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CRUZEIRO

Ex-diretor comercial cobra mais de R$ 1 milhão do Cruzeiro na Justiça; salário de Sérgio Nonato é citado como referência no processo

Robson Pires trabalhou no Cruzeiro entre junho de 2003 e janeiro de 2019

Rafael Arruda
Robson Pires trabalhou no Cruzeiro entre junho de 2003 e janeiro de 2019 - Foto: Reprodução/YouTube/Cruzeiro
O ex-diretor comercial do Cruzeiro, Robson Paulo Pires de Figueiredo, cobra R$ 1.166.062,00 do clube na Justiça. Entre os vários motivos do processo estão o acúmulo de funções e o não pagamento de comissão pelos contratos de patrocínio fechados em sua gestão. A ação foi ajuizada em 9 de outubro de 2019, no Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região.



No documento ao qual o Superesportes teve acesso, Robson Pires argumenta ter conciliado as diretorias comercial e de marketing, em 2015 e 2016, em função da saída de Marcone Barbosa - à época para o Fluminense. Por essa razão, há o pedido de adicional de R$ 88 mil. No processo constam os salários brutos dos profissionais nas respectivas funções: R$ 20.912,00 de Robson e R$ 15.000,00 de Marcone.

Robson Pires também pleiteia o recebimento de R$ 550.000,00, correspondente a comissões de 3% nos contratos de patrocínio fechados em sua administração: Fiat, Caixa Econômica Federal, Vilma Alimentos, Tim, Supermercados BH e Cemil. Essas parcerias renderam ao Cruzeiro cerca de R$ 20,6 milhões (veja os detalhes abaixo):

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Robson Pires requer 3% de comissão de patrocínios fechados em sua gestão - Foto: Reprodução

Outras reclamações de Robson são:

R$ 150.000,00 pelas diferenças devidas em seu favor pela integração à remuneração de todos os valores aos quais tem direito a título de comissão (pagos e não pagos), inclusive verbas rescisórias de férias com 1/3, 13º salário, aviso prévio, repouso semanal remunerado, FGTS, adicional de 40% e saldo de salário;

R$ 157.262,00 referente à remuneração em dobro por férias não gozadas, e às diferenças pela integração das comissões e “participação em eventos” à sua base de cálculo;

R$ 50.000,00 pelos repousos semanais remunerados não gozados, sem que houvesse concessão de folga correspondente;

R$ 120.000,00 pela diferença de verbas rescisórias devidas pelo cálculo a menor, feito apenas sob o salário base e sem que fossem consideradas as comissões recebidas no exercício correspondente;

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Soma dos pedidos de Robson Pires chega a R$ 1.166.062,00 - Foto: Reprodução

Salário de Sérgio Nonato é citado no processo


Um dos argumentos de Robson Pires para a cobrança de mais de R$ 1 milhão é o salário do ex-diretor-geral do Cruzeiro, Sérgio Nonato, um dos principais homens de confiança do ex-presidente Wagner Pires de Sá. Foi usada como referência reportagem publicada no Superesportes/Jornal Estado de Minas, em 28 de junho de 2019.

Salário de Sérgio Nonato foi citado como referência no processo de Robson pires contra o Cruzeiro - Foto: Reprodução
Conforme a defesa de Robson, “o objetivo de trazer a presente reportagem está em contextualizar que o pedido do Autor, no sentido de fazer cumprir o que foi pactuado no seu contrato de trabalho, a fim de que receba o percentual de 3% de comissão ao qual tem direito, não é apenas um pedido justo, contratual, mas que está em patamar muito abaixo daqueles estabelecidos pelo Réu no que se refere à remuneração de seus atuais diretores”.



Embora fosse diretor-geral do Cruzeiro, Sérgio Nonato se dedicava mais à parte comercial. Seu primeiro contrato com o clube previa salário de R$ 60 mil por mês, sem dinheiro de bichos por premiações. Em maio de 2018, ele assinou um aditivo, com luvas de R$ 300 mil e reajuste na remuneração para R$ 75 mil. No fim do ano, foi concedido um novo aumento, para R$ 125 mil. De acordo com apuração da TV Globo, Serginho tinha direito a comissões por patrocínios fechados por seu intermédio.

Departamento jurídico do Cruzeiro contestou argumentações


Citado no processo, o Cruzeiro contestou as alegações de Robson Pires. Em relação à comissão de 3%, o departamento jurídico - à época dirigido por Fabiano de Oliveira Costa, demitido em janeiro - alegou que o próprio diretor concordou, por meio de documento assinado a próprio punho em 1º de julho de 2011, a receber no máximo R$ 6.000,00 ao mês, independentemente dos valores dos contratos firmados.

Já em relação ao acúmulo de funções, o jurídico do Cruzeiro explicou que as diretorias de marketing e comercial sempre foram “interligadas”, sendo divididas por questões operacionais. Prova disso, segundo o clube, é que Renê Salviano cumulou as duas funções depois da saída de Robson Pires.



Segundo o Cruzeiro, “Marketing e Comercial não trabalham separados, um dependente totalmente do outro, não fazem nada sem estarem aliados. As decisões são conjuntas, impossível existir decisões isoladas”.

Cruzeiro se defendeu ao alegar que departamentos de marketing e comercial estão interligados - Foto: Reprodução
No despacho de 19 de dezembro de 2019, o Juiz Titular da 36ª Vara do Trabalho, Flanio Antônio Campos Vieira, indeferiu o pedido de realização de perícia contábil formulado nos autos por Robson Pires.

“Considerando que o réu admite que o autor laborava em domingos, a quantificação exata dos domingos laborados deve ser apurada em liquidação de sentença, caso haja condenação. No tocante às comissões, a controvérsia diz respeito apenas à existência ou não do teto de R$6.000,00, o que deve ser objeto de prova pela parte detentora do ônus, sendo inviável a comprovação por meio de perícia contábil”.


Depois de sair do Cruzeiro, Robson Pires trabalhou como gerente de marketing do Supermercados BH, patrocinador máster do clube celeste. O proprietário da empresa, Pedro Lourenço, atuou por duas semanas como vice-presidente de futebol da Raposa - de 23 de dezembro de 2019 a 9 de janeiro de 2020. Ele deixou cargo em meio a turbulências políticas.