“Nós tentamos de todas as formas conseguir esse dinheiro, mas o descrédito do Cruzeiro é muito grande”. Com essas palavras, o presidente do Núcleo Dirigente Transitório, Saulo Fróes, descreveu o cenário que a diretoria viveu para tentar pagar a dívida de R$ 5,3 milhões com o Al-Wahda, dos Emirados Árabes. Ao perder o prazo de pagamento, o clube mineiro foi punido pela Fifa e começará o Série B do Campeonato Brasileiro com menos seis pontos.
Segundo Saulo, embora não houvesse uma proposta oficial na mesa da diretoria do Cruzeiro, um jogador estava praticamente vendido. Com o valor do negócio, era esperado quitar a dívida adquirida em 2016 pela contratação do volante Denílson ao Al-Wahda. Como as tratativas não avançaram, o Conselho Gestor precisou buscar outras opções.
“Estávamos com um jogador praticamente vendido, e esse valor era muito bom, que pagaria essas duas dívidas, e o Carlos (Ferreira) ainda segurou um pouco para tentar conseguir mais alguns milhões para o Cruzeiro. A proposta foi não-oficialmente feita e logo depois veio a pandemia e perdemos a oportunidade com esse dinheiro”, disse Saulo Fróes em live no canal Informativo Cruzeiro, no Youtube.
Fróes revelou, ainda, que o Conselho Gestor tentou negociar um empréstimo com instituições bancárias. Por conta da pandemia de coronavírus e o descrédito do Cruzeiro, não foi possível viabilizar o valor necessário para quitar a dívida.
“Nós tentamos de todas as formas conseguir esse dinheiro, mas o descrédito do Cruzeiro é muito grande. Ficamos muito satisfeitos de saber que ficamos até a última tentativa de arrumar o valor. É muito simples jogar a culpa para o Conselho e falar ‘o Conselho não conseguir pagar’. Seis milhões é um milhão de dólares. Não é pra qualquer um”, completou Fróes.
De acordo com o dirigente, o Cruzeiro chegou a oferecer uma outra forma de pagamento, porém o clube árabe deixou claro que não aceitaria a proposta. Sendo assim, Saulo disse ter ficado surpreso com a notificação da perda dos pontos.
“Na segunda-feira, foi feita uma proposta de pagar 10% ao clube credor da Arábia, e em nenhum momento, apesar do direito deles, foi falado que não seria aceito. Estava sendo estudada a possibilidade. Nós ficamos ‘surpresos’ com a notificação da Fifa dizendo que perdemos os pontos. Inclusive, estamos com a possibilidade, pequena, e já passamos isso para o presidente, de pagar e reverter esses pontos”, explicou.
Saulo ainda garantiu que a punição da Fifa não é o pior cenário que a Raposa poderia viver. Ele deu a entender que, caso uma negociação para viabilizar o pagamento da dívida fosse mal feita, consequências piores para o clube poderiam surgir no futuro.
“Isso eu tenho comigo: era melhor o Cruzeiro acabar ou perder seis pontos? Infelizmente, é muito ruim, mas eu prefiro perder seis pontos do que o Cruzeiro acabar. E ele iria acabar, sim, em janeiro, pela situação que o Conselho Gestor entrou”, concluiu.