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Cruzeiro prepara mudanças na área administrativa, e diretores ligados à gestão de Wagner Pires de Sá deixam o clube

Em situação financeira difícil, clube pretende reduzir gasto com pessoal

Rafael Arruda Bruno Furtado
Cruzeiro demitirá diretores ligados à administração de Wagner Pires de Sá - Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro
Com o objetivo de reduzir o gasto com pessoal, o Cruzeiro prepara mudanças em sua estrutura administrativa. Vários diretores ligados à gestão de Wagner Pires de Sá, que renunciou à presidência na última sexta-feira, não vão permanecer no clube.



A reportagem apurou que o diretor de eventos Paulo Roberto Lopes, conhecido como Paulinho Céu Azul, já foi desligado de sua função. Quem também deve sair é o diretor dos clubes sociais, Alexandre da Rocha Comoretto, o Gaúcho.

Paulinho Céu Azul era um dos homens de confiança de Wagner, enquanto Gaúcho tinha forte ligação com o ex-vice de futebol Itair Machado. Este último, inclusive, atuava de maneira incisiva para captar apoio ao grupo denominado ‘Família União’, fiel à administração do ex-presidente, e qualificava Itair como "o melhor dirigente esportivo do Brasil".

Já Céu Azul recebeu enxurrada de críticas de torcedores pelo fato de sua área ter gastado R$ 908 mil com festas em 2018. Apenas a celebração da Copa do Brasil gerou passivo de cerca de R$ 600 mil. Na lista das 'farras' ainda há aniversários de conselheiros, jantares de dirigentes e datas comemorativas.


Outros dois apoiadores de Wagner Pires de Sá dispensados do Cruzeiro são Vitório Galinari, administrador do clube social da Pampulha, e Jorge Lúcio Turci, responsável por coordenar a recreação no local. Neste domingo, eles se despediram dos frequentadores do parque esportivo. Alguns associados chegaram a gravar vídeos do pronunciamento da dupla.

“Eu gosto de entregar o trabalho bem feito. O futebol infelizmente não é a nossa parte, né Vitório? Talvez se estivéssemos lá, teríamos feito de outra forma. Meu negócio é clube, é social, é divertir com as pessoas. E eu agradeço a todos que participaram desses dois anos com a gente”, disse Turci, ao lado de Galinari em uma espécie de palco do clube. Ronaldo de Assis Carvalho, diretor da sede social do Barro Preto, também foi demitido.

Humberto Pires de Sá, filho de Wagner, que trabalhava na base, recolheu seus pertences na Toca da Raposa I na sexta-feira. A decisão foi tomada tão logo seu pai abriu mão da presidência. Fernanda Moraes de São José, mulher de Wagner, frequentava diariamente a sede administrativa como responsável pelo Instituto 5 Estrelas. Agora, tende a tomar o mesmo rumo do marido.


Conselheiros não poderão ser remunerados


Dos nomes citados pela reportagem, Paulinho Céu Azul, Vitório Galinari e Jorge Lúcio Turci são conselheiros do Cruzeiro. Segundo o presidente em exercício, José Dalai Rocha, a partir de segunda-feira nenhum integrante do órgão poderá ter cargo remunerado no clube.

“Segunda-feira estará resolvido isso. Vai ser resolvido da seguinte forma: você é conselheiro e remunerado, qual a sua opção? Quer perder o cargo (remunerado) ou o posto de conselheiro nato? É uma opção. É isso que estamos fazendo”, disse, em entrevista à Rádio Itatiaia.

Dalai, contudo, evitou adiantar quem será demitido, já que o Conselho de Notáveis - formado por Pedro Lourenço, Emílio Brandi, Alexandre de Souza Faria, Carlos Ferreira Rocha, Jarbas Matias dos Reis, Walter Cardinalli Júnior e Saulo Tomaz Froes - tomará as decisões até a realização de nova eleição, em maio de 2020.



