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Candidato ao Conselho, Sifuentes nomeia comissão para fiscalizar eleições do Cruzeiro; Dalai dispara: 'Uma barbaridade. Não tem validade'

Presidente do clube e do Conselho diz que colega não poderia ter tomado decisão

postado em 17/04/2020 16:17 / atualizado em 18/04/2020 08:59

(Foto: Igor Sales/Cruzeiro)

Atualizada às 09h00 de 18 de abril

Candidato à presidência do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, Paulo Sifuentes divulgou documento, nesta sexta-feira, em que nomeia comissão eleitoral para o pleito marcado para 21 de maio. No ofício, ele diz que toma a decisão como vice-presidente do Conselho, uma vez que o mandatário, José Dalai Rocha, não teria respondido a um ofício enviado em 7 de março. 

Ao Superesportes, Dalai se mostrou ‘estarrecido’ com a atitude do colega. Disse que é uma ‘barbaridade jurídica’ e que o documento não tem ‘qualquer validade’. Após a publicação desta entrevista, ele também emitiu ofício em que anulou todas as decisões de Sifuentes (leia abaixo). 

“Eu recebi agora por e-mail. Estou estarrecido que um juiz aposentado faça isso. Isso é uma barbaridade. Me mandou um ofício há dois dias, mas até os postes sabem que estou na fase final de recuperação do coronavírus. Dei procuração ao (Saulo) Fróes para assinar documentos por mim, para que a secretária do conselho não precise vir aqui na minha casa e corra qualquer tipo de risco”, disse.

“O senhor Sifuentes usa isso (minha recuperação do coronavírus) para dizer que a presidência está ausente e ele assume. Ele decide. Isso é uma barbaridade jurídica. Foi uma surpresa imensa. Não sei quais interesses ele defende com tanta galhardia. Galhardia essa que só apareceu agora. Essa volupia nunca aconteceu em todo esse período de Conselho Deliberativo”, complementou.

Para Dalai, o documento tem ainda menos validade por ter sido redigido por um candidato ao pleito. Ou seja, Sifuentes concorrerá à eleição e ele mesmo definiu a formação do grupo fiscalizador. “Além de tudo, ele é candidato. Está agindo em causa própria. É um absurdo. Foi um ato falho”, disse Dalai. “Não é válido de forma nenhuma. Eu só lamento que em um momento que o Cruzeiro esteja enfrentando tantos problemas, criem um tipo de situação dessa, que não vai fazer efeito nenhum, a não ser aquele tráfico de confundir ainda mais a cabeça do nosso conselheiro”, lamentou. 

No documento divulgado, Sifuentes explica que tomou a decisão de convocar a comissão ‘considerando a ausência de resposta ao e-mail encaminhado ao presidente do Conselho em 7 de março (...) quanto à imediata constituição da Comissão Eleitoral para traçar diretrizes relativas à sua realização’.

Sifuentes determina no ofício que os conselheiros José Eustáquio Lucas Pereira, Maurício Pinto Ferreira e Sérgio Murilo Diniz Braga ficarão responsáveis pela formação da Comissão Eleitoral. Ele define ainda que o médico Eduardo Fonseca Sad será responsável por ‘elaborar um parecer técnico fixando critérios e procedimentos durante o processo eleitoral, de modo a resguardar a saúde de todos’ em meio à pandemia de coronavírus.
 
Após a publicação desta matéria, Paulo Sifuentes procurou a reportagem e solicitou um direito de resposta. Na nota enviada ao Superesportes, ele reforça que tomou a medida de nomear uma comissão eleitoral após tentativas frustradas de contato com Dalai Rocha (leia o posicionamento na íntegra ao fim deste texto).
 
(Foto: Reprodução)
 

Veja, na íntegra, a resposta de Paulo Sifuentes, vice-presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro

Além de termos formalmente notificado o Sr. José Dalai Rocha por e-mail nas duas
oportunidades citadas na Deliberação de hoje, e cientes da restrição de contato físico,
buscamos contato com ele pelos mais diversos meios possíveis, notadamente por
chamadas telefônicas nas duas últimas semanas, tanto pelo celular, quanto pelo
aplicativo WhatsApp. 
 
Infelizmente, ele não nos deu o retorno em tempo hábil diante da urgência que a
situação exige, e não restou outra via senão a de deliberar sobre o tema, seguindo aquilo
que estritamente prevê o Regimento Interno e o Estatuto, isto é, a necessidade de
atuação do Vice em caso de ausência do Presidente, fato evidentemente caracterizado.
 
