Visto pelo presidente do Conselho Deliberativo, José Dalai Rocha, como entrave para renúncia em bloco da chapa eleita em 2017 - Wagner Pires de Sá e Hermínio Lemos já teriam aceitado -, Granata admitiu rever a posição se os empresários dispostos a assumirem a gestão do Cruzeiro o colocarem como “pedra no caminho” (assista ao vídeo abaixo).
“Sempre pelo bem do Cruzeiro. Faço qualquer… Decisão. Se eu escutar da boca dos empresários que estou atrapalhando, que sou a pedra do caminho... Uma pessoa que está limpa, honesta, que não está sendo investigada, que está atrapalhando a entrada desses empresários… Eu queria ser chamado”, disse, sempre orientado por seu estafe.
Conforme informou a reportagem nessa terça-feira, Dalai Rocha articula para formação de um Conselho Gestor com cinco integrantes - esse número poderia chegar a sete. Dos cinco integrantes, dois seriam Pedro Lourenço, da rede Supermercados BH, e Emílio Brandi, do grupo Nova Safra. Outro provável componente é o empresário Aquiles Diniz.
Conforme informou a reportagem nessa terça-feira, Dalai Rocha articula para formação de um Conselho Gestor com cinco integrantes - esse número poderia chegar a sete. Dos cinco integrantes, dois seriam Pedro Lourenço, da rede Supermercados BH, e Emílio Brandi, do grupo Nova Safra. Outro provável componente é o empresário Aquiles Diniz.
Apesar da declaração, Granata deixou claro em outros momentos da entrevista que a posição de não renunciar segue valendo. Ele destacou, em mais de uma oportunidade, que não ouviu da boca do presidente Wagner e do primeiro vice, Hermínio Lemos, sobre a disposição em renunciar. “Eu não escutei essa palavra”, garantiu.
Durante a entrevista, Granata também foi questionado sobre o quanto sua decisão poderá afetar o futuro do Cruzeiro e retardar o início de uma recuperação financeira e administrativa. Ele se disse vítima do processo. “O presidente está jogando nas minhas costas uma responsabilidade que é dele, se renuncia ou não”, reclamou.
Leia, na íntegra, a entrevista de Ronaldo Granata ao Superesportes:
O senhor confirma que não renunciará ao cargo de vice-presidente, ainda que Wagner e Hermínio tenham aceitado? Por quê?
A minha renúncia está descartada há muito tempo e eu não escutei da boca do Wagner nem do Hermínio que vão renunciar. Em nenhum momento eu escutei isso da boca deles. (Não renuncio) Porque eles estão tomando um caminho errado. O primeiro caminho é a renúncia do presidente, porque eu não estou envolvido em nada, não tem denúncia, acusação contra minha pessoa. Não participei de ato nenhum desta gestão. Porque estão começando pressão a partir do segundo vice? Uma pressão não deveria começar pelo presidente? A quem interessa isso?
Mas o que a gente acompanhou foi justamente isso. Uma pressão ao Wagner, e depois das informações da reunião de ontem, quando Wagner e Hermínio aceitaram a renúncia, essa pressão foi para o senhor aceitar.
Eu não escutei da boca do presidente e do Hermínio falando de renúncia. Eu não escutei essa palavra.
Mas e a carta do Dalai? Ele deixou muito claro que só faltava o senhor abrir mão do seu cargo.
Eu achei estranho ele não ter me procurado antes da carta e achei mais estranho ainda ele, como juiz de direito, não tocar um processo de impeachment contra o presidente, que é quem está sendo acusado de má gestão, gestão temerária e tudo que está acontecendo. Dalai é conselheiro, como cruzeirense conhece o estatuto, sabe que o processo natural é pedir o impeachment do presidente. Essa história de impeachment coletivo joga todo mundo na vala comum. Eu não pertenço a esse grupo, não faço parte desse grupo que estava administrando.
Você fala que está pronto para assumir o clube, mas na prática não assumirá nada, uma vez que não há chance de o Wagner renunciar se não for em bloco... Valerá a pena seguir?
Eu não sei a quem interessa, que tanto interesse tem o presidente nesta renúncia coletiva. Ele nunca me convidou para decisão nenhuma, para participar na decisão dele. Por que na hora de sair ele não toma a decisão dele, toma a decisão que é melhor para ele? E me deixa de lado como sempre me deixou?
Se o Wagner e o Hermínio renunciassem primeiro aos cargos de presidente e vice, você renunciaria em seguida, então?
Não renunciaria.
Sua decisão faz o clube ter de aguardar até janeiro uma reunião traumática de afastamento. Está ciente de que isso poderá intensificar ainda mais o processo de ruína pelo qual atravessa o Cruzeiro e atrapalhar todo planejamento do clube em 2020?
