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Dalai Rocha critica política de salários na gestão de Wagner Pires no Cruzeiro: 'Salto de canguru'

Presidente em exercício diz que Conselho Gestor 'se assusta' quando toma conhecimento sobre aumentos de remunerações no clube

postado em 07/01/2020 11:07 / atualizado em 07/01/2020 11:12

(Foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)


O presidente em exercício do Cruzeiro, José Dalai Rocha, criticou a política de reajuste salarial implantada na gestão de Wagner Pires de Sá, que renunciou ao mandato em 19 de dezembro após pressão de opositores no Conselho Deliberativo e também de torcedores. Ele utilizou a expressão “salto de canguru” para classificar as ações que tornaram a dívida de R$ 700 milhões impagável em curto prazo.

“Não é só pelo fato de alguém ter trabalhado na antiga diretoria que seria excluído. Mas está sendo feita uma auferição com base em salários. Uma das características da administração passada é uma prodigalidade na qual não encontramos razão de subir salários. A pessoa ganha 5 mil reais, é um bom funcionário, aí passa para 15 mil. O Conselho Gestor se assusta a todo momento quando vê a progressão salarial. Eles são empresários, homens com 10, 15, 20 mil funcionários. Esses homens, quando têm funcionários que ganham 3 mil reais, que desempenham muito bem o seu papel, aumentam para 3.500. E no outro ano aumenta para 4. O funcionário fica satisfeitíssimo. No Cruzeiro, o salto é de canguru. De 3 para 12, de 12 para 30, de 30 para 60 (mil). Assim aereamente. É isso que estamos suportando agora. Um absurdo”.

Segundo José Dalai Rocha, integrantes dos departamentos médico e de fisioterapia do Cruzeiro chegavam a receber três ou quatro vezes mais que profissionais de outros clubes. “Isso estava sendo mostrado desde maio do ano passado. O departamento médico do Cruzeiro - comparado a Flamengo, Santos, Internacional, Grêmio e Corinthians - gasta três ou quatro vezes mais que esses times. Um fisioterapeuta no Santos ganha 6 ou 7 mil. Aqui ia para 15, 20 ou 30”.

O presidente também reclamou do alto custo para manter as categorias de base sem ter a contrapartida de formação e venda de jogadores por valores satisfatórios. “Paralelamente, o aproveitamento das divisões de base foi um absurdo. O Cruzeiro gastou R$ 51 milhões com divisões de base e teve lucro de R$ 2 milhões. O Santos gastou R$ 25 milhões e teve lucro de R$ 180 milhões”.

Apesar da catastrófica administração de Wagner Pires, que culminou com o rebaixamento do Cruzeiro à Série B, alguns profissionais serão mantidos - desde que tenham remunerações dentro da realidade. “Funcionários que trabalharam na gestão passada, com bom desempenho e com salário compatível, estão sendo mantidos. Outros, infelizmente corta o coração, pessoas amigas, boas, mas o Cruzeiro não está suportando essa carga”, ressaltou Dalai.

“A política de restauração da credibilidade continua sendo feita. Todos os dias tem uma reformulação. A preocupação é essa, de excelência. É um processo, mas é um processo cauteloso. Não podemos tirar uma peça sem colocar um substituto que atenda às contingências urgentes. O Cruzeiro está sendo passado a limpo para não cometermos injustiças”, completou o mandatário.

Nessa segunda-feira, antes da reapresentação para a temporada 2020, o Cruzeiro demitiu vários profissionais ligados ao departamento de futebol, entre eles o diretor Marcelo Djian, o preparador de goleiros Robertinho e o gerente Marcone Barbosa. Também foram feitos desligamentos nas áreas de fisioterapia, médica, preparação física e comunicação. A intenção do Conselho Gestor é reduzir o quadro de colaboradores de mais de 700 para cerca de 500.

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