Todos os jogadores do elenco do Cruzeiro receberão, no início de fevereiro, os salários referentes ao mês de janeiro. Pelo menos essa é a indicação dada pelos atuais dirigentes. Isso deveria ser uma regra, mas passou a ser incerteza na reta final da gestão do ex-presidente Wagner Pires de Sá, que renunciou ao cargo em 22 de dezembro após pressão intensa da torcida e de parte do Conselho Deliberativo.
Na administração do Cruzeiro desde 23 de dezembro, logo após a saída do antigo mandatário, o Núcleo Dirigente Transitório já garantiu recursos pra quitar a folha do elenco, hoje na casa dos R$ 2,5 milhões. Boa parte do valor virá da transferência do lateral-direito Weverton ao Red Bull Bragantino. A Raposa garantiu cerca de R$ 4 milhões com a venda de 60% dos direitos econômicos do jovem atleta ao clube do interior paulista.
“Tem entrado alguns recursos com vendas pontuais de alguns jogadores. Esse Sócio Reconstrução é um valor pequeno, mal vai pagar dois ou três salários dentro do nosso teto. Nós temos também alguns recursos provenientes de Campeonato Mineiro. Estamos fazendo desse recurso uma engenharia financeira para colocar (os salários) em dia. Estamos estudando também um empréstimo. A situação do Cruzeiro em termos de credibilidade é ruim diante das instituições financeiras. Estamos já negociando com os bancos. Quase todos praticamente já conseguimos”, disse nessa quinta-feira Saulo Fróes, presidente do Núcleo Transitório Dirigente, durante cerimônia do Troféu Guará.
Embora jogadores mais jovens já tenham recebido atrasados de outubro, novembro e dezembro, além do 13º salário, os atletas experientes do grupo - com vencimentos superiores -, casos de Fábio, Leo, Edilson, Ariel Cabral, Robinho e Rodriguinho, estão com quatro folhas em atraso (incluindo 13º). Ou seja, a última remuneração integral recebida por esse grupo de jogadores foi em outubro de 2019, referente a setembro.
“Com relação ao primeiro salário da nossa gestão, estamos trabalhando e acreditando que vamos cumprir, logicamente dentro do prazo normal. Acredito que vamos conseguir pagar, porque estamos fazendo todos os esforços para cumprir”, acrescentou Fróes.
Em relação aos demais funcionários, o presidente do Núcleo Transitório revelou que os pagamentos estão quase normalizados. “A parte administrativa e operacional estamos praticamente em dia. Fizemos praticamente um milagre. Entramos lá, e as cozinheiras estavam em greve. Vocês devem se lembrar disso. Toda essa parte, inclusive dos jogadores de base, estão em dia”.
Os jogadores que aceitaram permanecer na Toca da Raposa II, entendendo a situação financeira complicada do Cruzeiro, parcelaram os atrasados. Eles receberão os débitos de forma parcelada a partir de meados de 2021. A diferença do salário previsto em contrato para o que será pago ao longo de 2020 também será quitado a partir da próxima temporada.
Edilson confiante
Depois da vitória por 1 a 0 sobre o Villa Nova, pela segunda rodada do Campeonato Mineiro, o lateral-direito Edilson foi questionado, ainda no Mineirão, sobre a expectativa pare voltar a receber salários. O jogador reforçou confiança no Núcleo Dirigente Transitório.
“Não nos foi passado nada, mas esses gestores que chegaram agora nos passaram credibilidade muito grande. Nós esperamos que daqui para frente as coisas caminhem com a normalidade que tem que ser no futebol, com transparência. A gente acredita que todas as coisas ruins ficaram para trás, até mesmo esses negócios de salários atrasados”, afirmou.