“Infelizmente o Cruzeiro vive um momento político muito complicado. A esperança era realmente que o Pedro arrumasse a casa. Eu acho que é uma das poucas pessoas que têm condições de recolocar o Cruzeiro nos trilhos. Infelizmente, mais uma surpresa desagradável, hoje ele se desligou do clube”.
De acordo com Robertinho, o ambiente no Cruzeiro é de incertezas, visto que o clube deve quatro meses de salários e outras verbas trabalhistas e tem passivo geral de mais de R$ 700 milhões. “Nós funcionários que saímos e funcionários que ainda estão realmente estamos sem rumo, sem saída e sem saber o que vai acontecer. Torço mesmo para que o Cruzeiro volte a ser o que era antes e consiga retomar o seu caminho de sucesso como sempre foi”.
Robertinho trabalhava no Cruzeiro desde junho de 2010. Em quase dez anos, tornou-se um dos profissionais mais renomados de sua área, devido às grandes performances de Fábio e Rafael. No período, conquistou oito títulos: quatro estaduais (2011, 2014, 2018 e 2019), duas Copas do Brasil (2017 e 2018) e dois Campeonatos Brasileiros (2013 e 2014). Segundo o preparador, os momentos de glória deixavam jogadores e comissão técnica distantes de qualquer desavença política. Entretanto, os casos de corrupção da diretoria divulgados em maio afetaram o futebol no restante do ano e pesaram na campanha do rebaixamento à Série B.
“Futebol é assim. Quando se está ganhando, nós que trabalhamos dentro do campo não temos muita noção dessa questão política do clube. Como o Cruzeiro é um clube muito vencedor, bicampeão da Copa do Brasil nos últimos anos, vivíamos esse clima de vitórias, de estar sempre disputando competições importantes e na ponta da tabela. A gente ficava fora, não tinha muita noção. Mas nesse último ano, a coisa ficou turbulenta e chegou diretamente ao futebol. Aí o clima passou a ser de incerteza, não há como negar”.
Ainda assim, Robertinho se mostrou esperançoso na recuperação do Cruzeiro em longo prazo. “Tínhamos esperança de a coisa não chegar a um estágio tão grave como chegou. Infelizmente o Cruzeiro está passando por isso, mas é um clube muito grande, com 9 milhões de torcedores, que tem condições sim (de se recuperar). A gente torce por essa situação”.
O preparador de goleiros ainda falou sobre o futuro e negou ter sido procurado pelo Atlético. “Eu recusei propostas financeiramente melhores no passado. Mas tive algumas sondagens, muitos amigos no futebol dizendo que gostariam de contar com meu trabalho no futuro. Está recente a minha saída, estou fazendo o meu acerto ainda. Inevitavelmente, daqui um tempo vou trabalhar em outro clube”, disse. “Não me procurou (Atlético). Vou dar uma descansada agora e aproveitar a família”, encerrou.
Um dos fatores preponderantes para a saída de Robertinho era o salário considerado fora da realidade pelo Núcleo Dirigente Transitório - cerca de R$ 90 mil mensais. O ex-CEO Vittorio Medioli falou sobre o assunto em entrevista publicada pelo site Globoesporte no dia 30 de dezembro. “Tem treinador de goleiro que ganha cinco vezes mais que o treinador de goleiros do Flamengo. São discrepâncias absurdas. Isso foi feito em um estudo de 2018, que apontava irregularidades. Apontava que estavam pagando demais em determinados cargos”.
O Superesportes apurou que Robertinho estava disposto a reduzir o salário de R$ 90 mil para R$ 50 mil. Entretanto, não houve nem sequer conversa para a permanência. O profissional foi informado pelo supervisor administrativo Benecy Queiroz de que não continuaria na Toca. O Cruzeiro, que também dispensou o treinador de goleiros Leandro Franco, promoveu Leonardo Lopes, conhecido como Leo Taná, do time sub-20 ao principal. Ele já treina os goleiros Fábio, Rafael, Vitor Eudes e Vinícius.