O presidente do Núcleo Dirigente Transitório do Cruzeiro, Saulo Fróes, disse que tentou empréstimos para pagar a dívida referente à cessão do volante Denílson pelo Al Wahda, dos Emirados Árabes, em 2016, mas não conseguiu em função da crise gerada pela pandemia da Covid-19 a pela pouca credibilidade do clube no mercado financeiro.
O dirigente ainda admitiu que a Raposa não tem condições de pagar a dívida com o Zorya Luhansk, da Ucrânia, pela compra de Willian Bigode, que vence no fim deste mês. O clube celeste pode ser novamente punido caso não pague esse débito.
"Tínhamos conhecimento da dívida, mas gostaria de esclarecer alguns pontos. Todas as dívidas da Fifa deste ano foram contratadas na gestão do Gilvan de Pinho Tavares. A gente tem que ser justo e transparente. Não existe possibilidade de recurso jurídico. São ordens de pagamento. Tentamos negociar com os clubes desde janeiro. Os clubes estão com a decisão do pagamento e querem receber dinheiro. A gente pediu na Fifa a suspensão do pagamento por causa da pandemia, mas não foi aceito. Pedimos parcelamento, não foi aceito. Tentamos vários empréstimos, mas a instabilidade política prejudicou a gente demais. E a pandemia impediu que a gente conseguisse o empréstimo. Estávamos com 95% de um empréstimo, mas com a pandemia parou tudo", disse Fróes, em entrevista à rádio 98 FM.
Fróes disse que o Conselho Gestor tentou vender jogadores, mas também não conseguiu em razão da paralisação do calendário do futebol em quase todo o mundo.
"Tentamos a venda de atletas, estava com uma venda quase acertada, com preço excelente, mas foi na época da pandemia. Isso resolveria os problemas da Fifa. Os patrocinadores suspenderam os pagamentos, não temos receitas de jogos e TV. Tinha uma dívida do Pedro Rocha e conseguimos pagar. E o grande problema que existe em negociar é se o clube credor faz o acordo e o Cruzeiro não paga, volta tudo para o início na Fifa. Se você faz uma negociação e deixa de pagar a primeira, volta quatro, cinco anos. O maior problema é a credibilidade do Cruzeiro, que deve há cinco anos e nunca sentou para fazer um acordo. Realmente, o dinheiro não conseguimos levantar. Não foi surpresa porque tínhamos pleno conhecimento. Mas a gente estava negociando. A gente sempre tem aquela esperança de o credor aceitar. Infelizmente, aconteceu isso, mas estávamos tentando reverter isso. Inclusive, o nosso CEO tem uma ligação com o clube no sentido de tentar pagar uma parcela, isso a gente propôs na segunda-feira, a gente está tentando reverter. É difícil, mas não é impossível".
"Tentamos a venda de atletas, estava com uma venda quase acertada, com preço excelente, mas foi na época da pandemia. Isso resolveria os problemas da Fifa. Os patrocinadores suspenderam os pagamentos, não temos receitas de jogos e TV. Tinha uma dívida do Pedro Rocha e conseguimos pagar. E o grande problema que existe em negociar é se o clube credor faz o acordo e o Cruzeiro não paga, volta tudo para o início na Fifa. Se você faz uma negociação e deixa de pagar a primeira, volta quatro, cinco anos. O maior problema é a credibilidade do Cruzeiro, que deve há cinco anos e nunca sentou para fazer um acordo. Realmente, o dinheiro não conseguimos levantar. Não foi surpresa porque tínhamos pleno conhecimento. Mas a gente estava negociando. A gente sempre tem aquela esperança de o credor aceitar. Infelizmente, aconteceu isso, mas estávamos tentando reverter isso. Inclusive, o nosso CEO tem uma ligação com o clube no sentido de tentar pagar uma parcela, isso a gente propôs na segunda-feira, a gente está tentando reverter. É difícil, mas não é impossível".
Perda de pontos
O Cruzeiro foi punido pela Fifa e começará a Série B do Campeonato Brasileiro com menos seis pontos na tabela por não ter pago o empréstimo do volante Denilson ao Al Wahda, dos Emirados Árabes, em 2016, no valor de 850 mil euros.
A dívida, que atualmente é de R$ 5,3 milhões, deveria ter sido paga até essa segunda-feira (18), mas não foi honrada. A decisão é definitiva e não é passível de recurso.
O volante Denilson foi contratado em 2016 por 850 mil euros e defendeu a Raposa entre julho e novembro daquele ano. Foram apenas cinco partidas com a camisa azul no Campeonato Brasileiro: Santa Cruz, Atlético, Botafogo, Vitória e Grêmio.
Sem dinheiro e risco de nova punição
Saulo Fróes ainda disse que o clube não tem dinheiro para pagar a dívida do Cruzeiro com o Zorya Luhansk, da Ucrânia, que vence no fim do mês, pela compra de Willian Bigode em 2014. O valor gira em torno de R$ 10 milhões. O dirigente transferiu a responsabilidade para o presidente que será eleito nesta quinta-feira. Caso não pague, a Raposa poderá novamente ser punida.
"Posso te dizer que em todos os momentos a gente sabia que o ideal era pagar. Mas não tem dinheiro. E antigamente era fácil, porque parecia que não precisava pagar. E a gente tentou arrumar dinheiro com alguns cruzeirenses, mas são valores que chegam a quase R$ 6 milhões, e temos um dívida no final do mês de mais de R$ 10 milhões do Willian Bigode, que o outro presidente vai ter que resolver, porque será após a eleição. Não conseguimos levantar o dinheiro de forma nenhuma pelo problema de credibilidade, o problema das eleições. Esses foram um dos maiores problemas, e a gente ainda tem esperança de reverter".