A recusa do volante Éderson, de 20 anos, de retirar a ação contra o Cruzeiro na Justiça do Trabalho fez esfriar a negociação de uma possível troca de jogadores com o Bahia. Segundo Ocimar Bolicenho, diretor de futebol cruzeirense, a cúpula do clube baiano se colocou à disposição para mediar um acordo que permitisse ao meio-campista deixar a Toca da Raposa II de forma amigável, mas as conversas não avançaram.
A intenção inicial do Cruzeiro era ceder Éderson ao Bahia até o fim de 2020 e receber, em troca, um jogador pelo mesmo período. O Tricolor propôs envolver o meia Régis, que interessava ao técnico Adilson Batista. Outro jogador oferecido foi o volante Yuri, de 25 anos. O meio-campista passou pelo CSA em 2018 e disputou 10 jogos pelo Tochigi, do Japão, no segundo semestre de 2019. Esse atleta, por sua vez, não estava nos planos.
O problema é que Éderson e seus representantes, César Godoy e André Cury, se mostraram resistentes em retirar a ação contra o Cruzeiro na Justiça. O processo trabalhista pede a rescisão indireta do contrato com a Raposa, além de multa de R$ 2,6 milhões por atrasos nos pagamentos de direitos, como vencimentos, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e 13º salário.
Éderson não comparece aos treinos do Cruzeiro desde 9 de janeiro, quando faltou aos trabalhos sem dar qualquer justificativa ao clube. Os detalhes do processo se tornaram públicos e, desde então, ele realiza atividades com profissionais de preparação física contratados pelo seu estafe.
O volante tem 60% dos direitos econômicos ligados ao Cruzeiro, que pagou, ao todo, R$ 1,25 milhão ao Desportivo Brasil, de São Paulo. O contrato firmado em julho de 2019 é válido até agosto de 2023.
Na primeira tentativa de rescindir unilateralmente o contrato com o Cruzeiro, Éderson não teve o pedido atendido pela Justiça. Há uma audiência entre o jogador e o clube marcada para 10 de fevereiro, às 8h30, em Belo Horizonte.
Segundo Ocimar Bolicenho, o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, esteve em Belo Horizonte na semana passada na tentativa de ajudar na resolução do imbróglio, mas não teve êxito. “Houve tentativas com o César Godoy, que divide a procuração dele com o André Cury, inclusive com a presença do presidente do Bahia. (Ele) Estava ali na tentativa de ser um mediador de tudo isso, se colocando à disposição para que o Bahia pudesse ser um meio de consenso, mas infelizmente a conversa não andou. Está andando, mas não teve uma definição. Tenho impressão que o atleta e seus procuradores estão esperando a definição da Justiça”, disse o diretor de futebol do Cruzeiro em entrevista à Rádio 98FM.
O Cruzeiro ainda tem esperança de derrotar Éderson nos tribunais por entender que várias das pendências com o atleta foram honradas. Bolicenho citou que a situação do volante é bem diferente do atacante David, liberado temporariamente pela Justiça do Trabalho para acertar com outro clube.
“O Éderson não, ele ainda está na Justiça, até porque as nossas pendências com o Éderson são bem diferentes das pendências que tínhamos com o David. Então, a do Éderson está sob judice, a gente espera que possa trazê-lo de volta, e em trazendo de volta, fazer um bom negócio para o Cruzeiro. Já se a decisão for favorável a ele, o caminho dele vai ser igual ao que seu sucedeu com o David”, concluiu Bolicenho.