“O Cruzeiro está tão desorganizado, que não temos noção disso ainda (do rombo financeiro). É em torno de R$ 700 milhões, tranquilamente. São situações gravíssimas”, disse Zezé, citando os processos na Fifa pelo não pagamento de jogadores contratados como de maior urgência. “Temos ações na Fifa de R$ 60 milhões. Se não for pago até março ou alguma coisa, o Cruzeiro corre sérios riscos de sanções econômicas”.
Perrella assumiu a gestão de futebol do Cruzeiro em 11 de outubro, logo depois da saída do ex-vice-presidente de futebol Itair Machado. À época, afirmou que tentaria buscar recursos para quitar parte dos salários atrasados. O Supermercados BH, um dos patrocinadores do clube, colaborou com R$ 8 milhões, enquanto a Adidas, fornecedora de material esportivo a partir de 2020, adiantou R$ 2,5 milhões. O dirigente também antecipou cotas de televisão referentes às duas próximas edições do Campeonato Mineiro.
“O presidente disse que eu assumiria para trazer dinheiro para o clube, mas nenhum de vocês ouviu que eu dizendo que faria isso. Eu disse que tentaria resgatar a credibilidade perdida, e isso poderia trazer alguns patrocinadores, e vieram. O Supermercados BH tinha um patrocínio mais simples e mudou a pedido meu. Ouvi o presidente dizer que o Supermercados BH estava acertado, mas é mentira. Pedro (Lourenço, sócio-diretor do Supermercados BH) acertou isso comigo. Eu consegui viabilizar um adiantamento da televisão que eles não conseguiram, de R$ 12 milhões. Consegui algo em torno de R$ 30 milhões que deu para pagar as duas folhas, se não estaria maior”, declarou Perrella.
Mesmo com a mudança na administração do futebol, o Cruzeiro não conseguiu se recuperar no Campeonato Brasileiro e caiu para a segunda divisão em 17º lugar, com 36 pontos em 38 rodadas (sete vitórias, 15 empates e 16 derrotas). Além da frustração no âmbito esportivo, o rebaixamento à Série B compromete as contas do clube, que perderá pelo menos R$ 45 milhões em cota de televisão. E apesar dos vários protestos da torcida, Wagner Pires de Sá garante que não renunciará ao mandato previsto para terminar em dezembro de 2020.
Nessa quinta-feira, Pires de Sá nomeou Márcio Rodrigues, conhecido como Márcio ‘Atacado’, para a função de vice-presidente executivo de futebol. O novo dirigente já teve a primeira reunião com o diretor de futebol Marcelo Djian, o gerente de futebol Marcone Barbosa e o supervisor de futebol Pedro Moreira. Nos próximos dias, deverá se encontrar com o técnico Adilson Batista para dar sequência ao planejamento visando 2020, ano em que o Cruzeiro disputará a Série B pela primeira vez em sua história.