O Cruzeiro facilitará negociações de jogadores que, porventura, não aceitarem reduzir os salários em 2020. Contratado pelo clube por indicação de Alexandre Mattos, o diretor de futebol Ocimar Bolicenho deu detalhes de como funcionará o processo.
“A ideia é, da maneira mais honesta possível, chamá-los e chegar a uma conclusão em conjunto. Será estudado caso a caso. Aqueles que não quiserem reduzir ou chegar a um bom termo com o Cruzeiro atual, vamos facilitar uma negociação ou tentar uma saída para que todas as partes fiquem satisfeitas”.
Um caso com resolução avançada é o do zagueiro Fabrício Bruno, que cobrava R$ 3,5 milhões na Justiça do Trabalho por causa de atrasos em salários, direitos de imagem, FGTS, férias e outras verbas trabalhistas. A solução encontrada foi negociar o defensor com o Red Bull Bragantino por R$ 2,8 milhões. O Cruzeiro ficará com R$ 2 milhões, pagará ao atleta R$ 800 mil (referente às dívidas) e se livrará do processo judicial.
“Uma das primeiras coisas que tivemos foi uma conversa com os representantes do Fabrício Bruno. Foi uma conversa muito proveitosa. Muito provavelmente, teremos uma solução para o caso dele ainda esta semana”, frisou Bolicenho.
Outros três jogadores vão deixar o Cruzeiro. Por meio de rescisões amigáveis, o lateral-esquerdo Egídio e o volante Henrique estarão livres para assinar com o Fluminense. Já o meia Marquinhos Gabriel será emprestado por um ano ao Athletico-PR. O lateral-direito Edilson desperta o interesse do Grêmio, clube pelo qual conquistou a Copa do Brasil de 2016 e a Copa Libertadores de 2017, enquanto o zagueiro Dedé está no radar do Vasco. Esses dois últimos casos serão resolvidos em breve pela diretoria celeste.
“São especulações. De oficial, absolutamente nada. Espero que amanhã (hoje) tanto Edilson quanto Dedé cheguem para conversar. Se tiver alguma proposta, vamos analisar e resolver a questão”, declarou Ocimar.
O dirigente espera chegar a um entendimento com o meia Thiago Neves, que não se reapresentou ao clube nessa segunda-feira. Também em razão de atrasos salariais, o camisa 10 cobra R$ 16 milhões do Cruzeiro na Justiça.
“Espero que o Thiago Neves venha para a sede, que a gente possa conversar e saber o que ele pensa. As pessoas que estão aqui não estavam há um mês. Thiago Neves é formado no Paraná. Quem sabe essa proximidade nossa não possa abrir uma conversação melhor do que foi conduzida até agora”, encerrou.
Por ora, o Cruzeiro ainda não encontrou soluções para pagar os salários atrasados. Ex-CEO do clube, Vittorio Medioli afirmou no dia 26 de dezembro que a dívida com jogadores correspondia a R$ 95 milhões, maior que o orçamento de R$ 80 milhões disponível para 2020. Por causa do momento difícil ocasionado pela gestão de Wagner Pires de Sá, o presidente em exercício da Raposa, José Dalai Rocha, evitou estipular prazos e pediu compreensão e paciência aos atletas.
“Reunimos com os atletas, mas não apresentamos solução. Pedimos compreensão a quem não pode mais esperar. Mas estamos pedindo. É o único caminho. O Cruzeiro, hoje, é uma terra arrasada, infelizmente. A administração passada agiu como se estivéssemos em uma filial da casa da moeda. As dívidas são astronômicas”.
O objetivo do Cruzeiro de momento é enxugar a folha de pagamento dos jogadores de R$ 15 para R$ 5 milhões. Também haverá redução no quadro de funcionários, de mais de 700 para cerca de 500.