“Veja só. Se a gente delega, temos que esperar a pessoa agir. Nós delegamos um grupo para examinar isso. Então não gostaria de antecipar, pois até estaria tirando a autoridade deles. Nós estamos com pouco tempo. Assumimos na sexta-feira, praticamente. Por isso estamos andando com rapidez. Agora, não quero atropelar e nem passar à frente de quem delegamos poderes em relação a isso. Não quero antecipar”.

Entre os conselheiros remunerados do Cruzeiro estão o diretor comercial Renê Salviano, o diretor administrativo e de patrimônio Alexandre Lemos, o gerente de base Wilmer Mendes e o assessor de futebol Jorge Washington.

Sindicância


Em maio de 2019, o ex-presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, Zezé Perrella, criou uma comissão de sindicância para apurar as contas do Cruzeiro, pouco depois de o programa Fantástico, da TV Globo, noticiar investigação da Polícia Civil contra a diretoria celeste por suspeitas de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e falsidade ideológica, além de quebra de regras da CBF, da Fifa e do Governo Federal.



Os conselheiros Jarbas Matias dos Reis e Walter Cardinali Júnior elaboraram os relatórios e entregaram ao presidente Wagner Pires de Sá no dia 18 de julho. As páginas 32 a 37 apontaram um custo anual de R$ 8 milhões com conselheiros prestadores de serviço por meio de pessoa jurídica (PJ). As remunerações de 30 profissionais variavam de R$ 1.600,00 a R$ 125.000,00.

O vultoso salário de R$ 125 mil era de Sérgio Nonato, ex-diretor-geral do Cruzeiro e chefe de departamentos importantes do clube, como comercial, administrativo e marketing. O antigo comentarista do programa Alterosa Esporte, da TV Alterosa, havia sido eleito para o conselho efetivo em 2017.

Renúncias dos dirigentes eleitos na eleição de 2017


Wagner Pires de Sá - presidente (renunciou no dia 20/12)
Hermínio Lemos - 1º vice-presidente (renunciou no dia 20/12)

Ronaldo Granata - 2º vice-presidente (renunciou no dia 20/12)

Deixaram o clube durante as investigações da Polícia Civil


Sérgio Nonato - diretor-geral (pediu demissão em outubro)

Itair Machado - vice-presidente de futebol (foi demitido em outubro)

Funcionários da estrutura de poder demitidos no segundo semestre


Amarildo Ribeiro - diretor da base

Leandro Freitas - coordenador do sócio / gerente de marketing / diretor de marketing

Túlio Cerqueira - coordenador do programa sócio

Ana Flávia Nazaré - gerente de marketing

Fabrício Visacro - assessor do futebol e cunhado de Itair

Paula Trindade - gerente de eventos e relações públicas

Julio Espetáculo - área de eventos

Gustavo Perrella - prestador de serviço

Paulo Vicente - gestão de arena

Diretores e funcionários desligados após a renúncia de Wagner, no dia 20/12


Paulo Roberto Lopes Soares, o ‘Paulinho Céu Azul’ - diretor de eventos

Vitório Galinari - diretor da Sede Campestre

José Maria ‘Cachimbinho’ - diretor da Sede Campestre

Ronaldo de Assis Carvalho - diretor do Parque Esportivo do Barro Preto

Humberto Pires de Sá (filho de Wagner) - sem função na base

Funcionários ligados à estrutura de poder com situação indefinida


Cargos diversos na Sede e nos clubes sociais

Fernanda São José (esposa de Wagner) - diretora do Instituto 5 Estrelas

Marco Túlio Miranda - assessor da presidência

Older Milhorato - gerente administrativo

Alexandre Comoretto (Gaúcho) - diretor da Sede Campestre

Hudson Barbosa Moura - Escola de Esportes

Fábio Elias - Escola de Esportes
Base

Quintiliano Lemos - diretor administrativo da base

Wilmer Mendes - gerente de base

Guilherme Cruz - ex-superintendente da base / secretário-geral de Wagner
Jurídico