O que pode acarretar isso é a demora. Por que o Conselho Deliberativo está demorando tanto para convocar essa assembleia? Por que está tendo essa discussão, com carta de um lado, carta de outro? Por que a decisão já não foi tomada tempos atrás? Quando o ex-presidente fez a convocação de assembleia, por que ela não aconteceu? Por que essa assembleia não votou o impeachment? A quem interessa essa renúncia coletiva? Estamos discutindo o impeachment de quem administrou o Cruzeiro até aqui.
Mas a reunião votará o afastamento da chapa inteira eleita em 2017. O senhor é a favor desta reunião, então?
Eu não acredito que o Dalai, com todo conhecimento que tem do Código Civil e do nosso Estatuto, coloque meu nome neste edital. Ele é uma das testemunhas que eu não tive nada com essa diretoria, ele sabe que foi cortada sala do vice-presidente da Sede Administrativa, vaga de garagem, eu fui proibido de entrar na Toca II. Por que o Dalai colocaria meu nome para ser afastado se eu não participei de ato nenhuma desta gestão?
Muito se fala nos bastidores sobre você não ter sequer uma vaga na garagem do Barro Preto e, ainda assim, querer continuar no clube. Não é muita humilhação? Não seria melhor para você e para o Cruzeiro começar do zero?
O melhor para o clube é que a verdade apareça. Eu sempre fui o foco de resistência à essa administração que estava lá. Se fosse preocupar com vaidade, interesse, o caminho mais covarde seria a renúncia desde o começo. Só que eu preferi denunciar, chamar a imprensa, apontar as verdades e chamar sempre a responsabilidade que tive com a instituição em primeiro lugar.
Se o Cruzeiro não quitar a folha de dezembro, poderá chegar na reapresentação com três meses atrasados, podendo perder direitos econômicos de jogadores. Como você vê isso especificamente e esse ponto final na crise tão longe de ser colocado, uma vez que os empresários dispostos a ajudarem só injetarão dinheiro com a saída do Wagner, do Hermínio e do senhor?
Eu não sou empecilho para entrada de empresário nenhum. Ninguém escutou da boca desses empresários falando que não entra no Cruzeiro se os vices renunciarem. Eles querem a renúncia do presidente. Ninguém até agora escutou falar, empresário falar que tem que existir renúncia coletiva. Eu conheço todos que estão entrando neste momento.
A informação que a gente tem é que eles só entrariam com a renúncia dos três. Se eles tornarem isso público, você renunciaria?
Eu vou tomar minha decisão sempre pensando no melhor para o Cruzeiro. A partir do momento que tiver essa declaração deles, eu vou olhar o lado do Cruzeiro, como sempre olhei.
Então há possibilidade de você renunciar se eles tornarem esse desejo público?
Sempre pelo bem do Cruzeiro. Faço qualquer… Decisão. Se eu escutar da boca dos empresários que estou atrapalhando, que sou a pedra do caminho... Uma pessoa que está limpa, honesta, que não está sendo investigada, que está atrapalhando a entrada desses empresários… Eu queria ser chamado. É até conveniente esses empresários falarem que estou atrapalhando. Não escutei da boca do Wagner e do Hermínio que estão saindo para empresário entrar. Está faltando transparência e clareza nesse processo. O presidente está jogando nas minhas costas uma responsabilidade que é dele, se renuncia ou não.
Desde ontem você tem sido o principal alvo de protestos da torcida do Cruzeiro e a tendência é que isso se torne ainda mais forte daqui em diante. Está preparado para lidar com ameaças e todos os tipos de pressão em sua vida?
Como qualquer ser humano, estou muito preocupado. Estão querendo jogar uma culpa nas minhas costas que não tenho. Eu fui o primeiro a defender o Cruzeiro e a colocar, alertar imprensa, poucos da imprensa me deram razão, outros não acreditavam, mas está aí a prova. Tudo que foi alertado lá atrás, infelizmente aconteceu.
Você está preparado para lidar com todos os tipos de pressões que vêm pela frente?
Estou preparado, mas infelizmente são as injustiças do futebol. Quem não tem nada a ver com o que aconteceu, pagar pelos atos de um grupo que não faço parte. Nunca tomei decisões com esse grupo, pelo contrário, fui o tempo todo perseguido e massacrado por esse grupo dentro da instituição.
Se a reunião convocada pelo Dalai para janeiro votar pelo afastamento da chapa, você vai aceitar a decisão ou vai judicializar o processo?
Não é hora de falar o que vamos fazer daqui para frente. Isso é péssimo. É hora de falar que essa assembleia já deveria ter acontecido, essa assembleia foi marcada para outubro e retiraram de votação. Por que? Ele (Dalai) tem que fazer o que a consciência dele e o estatuto do Cruzeiro mandarem.