“Isso aqui que estou fazendo é bem complicado, é bem difícil. Mas estou pensando na minha família também. Muitas vezes dinheiro não compra saúde. É uma decisão muito minha, muito pessoal. Eu sei que vão me chamar de maluco, mas que seja maluco pelo Cruzeiro. Loco de amor pelo Cruzeiro e não por outras coisas. Tenho certeza que outro jogador não faria o que estou fazendo. Eu quero voltar. Quero fazer parte desta reconstrução. Acho que vai valer a pena ajudar o Cruzeiro neste momento”, disse.
“Eu sei que o Fábio, o Leo, os jogadores que permaneceram, o próprio Edilson, que reduziu o salário, tomara que o Dedé também queira ficar, porque o Cruzeiro é gigante. Só dá tempo ao Cruzeiro que vamos reconstruir e voltar a ser o Cruzeiro que sempre for. Ano que vem centenário… Isso bateu muito forte nos meus pensamentos, no que eu quero. Por isso que abri mão de muito dinheiro, quase R$ 50 milhões. É pelo Cruzeiro, é por amor ao Cruzeiro e tomara que dê tudo certo”, complementou.
De fato, Moreno deixará de receber R$ 43 milhões pelos seus últimos dois anos de contrato na China. Atualmente, ele tem vencimentos na casa dos R$ 1,7 milhão/mês. No Cruzeiro, porém, seu salário será um dos maiores do elenco. Com ajuda do patrocinador Pedro Lourenço, do Supermercados BH, o clube celeste pagará R$ 200 mil por mês ao jogador, que assinará contrato por três temporadas. Em 2021, caso o clube garanta o acesso para a Série A do Campeonato Brasileiro, o valor dobra para R$ 400 mil.
Ainda no áudio, Moreno comenta a necessidade de readaptação ao futebol brasileiro. Ele destaca que está há muitos anos na China, mas promete dedicação para ajudar o Cruzeiro no processo de reconstrução. “Eu sei que passei cinco anos na China e não sei como vai ser. Mas pode ter certeza que vou deixar tudo em campo, como sempre foi. Vamos que vamos. Vamos na fé que Deus abriu esse caminho, abriu essa porta para mim e tenho certeza que vou colher os frutos”, disse.
Passagem pelo Cruzeiro
Marcelo Moreno defendeu o Cruzeiro em duas passagens. Na primeira, entre março de 2007 e maio de 2008, marcou 21 gols em 36 jogos e foi vendido ao Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, por 9 milhões de euros (R$ 23,5 milhões). A Raposa ficou com 40% do valor da negociação - por volta de R$ 9,4 milhões.
Na segunda estada, em 2014, o boliviano atuou pelo time celeste emprestado pelo Grêmio, que havia adquirido 70% de seus direitos ao Shakhtar, por 6 milhões de euros, em dezembro de 2011. Em 57 jogos, ele marcou 24 gols e conquistou dois títulos: Campeonato Mineiro e Campeonato Brasileiro.
Por mais de três anos, Marcelo Moreno foi o maior artilheiro estrangeiro da história do Cruzeiro, com 45 gols em 93 jogos. Somente em 2018 é que foi superado pelo uruguaio Arrascaeta - 50 gols em 188 partidas. Com o retorno iminente ao clube, o jogador de 32 anos tem grande chance de recuperar essa condição.
No primeiro semestre de 2008, Moreno trabalhou com Adilson Batista e conseguiu ótimos números: 15 gols em 19 jogos (média de 0,78). O treinador afirmou no último domingo, depois do empate por 1 a 1 com o América, que estava na torcida pelo retorno do artilheiro, com quem se sagrou campeão mineiro há 12 anos.
“Eu aguardo (a gestão concluir a negociação). Eu lembro que eu o treinei, era menino, em 2008. Ele e o Guilherme. Doze anos depois... O que que você acha dele? [perguntou a um repórter]. Concordo (que ele é um bom jogador). Depende da direção. Eu apenas dou o treinamento”.