Fabiano de Oliveira Costa - diretor jurídico
Fernanda Saad - integrante do departamento jurídico

Financeiro

Flávio Pena - diretor financeiro

Comercial

Renê Salviano - diretor comercial
Marketing e Arena

Elisa Moysés - analista de marketing
Silvio Costa - gerente de arena

Futebol

Marcelo Djian - diretor de futebol

Marcone Barbosa - gerente de futebol

Pedro Moreira - supervisor de futebol

Benecy Queiroz - supervisor administrativo

Jorge Washington (Jorginho) - assessor do futebol

Conselheiros remunerados ou prestadores de serviço:


Saíram após a renúncia de Wagner Pires de Sá


Paulinho Céu Azul (Nato) - diretor de eventos
José Maria ‘Cachimbinho’ (Nato) - administrador Sede Campestre

Vitorio Galinari (Nato) - diretor Sede Campestre

Jorge Turci (Efetivo) - recreação Sede Campestre

Ronaldo de Assis Carvalho (Efetivo) - diretor PE do Barro Preto

Angelo Viana (Nato) - Parque Esportivo do Barro Preto

Ainda no cargo ou prestando serviço

Alexandre Lemos (Nato) - diretor administrativo e de Patrimônio

Renê Salviano (Efetivo) - diretor comercial

Older Milhorato (Efetivo) - gerente administrativo

Guilherme Cruz (Nato) - ex-base e secretário-geral de Wagner

Wilmer Mendes (Nato) - gerente de base

Angelo Catabriga (Nato) - categorias de base

Jorge Washington, o Jorginho (Nato) - assessor do futebol

Alonso (Efetivo) - Sede Campestre

Parreiras (Nato) - Sede Campestre

William Peixoto (Efetivo) - Sede Campestre

Gislene (Efetivo) - Sede Campestre Campestre

Hudson Barbosa Moura (Nato) - Escola de Esportes

Fábio Elias (Efetivo) - Escola de Esportes

Luiz Cláudio, o Xedinho (Nato) - prestador de serviço

Roberto Rocha, o Caixote (Nato) - prestador de serviço

Jairo Venâncio, o Jairinho (Efetivo) - área administrativa

Salários de conselheiros, segundo a Comissão de Sindicância de julho de 2019


Conselheiro 1 - R$ 125.000,00


Conselheiro 2 - R$ 50.000,00
Conselheiro 3 - R$ 30.000,00
Conselheiro 4 - R$ 20.000,00
Conselheiro 5 - R$ 14.000,00
Conselheiro 6 - R$ 13.333,00
Conselheiro 7 - R$ 12.600,00
Conselheiro 8 - R$ 12.369,00
Conselheiro 9 - R$ 12.000,00
Conselheiro 10 - R$ 12.000,00
Conselheiro 11 - R$ 12.000,00
Conselheiro 12 - R$ 11.000,00
Conselheiro 13 - R$ 10.871,00
Conselheiro 14 - R$ 10.000,00
Conselheiro 15 - R$ 10.000,00
Conselheiro 16 - R$ 8.819,00
Conselheiro 17 - R$ 8.000,00
Conselheiro 18 - R$ 8.000,00
Conselheiro 19 - R$ 8.000,00
Conselheiro 20 - R$ 8.000,00
Conselheiro 21 - R$ 7.500,00
Conselheiro 22 - R$ 7.000,00


Conselheiro 23 - R$ 5.500,00
Conselheiro 24 - R$ 5.000,00
Conselheiro 25 - R$ 4.000,00
Conselheiro 26 - R$ 4.000,00
Conselheiro 27 - R$ 4.000,00
Conselheiro 28 - R$ 3.500,00
Conselheiro 29 - R$ 3.000,00
Conselheiro 30 - R$ 1.600,00