A três meses das eleições para a presidência do Cruzeiro marcada para 21 de maio, o debate político entre os pré-candidatos já esquenta. Antes postulante único ao mandato ‘tampão’ - que será assumido por um presidente até o início de 2021 - Emílio Brandi ganhou a concorrência de Sérgio Santos Rodrigues na disputa pelo cargo mais importante do clube celeste.
A informação de que a eleição no Cruzeiro não terá candidato único foi veiculada inicialmente pela Rádio Itatiaia e confirmada pelo Superesportes com o próprio Sérgio Rodrigues, que revelou ter proposto uma aliança a Brandi, mas não foi recebido pelo agora oponente.
“Tentei procurar o Emílio, na verdade, através de amigos, para a gente reunir. Ele não me recebeu. Aí o Dalai nos recebeu essa semana. Tentamos fazer uma composição, eu disse que abriria mão da candidatura que já existia, para apoiar o Emílio, já que todo mundo falava que o Emílio só iria para outubro, que ele sairia em dezembro. A gente sugeriu eu compor a chapa dele agora, ou apoiá-lo agora e ele apoiaria a gente em outubro. E o Dalai foi taxativo ao fechar as portas para ambos, falando que o Emílio que escolheria os vices dele, que o Emílio não iria compor isso, e que não vai fazer compromisso para outubro com ninguém. Eles não tiveram esse diálogo. Estava disposto a retirar a pré-candidatura, que já existia para poder construir com o Cruzeiro, mas tive as portas fechadas para isso”, afirmou Sérgio Rodrigues.
À reportagem, Emílio Brandi disse que não foi procurado diretamente por Rodrigues. Brandi afirmou, ainda, que é cedo para pensar em alianças e que tem outras preocupações no momento.
“Ele não me ligou. Teve algumas pessoas que me ligaram para conversar. Estou aberto para conversar. Mas acho que o Cruzeiro chegou a um ponto que não tem que compor chapa. Nós temos que fazer uma chapa que não tenha questão política de A ou B. Ainda não decidi sobre os vices. Estamos preocupados em reconstruir, reestruturar o Cruzeiro. O conselho gestor lançou meu nome, depois de muito estudar e eu aceitei, porque seria por seis a sete meses só, para eu me afastar da empresa temporariamente e dividir o meu tempo. Ele não pegou o telefone, não me ligou. Ele pode ter pedido alguém para me ligar, e eu falei que está muito cedo, realmente, para isso. O que eu penso é que temos que reconstruir o Cruzeiro, mas sem fazer política. Temos que pensar é no Cruzeiro”, argumentou Brandi.
Apoio de Pedro Lourenço
Ambos os pré candidatos disputam o apoio do conselheiro e patrocinador do Cruzeiro, Pedro Lourenço, o Pedrinho, proprietário da rede de Supermercados BH.
No final de janeiro, Pedrinho revelou ao Superesportes que apoiaria a candidatura de Sérgio Rodrigues à presidência.
Mesmo depois do anúncio do nome de Brandi pelo conselho gestor - do qual Pedro Lourenço foi vice-presidente - o empresário manteve a decisão.
“Tenho princípios e tenho palavra. Quando eu estava no conselho gestor, todo mundo não queria ser presidente. Um porque a mulher não deixa, outro porque não pode. Então procurei quem queria ser presidente do Cruzeiro. Na eleição passada eu não apoiei o Serginho. Eu procurei todo mundo. E o Serginho está preparado, disse que quer ser presidente. Eu vi que ele tem condição de ser presidente do Cruzeiro e me coloquei para apoiá-lo. Eu quero o bem do Cruzeiro. Que seja o Serginho, o (Gustavo) Gatti, o Saulo (Fróes), o Dr. Dalai, que seja o Pedrinho lá do BH (risos). Estou a favor do melhor para o Cruzeiro. O Emílio Brandi é amigo meu de muito tempo. É um cara seríssimo, espetacular, bacana. Mas eu não posso ter duas palavras. Se ele não era candidato e eu tive um candidato, vou continuar na primeira opção. Nada contra o Emílio. Se ele ganhar, vai ter meu respeito”, declarou Pedro Lourenço em entrevista à Rádio Super Notícia.
Os dois candidatos contaram que se reuniram com Pedrinho e que contam com o apoio do empresário.
“Ontem tive uma reunião com o Pedro e ele manteve o apoio. Ele acredita no nosso projeto e nós lançamos”, disse Sérgio Rodrigues.
Apesar da manifestação de Lourenço sobre o apoio a Rodrigues, Brandi disse que conta com o empresário para chegar à presidência.
“Estivemos com o Pedro agora, terça ou quarta-feira. Ele falou que está apoiando o conselho gestor, que está com o conselho gestor. Estou tendo muito apoio de vários conselheiros ligando, dando apoio. Vi o vídeo do Pedro apoiando ele e me elogiando também. O Pedro está com a gente também. (...) O Pedro é uma pessoa fantástica, do bem e que quer ajudar o Cruzeiro. Ele tinha falado que iria apoiar o Sérgio Rodrigues porque o conselho gestor não tinha lançado ainda um candidato. No vídeo está claro, ele só elogiando o conselho gestor, o Dalai, o Saulo, o Emílio Brandi, falando que é uma pessoa séria e que se ganhar o Emílio Brandi ele vai continuar apoiando”, destacou Emílio Brandi.
Articulação política
Sérgio Rodrigues demonstrou estar mais interessado em conseguir apoio político no Conselho Deliberativo do Cruzeiro para chegar à presidência. Além de Pedro Lourenço, o pré-candidato disse que já articula para ter apoio de grandes nomes da política estrelada.
“A gente já tinha (apoio). Anteriormente, eu já tinha lançado. O Pedro do BH já tinha dado apoio. Os ex-presidentes Gilvan, Alvimar e Zezé também. César Masci também. A gente estava já preparado”, afirmou.
Ele fez questão de destacar que rechaça qualquer tipo de relação com o ex-presidente Wagner Pires de Sá, o ex-vice de futebol Itair Machado e o ex-diretor geral Sérgio Nonato.
“Serginho, Itair e Wagner são as únicas três pessoas que eu faço questão absoluta de não ter nenhum contato. Não converso, não atendo, não aceito intermediação. Não aceito nada com eles. Nada”, disse.
Entretanto, Rodrigues deu a entender que não dispensará o apoio de conselheiros que votaram no ex-presidente Wagner e antigos membros da Família União. “Não conversei com ninguém diretamente. Tem um grupo chamado Avante Cruzeiro, que são pessoas que eram da Família União e hoje é um grupo independente. Algumas pessoas me ligam, conversam. Como o próprio Dalai fala, precisamos unificar/purificar o Cruzeiro. Então, os que me ligam eu atendo”.
Na conversa com a reportagem do Superesportes, Emílio Brandi afirmou mais de uma vez que não está preocupado neste momento em formar alianças políticas. De acordo com o candidato, as prioridades do clube devem ser outras.
“Tudo isso que está acontecendo no Cruzeiro é questão de política. O que eu penso é em reconstruir o Cruzeiro com o conselho gestor. Meu nome foi colocado por eles. Temos que seguir em frente. Não estou preocupado agora com os meus vices na eleição. Vou preocupar próximo de formalizar a chapa. Estamos preocupado é com Minas Arena, com contratação de jogador, acerto com fornecedores, muito preocupados com a Fifa”, contou Brandi.