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CRUZEIRO

Depois de apenas duas semanas no cargo, CEO do Cruzeiro anuncia saída do clube

Vittorio Medioli justificou sua saída, dizendo que o estatuto celeste não permite que ele fique no cargo

Redação
Rebaixado pela primeira vez, Cruzeiro vive sua pior crise de sua história - Foto: Leandro Couri/EM/D.A PressO empresário Vittorio Medioli não será o CEO do Cruzeiro na temporada de 2020. Neste domingo, em sua coluna no jornal O Tempo, o agora ex-dirigente celeste, que ficou somente duas semanas no cargo, frisou que o "CEO do Cruzeiro será outro", justificando sua saída com base na lei. "Ficou esclarecido que o estatuto do Cruzeiro me impede de assumir. (...) A lei não me permite. Meu gesto poderia gerar mais instabilidade e problemas ao Cruzeiro", disse Medioli, que é prefeito de Betim.



Medioli garantiu que segue acompanhando o trabalho do Conselho Gestor no Cruzeiro, mas que não se envolverá tanto como vinha fazendo. Ele criticou o estatuto do clube e pediu "a elaboração de um estatuto coerente e alinhado com a realidade", ressaltando que seria interessante o clube se tornar empresa.

No texto, o empresário ainda faz graves denúncias, que deixaram o clube com a saúde financeira completamente comprometida, como está atualmente. "A farra foi prolongada até o último segundo, deixando o ambiente desertificado. Teve até dirigente demissionário que se atribuiu multa rescisória de R$ 2 milhões, que sacou de imediato na boca do caixa", escreveu.

Além disso, ainda em sua mensagem, Vittorio deixou claro o que acontecia dentro do clube. "A longa agonia do Cruzeiro possibilitou alongar até a última hora as dívidas, os empréstimos extorsivos, as operações inqualificáveis, as sonegações e uma série de imbecilidades em prejuízo do clube. Desvios de materiais, vendas por valores irrisórios de atletas jovens, compra por valores inacreditáveis de jogadores em final de carreira."


Financeiro

Medioli também esclareceu que a real situação financeira do clube celeste, em pré-falência, deveria ter se tornado pública há três anos. Segundo ele, em 2017 a situação já era complicadíssima, e agora em 2020, se tornou " imensamente longe do reparável. Quando era necessário cortar um dedo gangrenado para salvar a mão, nada se fez. No Cruzeiro deixaram gangrenar os dois braços, as duas pernas e até os órgãos reprodutores. Sobrou uma massa em decomposição. Um clube financeiramente aniquilado, enquanto ex-dirigentes esbanjavam saúde e alegria."

Também acusou conselheiros, dirigentes e "um mundo indecifrável de figuras, capazes de qualquer coisa", de serem donos de passe de atletas. Sobre as categorias de base celeste, Medioli citou números assustadores. "O Cruzeiro gastou R$ 53 milhões em desenvolvimento e teve receita de R$ 2 milhões, com perda líquida de R$ 51 milhões. Isso é surpreendente", disse.

Finalizando, Medioli frisou que a tarefa de recuperar o clube não será fácil. "Não quero matar a esperança de ninguém, mas alertar que há de se fazer um trabalho enorme de limpeza, enxugamento, restauração da credibilidade e, ainda, político para que leis cabíveis amparem a migração do Cruzeiro para clube-empresa, vinculando-o assim a regras objetivas. (...) O Cruzeiro, assim como a paixão pelo futebol, tem força para mudar as leis e abrir uma via de reconstrução. Estamos aí para ajudar."


Posição do Cruzeiro

Em nota, o Cruzeiro afirmou que o afastamento de Medioli ocorreu por motivos pessoais. O clube informou, ainda, que Saulo Fróes, presidente do Núcleo Dirigente Transitório, irá se reunir nesta segunda para traçar novas diretrizes após o afastamento do ex-CEO.

Leia a íntegra da nota emitida pelo Cruzeiro
O presidente do Núcleo Dirigente Transitório do Cruzeiro Esporte Clube, Saulo Fróes, informa que o grupo vai se reunir nesta segunda-feira para traçar novas diretrizes após o afastamento do CEO, Vittorio Medioli, por motivos pessoais.

Após a reunião, torcedores e imprensa terão uma informação oficial.

Belo Horizonte, 5 de janeiro de 2020.

Departamento de Comunicação