Rodrigues disse que já esperava essa atitude de jogadores como Thiago Neves, mas não de um atleta formado na Toca da Raposa I e declaradamente cruzeirense desde criança. “Ele tem a receber, mas precisava ter paciência, entender que o Cruzeiro está atravessando uma fase difícil e estamos tentando resolver. Vem aí o Conselho Gestor, está correndo atrás de patrocinadores para honrar com os compromissos”.
“O Fabrício Bruno não poderia fazer isso com a gente, porque nós o revelamos, foi criado no Cruzeiro. Até em reunião que tivemos, falei com empresário que sou como um pai para o Fabrício Bruno. Ele, como todos os meninos da base com quem trabalhei na Toca I, considero como filho. Quando subia alguém, era mais um filho com sucesso. No caso dele, fomos pegos de surpresa. Tinha que aguardar um pouco”, disse Márcio ao Superesportes.
Tentativa de acordo
Nos próximos dias, Márcio Rodrigues pretende se reunir com Fabrício Bruno e os agentes Luciano Brustolini e Fábio Melo para tentar um acordo e a reintegração do defensor ao elenco. “Vamos conversar com ele, tentar sim um acordo. Ele é cruzeirense aqui de Contagem, precisa entender o esforço do clube de resolver essa situação”.
Recusa de proposta teria sido gota d´água
O fator decisivo para Fabrício Bruno optar pela rescisão unilateral foi a recusa, por parte de Márcio Rodrigues, de uma proposta do Celtic, da Escócia.
Uma oferta oficial não chegou a ser formalizada pelos escoceses, mas valores e forma de acordo foram discutidos.
O Celtic estava disposto a pagar 3 milhões de euros, sendo 2 milhões à vista e o restante dividido em duas parcelas de 500 mil. Na moeda nacional, a totalidade do negócio girava em torno de R$ 13,5 milhões.
O Cruzeiro, no entanto, não quis conversar por tais valores, alegando que o zagueiro tinha potencial de render uma quantia bem maior. Mesmo com o argumento dos intermediários de que Fabrício havia terminado a temporada como reserva, em um elenco que acabara de ser rebaixado à Série B, a diretoria preferiu manter o atleta de 23 anos.
Fabrício Bruno sempre declarou sua torcida pelo Cruzeiro desde a infância - Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro
Fabrício Bruno, portanto, deixou de ser um ativo de R$ 13,5 milhões e passou a ser um possível passivo de R$ 3,5 milhões, caso mantenha a ação e solicite, via Justiça do Trabalho, a saída do clube que o formou profissionalmente.
Márcio Rodrigues disse que tentou conciliar os interesses de Fabrício Bruno e do Cruzeiro na negociação. O Celtic, por sua vez, encerrou as conversas. “O Celtic não fez proposta oficial, foi por meio do empresário. O Cruzeiro, então, apresentou uma contraproposta. Não posso vender um titular do Cruzeiro por coisa pequena. Não quer dizer que o negócio teria que ser fechado pelo valor da nossa contraproposta. Numa negociação você cede de um lado, a outra parte cede também”.
“A proposta deles era verbal. Nós é que colocamos a nossa no papel. Não fomos resistentes. Simplesmente queríamos valorizar um jogador do Cruzeiro, chegar a um valor bom para o clube”, complementou o vice-presidente de futebol.
Com a camisa do Cruzeiro, Fabrício Bruno disputou 34 jogos e marcou um gol. Em 2017 e 2018, esteve emprestado à Chapecoense, onde ganhou experiência profissional.