O Superesportes teve aceso aos documentos do processo, no qual a Bem Protege alega que a “enorme crise financeira, institucional e técnica”, o rebaixamento do Cruzeiro, o afastamento de dirigentes, a renúncia do presidente Wagner Pires de Sá, as investigações das Polícias Civil e Federal, “denegriram a imagem da instituição esportiva e, por óbvio, macularam também o nome dos parceiros”.
A ação foi protocolizada no dia 30 de dezembro e o Cruzeiro ainda não foi intimado para apresentar defesa. O clube já retirou de suas propriedades (uniformes, banners, redes sociais, etc.) as marcas alusivas à empresa. No site oficial, os parceiros celestes são o banco Digimais, a Adidas, a Multimarcas Consórcios, o Supermercados BH, o frigorífico Saudali, o hospital Lifecenter, a cerveja Brahma, a fábrica de monitores LED AOC e as empresas do ramo alimentício Temperatta e Vilma.
Indenização milionária
O valor mais pesado cobrado do Cruzeiro pela patrocinadora é uma indenização por dano moral de R$ 2 milhões.
De acordo com a empresa “uma vez reconhecida a prática de atos públicos, pelos dirigentes do Cruzeiro (envolvimento em possíveis crimes de falsificação de documento particular, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro), fatos estes públicos e notórios (que independem de provas), e que tiveram como consequência ampla repercussão negativa na imagem da autora (danos morais), obviamente, tem-se por configurado o ilícito civil apto a ensejar a reparação de danos”.
A seguradora alega, ainda, que “restou comprovado, através das inúmeras reportagens veiculadas pela mídia, que o Cruzeiro, através de atos públicos de seus dirigentes, durante o ano de 2019, denegriram a imagem da marca Bem Protege, pertencente à Autora, causando-lhe enormes prejuízos”.
Termos do patrocínio e valores cobrados no processo
O valor do contrato de patrocínio assinado em fevereiro de 2019 é de R$ 840 mil, que seria pago pela Bem Protege ao Cruzeiro em 12 parcelas de R$70 mil. Segundo a empresa, até outubro do ano passado, o Cruzeiro já teria recebido R$490 mil.
Um dos pedidos do processo é a rescisão do contrato, com o consequente cancelamento do pagamento das cinco parcelas de R$70 mil que o Cruzeiro ainda tem a receber (de novembro de 2019 a março de 2020). Um total de R$350 mil.
E pela rescisão com “culpa exclusiva do Cruzeiro”, a empresa ainda cobra multa equivalente a 10% do valor do contrato, mais cláusula penal de R$16,8 mil, totalizando R$100,8 mil.
Descumprimento contratual
Além da crise celeste, a patrocinadora relata como outro motivo para a rescisão do contrato o descumprimento de diversas cláusulas por parte do Cruzeiro.
A Bem Protege afirma que o clube deixou de divulgar a marca da empresa da forma combinada em várias plataformas digitais, como posts no Instagram oficial do Cruzeiro e envio de e-mails marketing para os sócios-torcedores.
A autora do processo reclama, ainda, que sua marca não foi exibida em eventos do Cruzeiro, como campeonatos internos de futebol, degustação de vinhos, tarde italiana, Halloween e evento comemorativo do dia das crianças.
O rol de reclamações da seguradora é extenso. A empresa afirma que o Cruzeiro deixou de realizar três ações promocionais em campo de jogo e de ceder espaço para instalação de placas de publicidade na Toca da Raposa I.
Cadê o Raposão?
Até os mascotes oficiais do Cruzeiro – Raposão e Raposinho – viraram alvo de discussão na Justiça.
Segundo os termos do contrato, clube deveria ceder seus mascotes oficiais para quatro eventos da patrocinadora, o que, segundo a empresa não ocorreu.
Outras cláusulas que teriam sido descumpridas pelo Cruzeiro têm relação com experiências para o patrocinador.
A primeira delas, reclamada pela Bem Protege, é a realização de duas “visitas VIP” para os patrocinadores na Toca da Raposa II. Segundo o contrato, o Cruzeiro deveria promover, ainda, um tour por semestre no Mineirão, para dez pessoas. Mas, de acordo com a empresa, apenas uma visita ao estádio foi realizada.