes/Estado de Minas.
Em 28 de maio, a Raposa se livrou de nova perda de pontos ao pagar 600 mil euros (R$ 3,5 milhões) ao Zorya, da Ucrânia, pela aquisição dos direitos econômicos do atacante Willian, em julho de 2014. Ainda há 1 milhão de euros (R$ 5,96 milhões) que serão discutidos pelo Tribunal Arbitral do Esporte no segundo semestre de 2020.
No dia 14 de abril, o núcleo de gestores que administrou o Cruzeiro no primeiro semestre calculou as dívidas na Fifa em R$ 81,4 milhões. Os valores inflacionaram devido à desvalorização do real frente ao dólar e ao euro. Como comparação, em 31 de janeiro o passivo era de R$ 53 milhões.
Demais débitos
Relatório da Ernst & Young com base no balanço feito pela consultoria Moore arredondou a dívida do Cruzeiro para R$ 799 milhões, sendo R$ 338 milhões de ordem tributária, R$ 142 milhões em empréstimos/financiamentos e R$ 319 milhões entre salários, comissões, aquisições de jogadores e demais espécies.
Conforme o presidente Sérgio Rodrigues, débitos trabalhistas, bancários e de outras espécies são mais passíveis de negociação, o que não ocorre nas sanções aplicadas pela Fifa.
“O ato trabalhista você só faz quando existe a execução trabalhista. Execução o Cruzeiro tem poucas, porque a maioria das ações decorrem da última gestão. São processos em curso. Por isso em muitos nós temos procurado e falado: ‘nos dê o fôlego, porque vamos fazer acordo com todo mundo’. Não temos o objetivo de não pagar ninguém. O objetivo é conseguir um faturamento viável para negociar isso”.