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Ex-diretor comercial cobra mais de R$ 1 milhão do Cruzeiro na Justiça; salário de Sérgio Nonato é citado como referência no processo

Robson Pires trabalhou no Cruzeiro entre junho de 2003 e janeiro de 2019

postado em 16/01/2020 17:00 / atualizado em 16/01/2020 17:39

(Foto: Reprodução/YouTube/Cruzeiro)
O ex-diretor comercial do Cruzeiro, Robson Paulo Pires de Figueiredo, cobra R$ 1.166.062,00 do clube na Justiça. Entre os vários motivos do processo estão o acúmulo de funções e o não pagamento de comissão pelos contratos de patrocínio fechados em sua gestão. A ação foi ajuizada em 9 de outubro de 2019, no Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região.

No documento ao qual o Superesportes teve acesso, Robson Pires argumenta ter conciliado as diretorias comercial e de marketing, em 2015 e 2016, em função da saída de Marcone Barbosa - à época para o Fluminense. Por essa razão, há o pedido de adicional de R$ 88 mil. No processo constam os salários brutos dos profissionais nas respectivas funções: R$ 20.912,00 de Robson e R$ 15.000,00 de Marcone.

Robson Pires também pleiteia o recebimento de R$ 550.000,00, correspondente a comissões de 3% nos contratos de patrocínio fechados em sua administração: Fiat, Caixa Econômica Federal, Vilma Alimentos, Tim, Supermercados BH e Cemil. Essas parcerias renderam ao Cruzeiro cerca de R$ 20,6 milhões (veja os detalhes abaixo):

(Foto: Reprodução)

Outras reclamações de Robson são:

R$ 150.000,00 pelas diferenças devidas em seu favor pela integração à remuneração de todos os valores aos quais tem direito a título de comissão (pagos e não pagos), inclusive verbas rescisórias de férias com 1/3, 13º salário, aviso prévio, repouso semanal remunerado, FGTS, adicional de 40% e saldo de salário;

R$ 157.262,00 referente à remuneração em dobro por férias não gozadas, e às diferenças pela integração das comissões e “participação em eventos” à sua base de cálculo;

R$ 50.000,00 pelos repousos semanais remunerados não gozados, sem que houvesse concessão de folga correspondente;

R$ 120.000,00 pela diferença de verbas rescisórias devidas pelo cálculo a menor, feito apenas sob o salário base e sem que fossem consideradas as comissões recebidas no exercício correspondente;

(Foto: Reprodução)


Salário de Sérgio Nonato é citado no processo


Um dos argumentos de Robson Pires para a cobrança de mais de R$ 1 milhão é o salário do ex-diretor-geral do Cruzeiro, Sérgio Nonato, um dos principais homens de confiança do ex-presidente Wagner Pires de Sá. Foi usada como referência reportagem publicada no Superesportes/Jornal Estado de Minas, em 28 de junho de 2019.

(Foto: Reprodução)


Conforme a defesa de Robson, “o objetivo de trazer a presente reportagem está em contextualizar que o pedido do Autor, no sentido de fazer cumprir o que foi pactuado no seu contrato de trabalho, a fim de que receba o percentual de 3% de comissão ao qual tem direito, não é apenas um pedido justo, contratual, mas que está em patamar muito abaixo daqueles estabelecidos pelo Réu no que se refere à remuneração de seus atuais diretores”.

Embora fosse diretor-geral do Cruzeiro, Sérgio Nonato se dedicava mais à parte comercial. Seu primeiro contrato com o clube previa salário de R$ 60 mil por mês, sem dinheiro de bichos por premiações. Em maio de 2018, ele assinou um aditivo, com luvas de R$ 300 mil e reajuste na remuneração para R$ 75 mil. No fim do ano, foi concedido um novo aumento, para R$ 125 mil. De acordo com apuração da TV Globo, Serginho tinha direito a comissões por patrocínios fechados por seu intermédio.

Departamento jurídico do Cruzeiro contestou argumentações


Citado no processo, o Cruzeiro contestou as alegações de Robson Pires. Em relação à comissão de 3%, o departamento jurídico - à época dirigido por Fabiano de Oliveira Costa, demitido em janeiro - alegou que o próprio diretor concordou, por meio de documento assinado a próprio punho em 1º de julho de 2011, a receber no máximo R$ 6.000,00 ao mês, independentemente dos valores dos contratos firmados.

Já em relação ao acúmulo de funções, o jurídico do Cruzeiro explicou que as diretorias de marketing e comercial sempre foram “interligadas”, sendo divididas por questões operacionais. Prova disso, segundo o clube, é que Renê Salviano cumulou as duas funções depois da saída de Robson Pires.

Segundo o Cruzeiro, “Marketing e Comercial não trabalham separados, um dependente totalmente do outro, não fazem nada sem estarem aliados. As decisões são conjuntas, impossível existir decisões isoladas”.

(Foto: Reprodução)


No despacho de 19 de dezembro de 2019, o Juiz Titular da 36ª Vara do Trabalho, Flanio Antônio Campos Vieira, indeferiu o pedido de realização de perícia contábil formulado nos autos por Robson Pires.

“Considerando que o réu admite que o autor laborava em domingos, a quantificação exata dos domingos laborados deve ser apurada em liquidação de sentença, caso haja condenação. No tocante às comissões, a controvérsia diz respeito apenas à existência ou não do teto de R$6.000,00, o que deve ser objeto de prova pela parte detentora do ônus, sendo inviável a comprovação por meio de perícia contábil”.

Depois de sair do Cruzeiro, Robson Pires trabalhou como gerente de marketing do Supermercados BH, patrocinador máster do clube celeste. O proprietário da empresa, Pedro Lourenço, atuou por duas semanas como vice-presidente de futebol da Raposa - de 23 de dezembro de 2019 a 9 de janeiro de 2020. Ele deixou cargo em meio a turbulências políticas.

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