O Superesportes ouviu jornalistas de diferentes cantos do Brasil para saber a evolução dos jogadores que deixaram o Cruzeiro. Eles se encaixaram nos esquemas de seus novos clubes? O levantamento constatou que a maioria deles ainda não conseguiu emplacar uma sequência de jogos. Quase todos, com poucas exceções, ainda são reservas de suas equipes.
Vale lembrar que, além dos citados abaixo, ainda há casos como do lateral-esquerdo Dodô e do atacante Fred, ambos ainda sem clubes. O segundo move uma ação na Justiça do Trabalho contra o Cruzeiro, enquanto o primeiro tem seus direitos ligados à Sampdoria, da Itália.
Pedro Rocha, por sua vez, não teve opção de compra exercida pela Raposa e se transferiu para o Flamengo. Até aqui, ele participou de apenas um compromisso pelo clube carioca. Outro que deixou o Cruzeiro por meio de acordo foi Rafael. O goleiro hoje está no Atlético e disputou apenas uma partida.
Veja o detalhamento sobre outros atletas:
Thiago Neves: seis jogos, um gol. Está na reserva do Grêmio
Por tudo que representava e por todas atitudes condenáveis em 2019, Thiago Neves foi um dos jogadores mais marcados no rebaixamento do Cruzeiro. Depois de dizer que poderia ficar para jogar a Série B, o jogador entrou na Justiça cobrando atrasados do clube e conseguiu a rescisão de contrato. Dias depois, foi confirmado como reforço do Grêmio. No Sul, porém, ainda não conseguiu convencer.
Até aqui, foram sete jogos e um gol marcado. Mas para Diogo Rossi, da Rádio Grenal, de Porto Alegre, Thiago só vem tendo oportunidades por ser protegido pelo técnico Renato Gaúcho, principal entusiasta de sua contratação.
“Thiago chegou com status de que voltaria a jogar futebol em alto nível. Renato disse que com ele, Thiago jogaria o futebol que havia jogado em outros tempos. O espaço estava aberto, com a lesão de Jean Pyerre, o Renato queria um 10 clássico, alguém pra armar o jogo, mas Thiago não conseguiu ocupar. Ele está protegido pelo Renato”, analisou.
“O técnico diz que ele ainda não alcançou o auge físico, mas também todas as vezes que jogou, mostrou pouquíssimo ritmo e dificuldade em se adaptar ao estilo do Grêmio. No último jogo, antes da parada, ele atuou mal, mas conseguiu no segundo tempo fazer um gol e ali a esperança de que mostraria seu verdadeiro futebol. Com a parada agora, a esperança é que ele volte em melhores condições, mas agora com concorrência: Jean Pyerre está de volta”, completou.
Orejuela: quatro jogos, nenhum gol. Está na reserva do Grêmio.
Embora tenha tido seus direitos econômicos adquiridos pelo Cruzeiro, que pagou 1,5 milhões de dólares por 50% com ajuda de investidores, Orejuela preferiu deixar o clube. De olho na Seleção Colombiana, acreditava na importância de seguir na Série A para ganhar chances com o técnico Carlos Queiroz e se transferiu para o Grêmio.
Mas o lateral-direito acabou tendo poucas oportunidades com Renato Gaúcho (quatro jogos), especialmente pelo destaque de Victor Ferraz, também contratado em 2020 pelo Tricolor. Para Diogo Rossi, dificilmente Orejuela ganhará a posição de titular ao longo da temporada.
“Ele chegou em um negócio de ocasião. As esperanças todas estavam postas em cima do Victor Ferraz, que não decepcionou. Orejuela está com pouquíssimo espaço. A característica diferente do Victor ajuda para continuar lutando pela titularidade, mas acho difícil que consiga nesse momento. No último jogo antes da parada, ele foi substituído aos 20 minutos e ficou como "culpado" do jogo ruim. Mesmo que Renato diga que não, a substituição pesou muito. A expectativa é que na volta, ele siga disputando espaço”, analisou.
Egídio: 11 jogos, nenhum gol. É titular do Fluminense.
Apesar da história de conquistas no Cruzeiro, Egídio teve um 2019 ruim. Foi um dos jogadores mais criticados pela torcida na campanha do rebaixamento e, até por isso, um dos primeiros a deixar o clube em 2020. Logo na semana da reapresentação, o jogador conseguiu uma rescisão amigável e foi anunciado pelo Fluminense.
Titular absoluto no Tricolor, Egídio encontra pouca concorrência no Rio de Janeiro e conseguiu emplacar uma sequência. Já são 11 jogos com a camisa do Fluminense. Para Igor Siqueira, do jornal O Globo, as atuações do camisa 6 têm sido satisfatórias.
