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Cruzeiro demite o diretor financeiro Flávio Pena

Clube oficializou a saída do funcionário nesta quinta-feira

postado em 16/01/2020 11:16 / atualizado em 17/01/2020 08:16

(Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro)

O Cruzeiro demitiu nesta quinta-feira o diretor financeiro Flávio Pena. Ele chegou ao clube na administração do ex-presidente Wagner Pires de Sá e esteve envolvido em episódios polêmicos, como a inclusão da venda do meia Arrascaeta ao Flamengo, ocorrida em 2019, no balanço de 2018. Pesou para a saída do funcionário o crescimento da dívida do clube com sua participação na gestão. O débito da Raposa atingiu R$ 800 milhões, segundo cálculos do presidente do conselho gestor, Saulo Fróes.

Em entrevista ao Superesportes, o próprio Flávio Pena admitiu que havia discordâncias com o conselho gestor em alguns temas. Um deles é o caso da venda de Arrascaeta. "Eu continuo pensando da mesma forma, mas meus pares dentro do Cruzeiro pensam diferente. O balanço já foi alterado e enviado para o APFUT, só falta agora a aprovação do Conselho".

O Cruzeiro concretizou a venda do meia Arrascaeta ao Flamengo em janeiro de 2019 pelo valor de 13 milhões de euros (R$ 55,2 milhões na cotação da época). Em tese, a receita deveria entrar no balanço patrimonial apenas no exercício de 2020, porém o clube “puxou” o dinheiro para os demonstrativos contábeis de 2018 em função de o Profut exigir que entidades desportivas tenham prejuízo de no máximo 10% em relação à arrecadação total em um ano (o gasto de R$ 400,5 milhões foi 7,3% maior que o faturamento de R$ 373,5 milhões). O ex-diretor financeiro Flávio Pena afirmou que o procedimento é permitido pelo Código de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Apesar disso, o clube fez a mudança no balanço.

Flávio se arrepende de não ter vinculado o departamento de futebol ao setor financeiro. Sob o comando de Itair Machado, vice de futebol de Wagner Pires de Sá, a Raposa gastava com a folha salarial dos atletas cerca de R$ 15 milhões ao mês, valor incompatível com a realidade do clube.
   
"A única coisa que eu tentei e não consegui foi o futebol, que não pode estar desatrelado de um orçamento da diretoria financeira. O diretor financeiro tem que dar palpite na contratação, não na parte técnica, mas na questão financeira. O muro que existe entre o futebol e o financeiro é intransponível, um dos poucos clubes que consegue fazer isso, que traça essa estratégia, é o Grêmio", disse Flávio Pena.

Aposta arriscada

Três diretores financeiros passaram pelo Cruzeiro com o ex-presidente Wagner. O primeiro deles, Divino Alves de Lima, ficou menos de três meses no cargo por causa da irresponsabilidade do departamento de futebol. “Não tive a habilidade necessária para conviver com o contraditório pelo meu excesso de transparência, contundência e retidão!”, diz parte da carta de despedida de Divino.

Divino assumiu o financeiro do clube em janeiro de 2018. Ele fez carreira em bancos e tinha mais de 36 anos de experiência no mercado financeiro. “Desligo-me hoje (15 de março de 2018) do Cruzeiro Esporte Clube com a frustração de não ter podido contribuir mais com a recuperação do nosso quase centenário clube”, escreveu Divino.

Naquela época, o Cruzeiro já buscava uma equação para as dívidas que cresceram na administração Gilvan de Pinho Tavares. Observando que não haveria responsabilidade financeira, Divino preferiu deixar o clube.

José Osvaldo Cardoso Sobrinho assumiu o cargo. Ficou até ser substituído por Flávio Pena.

Trabalho árduo do sucessor

Flávio Pena disse que o fato de ter participado da gestão de Wagner Pires de Sá contribuiu para a interrupção do trabalho. "Acho que influenciou sim. Mas eu sou um cara técnico, não sou conselheiro, nem amigo de conselheiro. Não sou amigo do Serginho nem do Itair. Fui o terceiro diretor financeiro dessa gestão (Wagner Pires de Sá)", frisou.

O substituto de Flávio Pena terá muito trabalho na área financeira. "O meu sucessor vai ter trabalho extramente cansativo, uma equipe sem crédito no mercado financeiro, mas o comitê gestor está passando credibilidade. Por outro lado, pode encontrar muitas oportunidades também, como o apelo do programa de sócio”.

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