Depois de destituir Zezé Perrella do cargo de gestor de futebol, o presidente Wagner Pires de Sá nomeou Márcio Rodrigues para a função de vice-presidente executivo de futebol do Cruzeiro. Nessa quinta-feira, na sede administrativa do Barro Preto, ele teve a primeira reunião com o diretor de futebol Marcelo Djian, o gerente de futebol Marcone Barbosa e o supervisor de futebol Pedro Moreira. Nos próximos dias, deverá conversar com o técnico Adilson Batista para compreender melhor o planejamento visando 2020, ano em que o time celeste disputará a Série B pela primeira vez e tentará o retorno imediato à elite do Campeonato Brasileiro.
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Márcio Rodrigues da Silva nasceu em Piumhi, cidade de 35 mil habitantes distante 300 quilômetros de Belo Horizonte. Empresário desde jovem, ele abriu em 1982 a loja Márcio Atacado, especializada em comercialização de produtos de papelaria, brinquedos, escritório, material escolar, utilidades domésticas e artigos para presentes. Em 2013, entrou para o ramo de compra e venda de imóveis por meio da Piumhi Empreendimentos Imobiliários. Os dois estabelecimentos estão sediados no Bairro Eldorado, em Contagem.
No Cruzeiro, Márcio se tornou conselheiro nato em 1992. De 2012 a 2017, participou da gestão do ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares como segundo vice-presidente, sendo também responsável pelas categorias de base. “Eu tive muito sucesso lá, nós ganhamos muitos títulos, revelamos muitos jogadores e ajudamos muito os cofres do Cruzeiro. Nós chegamos a vender até o Wallace (zagueiro, emprestado pela Lazio-ITA ao Sporting Braga-POR) por 9,5 milhões de euros. E vendemos Lucas Silva, Mayke, Brazão, Vinícius Araújo… Cacá (zagueiro do elenco atual) é do nosso tempo. Para vocês saberem de uma coisa: nós temos 80% dos direitos dele, é um jogador que foi feito o contrato na minha época na base, e temos a maior parte no percentual do nosso grande talento, nosso grande futuro, que é o Cacá”, afirmou, em entrevista ao Superesportes.
Por várias vezes, Márcio Rodrigues se referiu a si mesmo em terceira pessoa. E assegurou que, agora, o futebol vai ser conduzido de maneira séria, impulsionando principalmente o aumento no número de sócios-torcedores. “O torcedor tem que saber que, com a chegada do Márcio Rodrigues aqui, as coisas vão mudar, e vão mudar muito. Agora é um Cruzeiro transparente, uma administração. O Wagner passou todo o (departamento de) futebol pra mim, o futebol agora vai ser coisa séria. O torcedor, a matéria dele que está na rede social, pode ficar tranquilo: o nosso diretor, Renê Salviano, vai apresentar um novo projeto dia 17 de dezembro, que vai beneficiar muito o sócio-torcedor”.
Márcio garante que tem bom relacionamento com aliados e opositores a Wagner Pires de Sá. Segundo ele, é possível amenizar o momento turbulento da política interna no clube. “Eu transito muito bem tanto na situação como na oposição. Ontem, eu liguei para vários amigos e conselheiros do clube pedindo apoio a eles e que venham nos ajudar. Nesse momento, nós precisamos da união de todos os conselheiros. Se continuar o racha no conselho nós não vamos chegar a lugar nenhum e a cada dia vai ficar mais difícil para o nosso Cruzeiro. Se continuar esse racha, talvez a gente não consiga subir para a série A no próximo ano”.
Por causa da situação financeira do Cruzeiro, com dois meses de salários aos jogadores e passivo geral na casa de R$ 700 milhões, Márcio ressalta a necessidade de montar, em 2020, um grupo com orçamento mais enxuto. “O Cruzeiro agora, infelizmente, não é (Série) A, é (Série) B. Então, nós temos que fazer uma reestruturação para um time que é Série B. A condição financeira do Cruzeiro não é tão boa. Se fosse boa, a gente precisava fazer um time A para disputar o B, mas infelizmente, teremos que fazer um time B. E esses jogadores que estão no Cruzeiro, vou conversar com todos, porque vamos ter que abaixar os salários de todos, já que não temos condições de pagar a alta folha que nós pagávamos antes”.
A respeito do cargo de vice-presidente de futebol, Márcio afirmou que não receberá salários para exercê-lo - diferentemente de Itair Machado, que ganhava R$ 180 mil mensais, além de premiações por títulos. “Nosso cargo jamais vai ser remunerado. Eu trabalho no Cruzeiro há muitos anos, eu trabalhei na base e, como vice-presidente, fiz todas as viagens e sempre paguei tudo do meu próprio bolso. Fui assistir jogos na Argentina, no Chile e paguei todas do meu bolso”, encerrou.