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Salários atrasados, dívida de R$ 700 milhões e caixa zerado: vice de futebol se espanta com crise no Cruzeiro e pede paciência à torcida

Pedro Lourenço voltou a falar sobre caos financeiro do clube

postado em 26/12/2019 19:15 / atualizado em 27/12/2019 01:03

(Foto: Paulo Galvão/EM D.A Press)
Rebaixamento à Série B, atraso salarial de três meses, dívida geral de R$ 700 milhões e caixa praticamente zerado. Esse é o legado deixado pelo ex-presidente Wagner Pires de Sá no Cruzeiro, que iniciará, em 2020, o planejamento visando ao retorno à primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Em entrevista à Rádio Itatiaia nesta quinta-feira, o vice-presidente de futebol Pedro Lourenço se mostrou espantado após participar das três primeiras reuniões do Conselho Gestor, cuja missão é salvar o clube do buraco cavado pela administração anterior. Ele também pediu paciência à torcida nos próximos meses, visto que os recursos para realizar contratações praticamente não existem.

Está muito pior do que pensávamos. Mas estamos aí, trabalhando com o Vittorio (Medioli) e o pessoal para criarmos um rumo para o Cruzeiro. Realmente, o Cruzeiro passou do fundo do poço. O que a gente pede é paciência para a torcida do Cruzeiro. Contratar não vamos contratar, porque não temos dinheiro e os jogadores já vão para quatro meses de salários atrasados. Os jogadores estão voltando, e nós temos compromisso que não sabemos nem como vamos fazer. Estamos reunidos aqui para tentar alguma criatividade e ver o que fazer. A situação do Cruzeiro não é apenas grave, é caótica. A torcida do Cruzeiro não merece passar o que está passando”, disse.

“O que apuramos até agora é que são mais de R$ 700 milhões (de dívida). A da Fifa é de R$ 52 milhões. Tem que pagar US$ 4 milhões (R$ 16 milhões) em janeiro (o vice de futebol não detalhou qual é o caso). A folha do Cruzeiro hoje é de 15 milhões de reais. Ou seja, serão quatro (em atraso). Hoje não tem receita. Foi antecipado durante três anos para frente. A folha de 15 tem que reduzir… se você ver os salários que está no futebol, dá para a gente comprar outra rede de supermercado. É fora da realidade de qualquer coisa no Brasil”, acrescentou.

Conforme a explicação de Pedro Lourenço, essas dívidas emergenciais estariam perto de R$ 100 milhões, sendo R$ 52 milhões em processos na Fifa por contratações não pagas e R$ 45 milhões em remunerações em aberto - o débito chegará a R$ 60 milhões se a folha de dezembro, com vencimento em 7 de janeiro, não for quitada.

Além de contar com a compreensão dos torcedores, Lourenço espera que os jogadores confiem no plano de pagamento de dívidas a ser elaborado pelo Conselho Gestor. Segundo ele, ninguém ficará sem receber o que tem direito. “O que nós vamos falar com eles? Que não temos como pagar hoje. Tem que fazer uma composição. O Cruzeiro vai pagar, não dará cano, mas precisamos de um tempo para nos organizar e buscar receita. Com calma, daremos um jeito. Tem que subir o Cruzeiro. Não pode ficar do jeito que está. Alguma coisa vamos fazer”.

De acordo com Vittorio Medioli, CEO do Cruzeiro, o orçamento para 2020 será de R$ 80 milhões. Nem tudo será gasto com futebol, pois a ideia é reservar ao menos R$ 20 milhões para amortizar parte das dívidas. Assim, o clube trabalhará com folha salarial de R$ 4 a 5 milhões. Pedro Lourenço acredita que a torcida pode colaborar no impulsionamento das receitas do clube aderindo ao programa Sócio 5 Estrelas.

“Nós estamos levantando a receita que teremos e o que faremos. Vamos fazer um sócio-torcedor para tentar recuperar”, comentou. “Não sabemos a fórmula ainda. Estamos no terceiro dia de reunião com o Medioli e toda a turma para criar uma estrutura e começar”, completou o dirigente.

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