O contrato do Cruzeiro com a Adidas recebeu inúmeras críticas de integrantes do Núcleo Dirigente Transitório, sobretudo do ex-CEO Vittorio Medioli, que sugeriu inclusive a criação de uma marca de fabricação própria. A alegação dos gestores é que apenas a fornecedora alemã levaria vantagem, enquanto o clube correria o risco de “pagar” para utilizar o material esportivo. As negociações foram conduzidas em abril de 2019 pelo ex-vice-presidente de futebol, Itair Machado, na gestão de Wagner Pires de Sá. A parceria durará até o fim de 2022, com opção de renovação por mais três anos.
Eleito presidente em 21 de maio e no cargo desde 1º de junho, Sérgio Santos Rodrigues evitou polemizar sobre o contrato. A prioridade, segundo ele, é manter o melhor relacionamento possível com a Adidas, que já preparou, por exemplo, a camisa para o centenário do Cruzeiro, em 2 de janeiro de 2021.
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“Não é uma coisa que me preocupa nesse momento. Não entendo que no momento da pandemia, com a situação que o Cruzeiro passa, discutir esse uniforme seja prioridade. Temos contrato assinado, camisa para ser lançada em agosto e camisa para o centenário. O que a gente tem buscado é desenvolver novas formas, pois entendemos que há coisas boas que a torcida quer. Ano que vem tem o apelo do centenário, o que a gente busca é isso”, disse Sérgio, em entrevista ao Superesportes/Estado de Minas.
Para o dirigente, a Raposa terá condições de discutir melhorias nas condições assim que o vínculo estiver próximo do fim, em dois anos e meio. “Com contrato em curso, vamos procurar cumprir. Se o nosso objetivo é desenvolver parceria, é fazer, dentro do contrato que existe, ser cada vez melhor. Obviamente, uma vez que o contrato estiver perto do fim, se outro estudo mostrar algo mais viável ao Cruzeiro, o importante para nós é o dinheiro no cofre do Cruzeiro. Vamos buscar a melhor opção”.
A pandemia do novo coronavírus prejudicou a logística de distribuição dos produtos do Cruzeiro, até pelo fato de muitos centros comerciais, como lojas de shoppings, estarem fechados em Belo Horizonte e outras cidades mineiras. Apesar do problema, os torcedores celestes terão novidade na quinta-feira, quando Sérgio Rodrigues fará mais uma live no canal oficial do clube no YouTube. A reportagem apurou que uma das negociações em curso com a Adidas é para a produção do tênis, lançado pelo Flamengo neste mês e bastante solicitado pelos cruzeirenses nas redes sociais.
“A pandemia dificultou bastante. A qualidade e a beleza (da camisa) são insuperáveis. Fiz a última live com uma jaqueta da Adidas, e os comentários foram sobre aquela jaqueta, onde comprava, como fazia. Posso até dar mais um spoiler, pois quinta-feira temos uma reunião para apresentar um produto bem legal, que a torcida queria bastante. Estamos conversando muito com eles e virão surpresas boas”, revelou o presidente.
Sucesso do rival não incomoda
Rival do Cruzeiro, o Atlético teve sucesso no projeto denominado “Manto da Massa”, no qual modelos de camisas foram desenhados por torcedores e selecionados para escolha pública. Entre mais de 50 mil votos, o ganhador foi o uniforme elaborado pelo designer Flávio Markiewicz. Em suas redes sociais, o clube alvinegro informou ter superado mais de 100 mil peças comercializadas, para um faturamento bruto superior a R$ 19 milhões. O presidente atleticano, Sérgio Sette Câmara, estima um lucro líquido de 30 a 40% - de R$ 5,7 a R$ 7,6 milhões. Os sócios-torcedores tiveram prioridade e desconto na aquisição do produto, por R$ 169,99. Os não sócios pagam R$ 269,99.
Sem demonstrar preocupação com o Atlético, Sérgio Santos Rodrigues ressaltou que o Cruzeiro teria mais dificuldades em desenvolver uma medida semelhante, pois a Adidas, uma das líderes mundiais no segmento de material esportivo, não teria atendimento flexível como a francesa Le Coq Sportif demonstra em benefício do rival.
“Existem muitas particularidades. Eu me preocupo apenas com o Cruzeiro. Se a gente for analisar a Adidas, é de outra proporção em relação à fornecedora de material do Atlético. A Adidas é universal, está em grandes clubes do mundo e não tem a mesma maleabilidade de produzir um lote especial de camisas em 70 dias, ainda mais no meio da pandemia”, avaliou.
“Está no nosso radar ter a participação do torcedor na forma de fazer camisas, mas a Adidas tem processo rígidos. Para você ter uma ideia, esta semana já estamos fazendo reunião para a camisa de 2022. A camisa do centenário já chegou para a gente praticamente fechada. Vamos lançar o uniforme 3, que ficou muito bonito, mas já nos foi apresentado praticamente pronto. A Adidas tem outros tipos de critério que não podemos discutir. Estamos falando de uma multinacional que está nos maiores times do mundo. É complicado mudar esses critérios. O que a gente quer buscar é, a partir de quando nossa gestão influir, inserir a participação do torcedor”, acrescentou Sérgio.
Contrato
No contrato com a Adidas, o Cruzeiro antecipou R$ 2,5 milhões em luvas com o objetivo de complementar uma folha salarial referente a agosto de 2019. Isso significa que o clube precisa “negociar” uma quantidade específica de produtos para cobrir esse adiantamento. Em janeiro, o Superesportes noticiou que a Raposa embolsará 24% do valor de fábrica do vestuário, além de 7% do varejo nas lojas oficiais e na empresa de comércio eletrônico Netshoes. A administração de Wagner Pires de Sá calculava faturamento de R$ 7 milhões no primeiro ano de parceria.
A entrevista
Sérgio Santos Rodrigues concedeu entrevista exclusiva ao Superesportes/Estado de Minas. Na conversa, presidente do Cruzeiro falou sobre finanças, contratações, patrocínios, entre outros temas relacionados ao início de sua gestão. As reportagens serão publicadas ao longo dos próximos dias. Veja o que já escrevemos: