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Presidente do Cruzeiro não garante eleições em maio e descarta pleito a distância

José Dalai Rocha disse que vai esperar o efeito da pandemia da Covid-19 e a posição dos órgãos de saúde sobre a quarentena

Redação
Presidente do Cruzeiro descartou eleições a distância - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press
O presidente em exercício do Cruzeiro, José Dalai Rocha, colocou em dúvida as eleições marcadas para o dia 21 de maio por causa da pandemia de coronavírus. Ele ainda descartou realizar o pleito a distância, como sugeriu o candidato Sérgio Santos Rodrigues, porque, segundo Dalai, fere o estatuto do clube.



"Vamos recordar que em dezembro do ano passado, quando a diretoria anterior renunciou, o plano era apagar os incêndios, apagar as emergências, colocar um mínimo de ordem na casa e preparar as eleições para maio. Também imaginávamos em março a primeira reforma do estatuto. Esse era o plano. Mas, de repente, um vírus coloca o mundo de cabeça para baixo. O mundo inteiro está confinado. Alguém tem que avisar ao candidato obstinado (Sérgio Santos Rodrigues) que o Barro Preto também está confinado", afirmou Dalai, em entrevista à rádio Itatiaia.

"A prioridade A no mundo e também no Cruzeiro é salvar vidas. Se nós não podemos reunir quatro diretores, como vamos reunir 400 conselheiros numa assembleia? Quem está tão apressado em salvar o Cruzeiro una-se aos que já estão fazendo isso desde o fim de dezembro passado. Venha nos ajudar a quitar os compromissos que nos envergonham. Precisamos do nosso lado de todos que querem o bem do Cruzeiro", acrescentou.

Segundo Dalai, as eleições de maio ainda não estão desmarcadas. O presidente em exercício do Cruzeiro disse que vai esperar o efeito da pandemia da Covid-19 e a posição dos órgãos de saúde sobre a quarentena.



"O que vai acontecer é o seguinte: vamos que daqui a 15 dias este confinamento acabe. É uma hipótese a ser considerada. Ontem (sexta), o conselho gestor definiu que não aceita essa eleição de mandato-tampão, entendendo que os efeitos desta pandemia vão continuar. Neste sentido, a gente tem que aguarda", frisou.

"Tão logo as autoridades nos liberem do confinamento, marcaremos a eleição geral. Se isso ocorrer em tempo razoável, realizaremos a eleição também do mandato-tampão. Vou tentar convencer o conselho gestor a aceitar isso. Se as circunstâncias de tempo e de oportunidade não recomendarem duas eleições, faremos apenas uma com posse antecipada. As hipóteses são essas".

Estatuto do Cruzeiro

Um dos candidatos à presidência do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues sugeriu que seja realizada eleição a distância (virtual ou com envio de envelopes aos conselheiros). Dalai descartou essa hipótese e disse que o estatuto veda esse tipo de procedimento.



"E, para evitar fake news eleitoral, que se registre de uma vez por todas: o nosso estatuto exige voto presencial. O voto é secreto, e com o conselheiro recebendo a cédula da mesa eleitoral. O Cruzeiro está precisando de paz para continuar trabalhando, apagando incêndios que ainda existem, e afastando perigo de coisas piores, sobretudo na Fifa", destacou.

Ao Superesportes, o candidato Sérgio Santos Rodrigues explicou sua versão de que o estatuto do clube prevê a possibilidade de as eleições serem feitas a distância. Segundo ele, o parágrafo 2º do artigo 23, seção IV, capítulo II do documento garante esse tipo de pleito.

O voto é secreto, pessoal e intransferível. Deve ser manifestado através de cédula, que será colocada em envelope fornecido e rubricado pelo presidente do Conselho Deliberativo e depositado em urna pelos componentes da mesa, ou por sistema eletrônico de votação.



“O estatuto permite votação por meio eletrônico que é, inclusive, a modernidade. Estamos em caráter de exceção. Vemos, por exemplo, o Congresso e a própria Assembleia de Minas, que sempre exigiu votações presenciais. Para que a coisa não pare, passaram por cima disso para fazer as deliberações virtuais. Ou seja, isso é questão de modernidade. Ainda que não tivesse previsão no estatuto, acho que, em caráter de exceção, poderia ser”, afirmou Sérgio à reportagem.

Posição do conselho gestor

Na noite de sexta-feira, o núcleo gestor informou que encerrará os trabalhos em 31 de maio caso as alas do clube não cheguem a um acordo por eleição única em 2020. Sérgio Santos Rodrigues, concorrente à presidência da Raposa, quer a realização do pleito em maio, mesmo com a paralisação do futebol brasileiro em função da pandemia do novo coronavírus.

O núcleo gestor do Cruzeiro teria um candidato à presidência do clube. O empresário Emílio Brandi, da rede atacadista Nova Safra, concorreria ao cargo máximo do clube. Ele terá como primeiro vice-presidente Celso Luiz Chimbida e como segundo vice Anísio Ciscotto.



Se não houver acordo entre as duas alas do clube, Emílio Brandi desistirá da eleição. Para o Conselho Gestor, o momento não é de pensar na disputa pela presidência do clube.
“Reiterando: em maio o Brasil e o mundo ainda estarão sofrendo com o coronavírus e a sua consequente crise econômica. A intenção é que até outubro o conselho gestor dê uma continuidade ao trabalho, fazendo o que tem que ser feito, dando todo o respaldo para que o futebol siga bem em campo e atinja o objetivo principal, que é o acesso à Série A. Até lá a ‘casa’ estará mais arrumada, para então, democraticamente, se eleger o novo presidente do clube”, disse o núcleo, em nota.