“Egídio tem uma posição já consolidada nesse time do Fluminense, até pela diferença técnica em relação ao rival de posição, Orinho. Assim como Gilberto, no lado direito, é importante no apoio pela esquerda. A eficiência é maior nos jogos do Carioca, claro, onde o Fluminense é líder da classificação geral. Em geral, o nível de atuação tem sido satisfatório. A chegada de Wellington Silva abre espaço para que ele seja elemento surpresa. Mesmo quando Marcos Paulo era quem fazia a dobradinha com ele, havia entendimento razoável. Egídio soma duas assistências no Estadual”, analisou.
Henrique: sete jogos, nenhum gol. Está na reserva do Fluminense.
A transferência de Henrique foi uma das mais sentidas pela torcida do Cruzeiro. Capitão da equipe há muitos anos, com mais de 480 jogos disputados com a camisa celeste, ele optou por respirar novos ares depois do rebaixamento e acabou emprestado ao Fluminense. No Rio de Janeiro, ele tem lidado com algo que não estava na acostumado em Belo Horizonte: o banco de reservas.
Igor Siqueira relata que, antes do volante, estão entre os preferidos do técnico Odair Hellmann no elenco Tricolor o ex-Cruzeiro Hudson, e depois Yuri e Yago Felipe. Desta forma, a tendência é que Henrique siga na reserva por mais alguns jogos.
“Henrique foi bastante usado no começo do ano, mas perdeu espaço no time ideal de Odair Hellmann. Contra ele, pesam a falta de intensidade de jogo, uma lentidão na saída de bola, apesar da experiência. Henrique cometeu um erro relevante na derrota para o Flamengo na semifinal da Taça Guanabara. Antes disso, a presença dele em campo na eliminação diante do Unión La Calera, pela Sul-Americana, chamou a atenção negativamente - responsabilidade de Odair, claro. Mas o fato é que com Henrique o time ficou devendo na construção de jogo”, avaliou o jornalista.
Sassá: seis jogos, três gols. Está na reserva do Coritiba.
Discreto na campanha do rebaixamento do Cruzeiro, Sassá foi outro jogador que não quis permanecer em Belo Horizonte para a Série B do Campeonato Brasileiro. Pediu a mudança de ares e acabou se transferindo para o Coritiba.
Depois de um início de temporada promissor, conforme relata o jornalista Daniel Piva, da Rádio Transamérica de Curitiba, Sassá passou a conviver com as já conhecidas oscilações na carreira. Até aqui, disputou seis jogos e marcou três gols pelo Coxa.
“Nesse cenário, nesse recorte pequeno, tem uma clara oscilação. Ele começa no banco de reservas por falta de pré-temporada, aí estreia contra o Operário, um empate dentro de casa por 1 a 1. Ele entrou no decorrer do jogo. Aí na rodada seguinte, contra o Londrina, é escalado como titular e vai razoavelmente bem, especialmente no segundo tempo. Ele marca um gol. Terceiro jogo, no Couto Pereira, marcou mais dois numa goleada do Coritiba por 6 a 1. Chegou aos três gols marcados em três jogos disputados, era um início que parecia animador. Mas depois, tudo mudou”, disse.
“Coritiba teve um jogo pela Copa do Brasil, e aí a chave virou. Coritiba foi derrotado pelo Manaus, quebra uma invencibilidade de 19 jogos, e é eliminado da competição. Sassá teve dois agravantes. Perdeu um pênalti, que poderia classificar o Coritiba. No segundo tempo, ele brigou, entrou em confusão, ficou marcado pelo pênalti e confusão. Depois disso, não voltou a jogar bem. Se machucou também e voltou no banco de reservas”, complementou o jornalista.
Marquinhos Gabriel: seis jogos, um gol. Está na reserva do Athletico-PR
Escolhido pelo Athletico-PR para vestir a camisa 10 em 2020, Marquinhos Gabriel, assim como Sassá, iniciou bem a temporada pelo Furacão, mas logo passou a ser superado pela concorrência interna. Até aqui, disputou seis jogos e marcou um gol - seu ponto alto no novo clube, conforme relatou o jornalista Daniel Piva.
“O Marquinhos Gabriel começou a temporada como titular, aberto pelo lado. Nos amistosos na Argentina, chegou a marcar um bonito gol de falta, contra o Racing. Mas no primeiro teste oficial, no jogo contra o Paraná, pelo Estadual, foi mal. Na final da Supercopa do Brasil, contra o Flamengo, em Brasília, foi titular de novo. Mas desta vez em uma posição nova: jogou de centroavante (talvez a ideia tenha sido utilizá-lo como um falso 09, mas na prática não vingou)”, contou Piva.
