“Defendo uma operação no futebol nos moldes da Lava-Jato desde 2018. Depois das denúncias de crimes cometidos no Cruzeiro, criamos o Pró-Cruzeiro Transparente. E agora (ontem), solicitamos uma audiência com o ministro Sérgio Moro para pedir apoio e agilidade, o suporte dele aos órgãos que já estão investigando tudo que ocorreu no clube, como o MPMG e a Polícia Civil”, explica Francisco Ferreira, CEO do Centro de Excelência em Performance do Futebol e integrante do movimento.
Ainda não foi dada a resposta pela assessoria de Moro, responsável pela sentença que levou à cadeia o ex-presidente Lula e investigou grande esquema de corrupção. Enquanto aguardam, os integrantes do Pró-Cruzeiro Transparente atacam em outras frentes.
Uma delas é conseguir apoio no Congresso Nacional para mudar a legislação, considerada inexistente para punir irregularidades de dirigentes em clubes de futebol, que são entidades sem fins lucrativos e, assim, gozam de privilégios especiais. Até por isso, o ex-presidente Wagner Pires de Sá, o ex-vice de futebol Itair Machado e o ex-diretor-geral Sérgio Nonato só responderão criminalmente se for constado que incorreram em erros previstos no código penal, como lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e falsificação de documentos.
O ideal seria que fosse responsabilizados também por má administração e erros contábeis, por exemplo. Iniciativa neste sentido foi tentado na Câmara Federal, mas desde 2015 não avança.
“No começo do ano passado, entrei em contrato com o (Mário Celso) Petraglia (presidente do Atlhetico) e ele me disse que a coisa ia caminhar. Até então, toda iniciativa de moralização do futebol era brecada pela bancanda da bola, verdadeira máfia. Agora, contamos com a liderança do senador Jorge Kajuru, que tem o apoio dos também senadores Romário e Leila para fazer a iniciativa deslanchar. Vamos ver se a gente consegue dar um salto de modernidade no futebol brasileiro. Este modelo vigente não se sustenta, está podre. Vai cair, a gente só não sabe quando”, diz Ferreira, que foi preparador físico do próprio Cruzeiro entre 1999 e 2010.
Além disso, o Pró-Cruzeiro Transparente busca trabalhar dentro do próprio clube. Uma das sugestões é modernizar o estatuto, que pode ocorrer ainda este ano. “Temos de mudar para evitar que bandidos caiam de paraquedas no clube, como aconteceu recentemente.”
Abrangente
Se o objetivo começou no Cruzeiro e pretende chegar a todos os clubes de futebol, também mira outras modalidades. “Queremos que o ministro Sérgio Moro dê força para que não só o futebol, mas o esporte em geral, possa passar por processo de moralização. Temos de tirá-lo das garras da corrupção”, afirma Ferreira.