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Novo CEO, Sandro Gonzalez fala em 'construção de valores' no Cruzeiro e explica por que aceitou trabalhar de graça

Ex-presidente da Transpes foi escolhido por Dalai e pelo Conselho Gestor

postado em 17/02/2020 18:29 / atualizado em 17/02/2020 18:39

(Foto: Cruzeiro/Divulgação)

Reunião na manhã desta segunda-feira, na Sede Administrativa do Cruzeiro, definiu que Sandro Gonzalez assumirá o cargo de CEO do clube. Empresário bem sucedido, ex-presidente da Transpes, companhia de logística e transporte, o profissional passará a integrar o Núcleo Dirigente Transitório

Em entrevista ao Superesportes, ele destacou que terá como missão ajudar a construir novos valores na gestão do Cruzeiro. “Quero implementar uma gestão eficiente na parte financeira, na relação com as pessoas, com os funcionários”, projetou. 

Gonzalez ainda foi questionado sobre o motivo de aceitar o convite para colaborar gratuitamente com o Cruzeiro. Ele garantiu que não tomou a decisão só pela paixão que tem pelo clube. “O Cruzeiro é maior do que seus problemas. Em breve, espero, junto com o grupo, ver o Cruzeiro no lugar de onde ele jamais deveria ter saído”, disse.

Na entrevista abaixo, Gonzalez ainda fala sobre sua relação com o Cruzeiro, a dívida bilionária e a possibilidade de o clube aderir ao projeto de clube-empresa.

Leia a entrevista com Sandro Gonzalez, novo CEO do Cruzeiro:

Qual é sua relação com o Cruzeiro?

Sou cruzeirense, meu pai era cruzeirense, sempre acompanhou o Cruzeiro de muito perto. Sempre foi muito próximo, especialmente na época do Felício Brandi, nos anos 70. Eu tenho uma alegria enorme de ser cruzeirense. Me associei ao Cruzeiro, mas ainda não pensei em concorrer ao Conselho. Essa minha isenção é importante para o momento do Cruzeiro. Não tenho viés político dentro do clube. 

Sobre sua carreira profissional, como pode se apresentar ao torcedor?

Falando a meu respeito, tenho uma carreira como executivo, à frente da Transpes, empresa familiar, fundada pelo meu pai. Fui presidente desta empresa por 25 anos, até dezembro de 2019. Desde janeiro, sou presidente do Conselho de Administração. Minha experiência é na área de gestão, processos, métodos, planejamento estratégico. É essa a contribuição que quero dar ao Cruzeiro.

Como recebeu o convite?

Eu tenho participado de encontros com grupo há um mês, um mês e meio. Tenho acompanhado a reconstrução do Cruzeiro, esse momento dramático que o clube vive. Tive a oportunidade de conhecer o doutor Dalai (Rocha, presidente interino), o Saulo (Fróes) e a equipe toda que compõe esse grupo. Essa relação a gente tem construído ao longo desse tempo. O Dalai me fez o convite hoje pela manhã e eu aceitei esse desafio. 

Quais serão as funções específicas?

Eu pretendo trabalhar muito na construção dos valores do Cruzeiro, da missão, dos princípios que vão nortear o clube nos próximos anos. Quero implementar uma gestão eficiente na parte financeira, na relação com as pessoas, com os funcionários. Tudo isso, claro, será feito por um grupo de pessoas. Não vou participar do futebol, do dia a dia, para tem outros responsáveis. Minha contribuição vai ser na área administrativa e de planejamento. 

Por que você aceitou trabalhar de graça?

Eu acho que o Cruzeiro é maior do que os problemas que está enfrentando. Se as pessoas de bem não se posicionam na sociedade, só as ruins que vão se posicionar. As pessoas de bem da nossa cidade precisam se posicionar na esfera que ela pretende e pode ocupar. Eu sei do tamanho do desafio, sei que não vai ser fácil. Mas não foi uma decisão tomada só pela paixão. Foi uma decisão compartilhada com minha família e tenho certeza que o Cruzeiro é maior do que os problemas. Em breve, espero, junto com o grupo, ver o Cruzeiro no lugar de onde ele jamais deveria ter saído.

Do que já recebeu nas primeiras reuniões, o buraco é realmente muito fundo? Fala-se em dívida de R$ 1 bilhão. Isso é pagável?

Tenho informações preliminares, mas acho que o Cruzeiro tem um patrimônio muito grande, sua torcida, o nome, tudo que representa. Com boa gestão, pessoas do bem, determinadas, eficientes, é razoável dizer que é sim, possível, equacionar tudo isso que existe.

Clube-empresa seria a única solução?

Não é a única solução. Nada impede que mesmo sendo associação desportiva, o Cruzeiro seja administrado como uma empresa. Com metas, indicadores, possa existir meritocracia interna. Não precisa ser cabide de emprego, ser essa politicagem toda. Não precisa da nomenclatura clube-empresa para administrar uma associação de forma saudável e transparente, que entregue ao torcedor o resultado esperado.

Gostaria de passar alguma mensagem ao torcedor do Cruzeiro?

Quero passar uma mensagem de otimismo, absolutamente. De otimismo, de reconstrução. O Cruzeiro está no caminho certo, o grupo gestor é altamente qualificado. Podemos superar as enormes dificuldades que encontramos e encontraremos. Que o torcedor possa dar um voto de confiança ao grupo gestor, para a equipe do futebol. Me incluo nisso também. Tudo para que, no menor espaço de tempo, o Cruzeiro possa voltar para o lugar de onde nunca deveria ter saído.

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