O Cruzeiro divulgou nesta quarta-feira o balanço financeiro referente ao exercício de 2019. O valor exato do déficit no período foi de R$ 394.100.974, conforme levantamento realizado pela Moore Stephens Consulting News Auditores Independentes.
A dívida total do Cruzeiro chegou a R$ 803.486.208 em 2019.
Segundo os auditores, há 'incerteza significativa' quanto à 'capacidadede continuidade operacional do clube' celeste.
"Os déficits consecutivos apresentados pelo clube em suas operações em 31 de dezembro de 2019 totalizaram o montante de R$695.934.379 e nessa data a soma do passivo circulante e passivo não circulante excedeu o total ativo em R$486.857.510 (passivo a descoberto). Essa condição indica a existência de incerteza significativa que pode levantar dúvida quanto à capacidade de continuidade operacional do Clube".
A dívida total do Cruzeiro chegou a R$ 803.486.208 em 2019.
Segundo os auditores, há 'incerteza significativa' quanto à 'capacidadede continuidade operacional do clube' celeste.
"Os déficits consecutivos apresentados pelo clube em suas operações em 31 de dezembro de 2019 totalizaram o montante de R$695.934.379 e nessa data a soma do passivo circulante e passivo não circulante excedeu o total ativo em R$486.857.510 (passivo a descoberto). Essa condição indica a existência de incerteza significativa que pode levantar dúvida quanto à capacidade de continuidade operacional do Clube".
O rombo de 2019 é ainda maior do que os R$300 milhões anunciados nesta manhã por Saulo Fróes, presidente do Núcleo Dirigente Transitório.
O valor informado no balanço representa um prejuízo de mais de R$1 milhão por dia, considerando que o ano tem ‘apenas’ 365. Comparado com os números do exercício anterior (2018), o aumento do déficit foi de 539%.
Evolução do déficit
O balanço de 2018 do Cruzeiro chegou a ser refeito por causa de algumas incorreções. Ao final, apontou um déficit R$ 73.816,626, o que já é um valor bem elevado.
Inicialmente, as contas não foram analisadas pelo Conselho Fiscal, conforme prevê o estatuto do clube, porque os membros do órgão haviam abandonado os cargos em maio de 2019, logo no início da crise estrelada.
As contas de 2018 só foram aprovadas em fevereiro de 2020 e, ainda assim, com a ressalva de que as investigações da Polícia Civil e do Ministério Público de Minas Gerais sobre a gestão de Wagner Pires de Sá fossem acompanhadas de perto pelo Conselho Deliberativo.
Inicialmente, as contas não foram analisadas pelo Conselho Fiscal, conforme prevê o estatuto do clube, porque os membros do órgão haviam abandonado os cargos em maio de 2019, logo no início da crise estrelada.
As contas de 2018 só foram aprovadas em fevereiro de 2020 e, ainda assim, com a ressalva de que as investigações da Polícia Civil e do Ministério Público de Minas Gerais sobre a gestão de Wagner Pires de Sá fossem acompanhadas de perto pelo Conselho Deliberativo.
Veja abaixo a evolução do déficit do Cruzeiro nos últimos cinco anos
- Déficit de 2019: R$ 394,1 milhões
- Déficit de 2018: R$ 73,3 milhões
- Déficit de 2017: R$ 27,2 milhões
- Déficit de 2016: R$ 29,3 milhões
- Déficit de 2015: R$ 25,8 milhões
- Déficit de 2014: 38,6 milhões
- Sócio torcedor:
R$14.119.954 (2019) / R$23.101.965 (2018)
Em apenas um quesito da receita operacional bruta decorrente do futebol profissional houve aumento com relação a 2018. O montante recebido com "direitos econômicos/cessão temprária" de atletas foi de R$108.188.100, mais do que o dobro dos R$45.994.013 do ano anterior.
Menos dinheiro entrando
A má fase do Cruzeiro em campo, que culminou com o rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro, refletiu nas contas do clube. Quase todas as fontes de renda celeste arrecadaram menos dinheiro do que em 2018.
Os valores recebidos pelo time profissional – publicidade, transmissões de TV, patrocínios, royalties, bilheteria e programa sócio torcedor – apresentaram queda.