“Assim ele foi pro banco de reservas. Embora pouco badalado por torcida e imprensa, é um jogador que vem sempre entrando no decorrer dos jogos. É uma espécie de 12º jogador do time, embora algumas opções do banco estão caindo nas graças da torcida e comissão técnica, o que pode tirar ainda mais o espaço do Marquinhos”, analisou
Éderson: um jogo, nenhum gol. Está na reserva do Corinthians.
Éderson foi mais um jogador a processar o Cruzeiro. Com três meses de salários atrasados, ele já voltou de férias, no início de janeiro, tendo ajuizado uma ação na Justiça do Trabalho contra o clube celeste. Depois de um acordo, ele abriu mão de parte do que teria a receber e foi liberado para acertar com o Corinthians.
No Parque São Jorge, porém, ainda não se encontrou, muito em função do aspecto físico. Setorista do Corinthians no Lance!, o jornalista Yago Rudá analisou o início de temporada tímido do reforço alvinegro.
“Internamente, Éderson tem sido elogiado pela comissão técnica devido ao seu comprometimento e entrega nas atividades no CT Joaquim Grava. Por conta da rescisão com o Cruzeiro, ele chegou fora de forma e precisou de duas semanas para se equiparar ao restante do elenco”, relata.
“Nos treinos com bola demonstrou bastante qualidade no passe, qualidade que é exaltada pelo técnico Tiago Nunes. Apesar disso, ainda está atrás dos titulares da posição - Victor Cantillo e Camacho. Pessoalmente, acredito que o volante ainda tem muito o que acrescentar ao Corinthians, mas deve demorar para conquistar espaço”, analisa o jornalista.
Rodriguinho: dois jogos, nenhum gol. Titular do Bahia.
Rodriguinho foi um dos últimos a deixar a Toca da Raposa II. Ele chegou a iniciar o ano, com o projeto de reconstrução, mas não chegou a um acordo sobre readequação salarial e foi liberado pelo Cruzeiro para acertar com outro clube.
No Bahia, ainda briga por oportunidades na equipe de Roger Machado depois de um período de recondicionamento físico, conforme explica o jornalista Elton Serra, da TVE, da Bahia.
“Rodriguinho chegou para ser titular. É um jogador que passou um tempo se condicionando fisicamente, estreou na Fonte Nova vindo do banco, e começou como titular no último jogo. Fatalmente seguirá como titular. Como são só duas partidas, o recorte é muito pequeno para gente saber como ele vai performar no clube. Mas, no entendimento do Roger, vai funcionar como segundo atacante, encostando no Gilberto. Pode ser útil para uma equipe que perde muitos gols”, analisa.
David: onze jogos, três gols. Titular do Fortaleza
Entre todos os jogadores que deixaram o Cruzeiro, David talvez seja o que esteja melhor neste momento da temporada. O atacante, contratado pelo Fortaleza a pedido do técnico Rogério Ceni, já participou de onze jogos e marcou três gols.
Com a camisa do Leão do Pici, o atacante quebrou um jejum de 325 dias sem marcar. Assim como Thiago Neves, Éderson e Fred, David também entrou na Justiça contra o Cruzeiro para conseguir a liberação. Semanas depois, chegou a um acordo com a diretoria celeste, que o liberou.
"David começou bem. Vem sendo bem aproveitado por Ceni. Hoje é titular (embora Ceni esteja rodando bem o elenco). Na Copa do Nordeste é onde está sendo mais decisivo. Na Sul-Americana ele tinha acabado de chegar, mas perdeu boas chances no jogo de ida e na volta parou na jogada que saiu o gol do Independiente", contou Thiago Minhoca, comentarista da Rádio CBN/O Povo de Fortaleza.
"David atua mais pelo lado direito, mas atuou em alguns jogos do Estadual pelo lado esquerdo. Joga como falso 9 nos jogos da Sul-Americana. É um jogador que mostra muita força nas disputas de bolas, mas ainda precisa melhorar nas jogadas de um contra um. Quando não foi bem, insistiu muito em jogadas de drible", complementou.
"David atua mais pelo lado direito, mas atuou em alguns jogos do Estadual pelo lado esquerdo. Joga como falso 9 nos jogos da Sul-Americana. É um jogador que mostra muita força nas disputas de bolas, mas ainda precisa melhorar nas jogadas de um contra um. Quando não foi bem, insistiu muito em jogadas de drible", complementou.