Cruzeiro descarta contratações para janeiro e prioriza pagamento de salários atrasados

Sem previsão de receitas em curto prazo, com três meses de salários atrasados e dívida geral de R$ 700 milhões, o Cruzeiro não fará contratações para janeiro de 2020. De acordo com o vice-presidente de futebol Pedro Lourenço, a prioridade é acertar o pagamento de ao menos um mês de remuneração e de parte do 13º.

“Contratações não vamos fazer. Estamos trabalhando para arrumar recurso e pagar os salários. Já vamos para quatro meses de salários atrasados. Queremos pagar ao menos um mês e ganhar tempo com os jogadores. É impossível, o cara ficar quatro meses sem receber, é difícil. A obrigação nossa é arrumar recursos para, no início de janeiro, pagar salários e um pedaço do 13º”.

Contando salários, direitos de imagem, 1/3 de férias, 13º, FGTS e outras verbas trabalhistas, a dívida do Cruzeiro gira em torno de R$ 95 milhões. Nos próximos dias, a diretoria se reunirá com representantes de jogadores para lhes deixarem a par do caos financeiro.

“Nós vamos expor a situação do Cruzeiro hoje para todos os procuradores dos jogadores. Na Série B, você não consegue pagar muito. Vamos chamá-los e conversar com eles. O Cruzeiro não tem condições de pagar o teto de salários que vêm pagando”, explicou Pedro Lourenço.

Segundo o vice-presidente-executivo Vittorio Medioli, o objetivo é estabelecer um teto de R$ 150 mil. A folha completa geraria gasto mensal de R$ 4 a R$ 5 milhões - bastante aquém dos R$ 15 milhões atuais, mas ainda superior às dos demais clubes da Série B.

“O teto deverá ser cerca de R$ 150 mil. Tem gente que ganha R$ 1 milhão. Se quiser ficar com R$ 150 mil, ótimo. Agora, não queremos brigar, e sim mostrar que não há como contratar sem ter dinheiro. É uma realidade crua”.

Com o corte de despesas, o Cruzeiro não vai dificultar saídas de jogadores para times da Série A. O lateral-esquerdo Dodô, por exemplo, já acertou os detalhes de sua rescisão. Ele é alvo do Corinthians. O atacante Fred desperta o interesse do Fluminense, enquanto o lateral-direito Edilson é bem avaliado no Grêmio.

“Se tiver um clube, se for melhor para ele um time de Série A, vamos ver a possibilidade que será melhor para eles e para o Cruzeiro. Não podemos descartar um patrimônio. Se Deus quiser, vamos arranjar uma solução. Vai dar certo”, declarou Pedro Lourenço.

Quem aceitar reduzir as remunerações terá a missão de liderar um grupo formado por muitos jovens no Campeonato Mineiro. Somente na Série B é que o Cruzeiro deverá se reforçar, de preferência com contratos no máximo até dezembro de 2020. Paralelamente, o Conselho Gestor, liderado por Vittorio Medioli, anunciará um plano de redução do passivo do clube.