O total dessas receitas (somadas a 'outras' não discriminadas no balanço) em 2019 foi de R$267.554.320, contra R$318.857.150 no ano anterior. Veja os números abaixo:
O total dessas receitas (somadas a 'outras' não discriminadas no balanço) em 2019 foi de R$267.554.320, contra R$318.857.150 no ano anterior. Veja os números abaixo:
- Publicidade e transmissões de TV:
R$ 105.751.042 (2019) / R$190.748.083 (2018)
R$ 105.751.042 (2019) / R$190.748.083 (2018)
- Patrocínios e royalties:
R$18.100.469 (2019) / R$32.533.368 (2018)
R$18.100.469 (2019) / R$32.533.368 (2018)
- Bilheteria:
R$18.372.227 (2019) / R$23.941.388 (2018)
R$18.372.227 (2019) / R$23.941.388 (2018)
- Sócio torcedor:
R$14.119.954 (2019) / R$23.101.965 (2018)
Em apenas um quesito da receita operacional bruta decorrente do futebol profissional houve aumento com relação a 2018. O montante recebido com "direitos econômicos/cessão temprária" de atletas foi de R$108.188.100, mais do que o dobro dos R$45.994.013 do ano anterior.
Contas a pagar
Segundo o balanço de 2019, a dívida do Cruzeiro com clubes internacionais era de R$85.165.714. O clube ainda devia R$9.752.714 a clubes do Brasil e R$17.386.457 a ‘terceiros’, totalizando R$112.304.885 de dívidas ‘circulantes’ (aquelas com prazo de vencimento de até 12 meses).
Ainda há dívidas ‘não circulantes’ (com prazo de pagamento maior do que 12 meses) com outros clubes. O total desse tipo de débito, somando os credores nacionais e estrangeiros, é de R$47.834.264.
A auditoria informou que "os valores registrados na rubrica clubes estrangeiros estão em sua maioria em cobranças
A auditoria informou que "os valores registrados na rubrica clubes estrangeiros estão em sua maioria em cobranças
através da Fifa".
Arrecadação com vendas
O Cruzeiro teve uma receita de R$79.093.165 com vendas e empréstimos de jogadores em 2019. No ano passado, a Raposa se desfez de jogadores como Lucas Romero (negociado com o Independiente-ARG), Raniel (vendido para o Santos e hoje no São Paulo) e Murilo (atualmente no Lokomotiv-RUS).Ressalvas e processos judiciais
A empresa de auditoria responsável pela emissão do balanço de 2019 do Cruzeiro fez algumas ressalvas acerca das demonstrações financeiras do clube.
Segundo consta do documento, o Cruzeiro não apresentou “evidencia suficiente e apropriada que suportasse os valores registrados” dos gastos com a formação de atletas. Essa quantia gasta com os novos talentos celestes é de R$ 27.019.862.
Segundo consta do documento, o Cruzeiro não apresentou “evidencia suficiente e apropriada que suportasse os valores registrados” dos gastos com a formação de atletas. Essa quantia gasta com os novos talentos celestes é de R$ 27.019.862.
Os auditores também chamam a atenção para a incerteza sobre as dívidas futuras referentes as processos judiciais contra o Cruzeiro. De acordo com o documento, dois dos advogados que prestam serviço ao clube não forneceram à auditoria informações necessárias para realizar o levantamento dos débitos judiciais que poderão surgir.
Sobre isso, foi registrado o seguinte. “Em nossos procedimentos de auditoria, solicitamos as cartas de confirmação dos assessores jurídicos sobre processos cíveis, tributários e trabalhistas em que o clube se mantem como parte envolvida. Entretanto, até a data de encerramento dos nossos trabalhos, não recebemos as confirmações da totalidade dos assessores jurídicos. Nesse sentido, não foi possível concluir sobre a necessidade de provisões adicionais para contingencias de eventuais processos cuja previsão dos dois assessores jurídicos que não responderam às cartas de confirmação da auditoria sejam desfavoráveis ao clube”.
Más notícias
O resultado do balanço é mais um choque para a torcida celeste em menos de 24 horas. Na noite dessa terça, os cruzeirenses souberam que a Raposa começará a disputa da Série B de 2020 com saldo negativo de seis pontos. A decisão da Fifa, da qual não cabe recurso, foi uma punição pelo não pagamento do empréstimo do volante Denilson, contratado do Al Wahda, dos Emirados Árabes em 2016.
O clube ainda pode sofrer novas punições por outras dívidas que tramitam na Fifa. No fim do mês, o Cruzeiro ainda precisa pagar 1,5 milhão de euros (R$ 9,3 milhões na cotação atual) ao Zorya Luhansk, da Ucrânia, pela compra de Willian Bigode, em 2014.
A Raposa ainda deve 1,05 milhão de euros (R$ 6,5 milhões), além de multa de € 101,5 mil (R$ 634,5 mil), pela dívida com o Defensor, do Uruguai, em função da compra do meia Arrascaeta, em janeiro de 2015.
A Raposa ainda deve 1,05 milhão de euros (R$ 6,5 milhões), além de multa de € 101,5 mil (R$ 634,5 mil), pela dívida com o Defensor, do Uruguai, em função da compra do meia Arrascaeta, em janeiro de 2015.