Aliás, quanto a procuração outorgada pelo Dr. José Dalai Rocha ao Sr. Saulo Fróes, em
face de sua enfermidade, fica evidenciada ainda mais a sua ausência, de modo a ensejar
a atuação do Vice-Presidente, segundo o art. 41 do Regimento Interno do Conselho. 
 
Não há previsão legal para outorgar procuração a um terceiro se o próprio Regimento
Interno do Conselho apresenta uma solução taxativa em caso de ausência do Presidente
do Conselho. Na verdade, a providência adotada pelo Dr. Dalai, com a devida vênia, viola
frontalmente o Estatuto e o Regimento Interno, na medida em que elege Conselheiro
não componente da Mesa Diretora para responder em sua ausência. Este procurador,
por mais nobre que seja, não poderia responder como Presidente, se existe um VicePresidente que detém essa prerrogativa. 
 
Os interesses que eu defendo e sempre defendi são os mesmos que o Sr. Dalai e toda a
Mesa Diretora defendem: única e exclusivamente os interesses da instituição Cruzeiro
Esporte Clube. 
 
Não se trata de um ato com o viés político que ele pretende insinuar, mesmo porque,
segundo consta da ata da reunião que homologou nossa renúncia, a Mesa Diretora foi
incumbida da missão de conduzir as novas eleições que ele convocou por meio de edital
no dia 11 de fevereiro.
 
Como dito, a situação é de urgência, e demandava uma providência urgente, algo que
estamos sustentando com ele há pelo menos um mês. Assim como é fato público e
notório que o Dr. Dalai possui restrições em face da recuperação do coronavírus,
também é inconteste nossa preocupação com as diretrizes do pleito eleitoral por ele
designado para o dia 21 de maio. Estamos apenas cumprindo nosso papel enquanto
membros da Mesa Diretora, que não pode ser olvidada pelo Presidente. 
 
Aliás, não é surpresa nenhuma para ele nossa preocupação, tanto é que nos
manifestamos publicamente à Radio Itatiaia, no dia 31 de março, no mesmo sentido que
expusemos nosso ponto de vista em reunião que fizemos com ele via WhatsApp no dia
anterior, reiterando nossa preocupação com a proximidade da data do pleito eleitoral
e, com isso, a necessidade de estabelecer rígidas diretrizes para a realização das eleições
no atual cenário de pandemia de COVID-19, o que naturalmente demanda certo tempo e, com isso, a designação de Comissão Eleitoral para realização dos trabalhos de modo
a assegurar a realização do pleito. 
 
Isto porque, diante da renúncia coletiva dos membros da Mesa Diretora, ato que tem
eficácia a partir de 1º de junho, o Clube ficaria sem direção em caso de adiamento da
reunião extraordinária convocada para a realização das eleições, fato que também
causou preocupação a inúmeros Conselheiros que reiteradamente nos procuraram no
decorrer das últimas semanas. 
 
O que verdadeiramente nos causa espécie é que o Dr. José Dalai Rocha se manteve
silente por quase um mês, após reiteradas manifestações de nossa parte, duas delas
formalmente registradas por escrito, e ele somente se manifestou a respeito da data
para designação da Comissão Eleitoral na presente oportunidade, atacando
injustamente seus pares, sem a urbanidade que lhe é peculiar. 
 
Quanto à composição da Comissão Eleitoral, não faz sentido algum a alegação de que
estaríamos “agindo em causa própria”, quando simplesmente cumprimos nosso papel
estatutário, de definir o órgão fiscalizador das eleições, pois, como dito, recebemos a
missão precípua de conduzir o pleito eleitoral juntamente com o Presidente e, com mais
razão ainda, na eventual ausência deste.
 
É de pleno conhecimento do Dr. Dalai, da comunidade jurídica e dos Conselheiros, a
absoluta lisura e idoneidade dos membros da Comissão Eleitoral, composta por dois
respeitáveis Magistrados e um renomado Advogado. Os membros nomeados já
participaram de outros pleitos eleitorais, com a mais absoluta tranquilidade,
independência e isenção, sem qualquer tipo de questionamento. Tal circunstância
afasta por completo a ideia de que tenhamos agido em causa própria, uma vez que os
membros nomeados jamais se prestariam a favorecer quem quer que seja.  

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