“É um momento que jamais imaginei passar. Só tive um dia parecido como este, há 12 anos, quando perdi meu pai e minha mãe na mesma semana. É uma dor parecida. Não estou aqui para arranjar desculpas, mas cada um de nós que vive o Cruzeiro e tenta ajudar de alguma forma, tem a sua parcela de responsabilidade. Não me furto disso. Quando aceitei trabalhar como gestor de futebol, já sabia dos riscos que estava correndo. Do meu legado de 17 anos, 23 títulos, Toca da Raposa que construímos, prédio, sem tomar um real emprestado. Contra a vontade do meu próprio irmão, que trabalhou tanto por esse clube, resolvi aceitar esse desafio, sabendo da imensa dificuldade que iria enfrentar”, afirmou.
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“Entrei, sabendo de tudo isso, de toda a situação financeira difícil que o Cruzeiro estava passando, mas tive a coragem, como estou tendo agora, de dar essa explicação a vocês. Sinto mais quando vejo milhares de torcedores do Cruzeiro. Quando a gente vinha para cá no ônibus, via as pessoas torcendo, acreditando, vibrando. Mesmo com essa possibilidade de cair, o torcedor sai de casa e vem aqui ajudar. Essas pessoas sim, eu sinto demais por elas. E elas não fizeram nada para que isso acontecesse. Sempre vibraram pelo clube. É para essas pessoas que estou me dirigindo”, prosseguiu.
“Digo a vocês uma coisa. Se o Cruzeiro não caísse, eu já teria comunicado ao presidente Wagner, tinha conversado com o próprio Valdir, com o Marcelo e o Adilson. Eu não continuaria e voltaria à minha situação de presidente do Conselho. Mas hoje quero ficar. Quero ficar para ajudar a reconstruir e voltar o Cruzeiro para o lugar que ele nunca deveria ter saído, que é a primeira divisão. Obviamente, continuarei se tiver respaldo de quem realmente é dono do Cruzeiro. Se os torcedores entenderem que eu tenho condições de contribuir, continuarei dando a minha contribuição. Não sou de fugir das responsabilidades”, ressaltou o dirigente.
Para Zezé Perrella, a queda à Série B servirá de lição para o Cruzeiro, que, segundo ele, voltará mais fortalecido e administrativamente organizado. "É a realidade que temos de encarar. O Cruzeiro não vai acabar por causa disso, e tenho certeza de que voltará grande, voltará maior. Que sirva de lição para que essas coisas nunca mais se repitam no Cruzeiro. É o que tenho para dizer a vocês”.
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Um exemplo citado pelo dirigente é o Corinthians, que foi do rebaixamento à segunda divisão, em 2007, ao título de campeão mundial, em 2012. “Eu conversava com o Andrés (Sánchez), presidente do Corinthians, que disse: ‘eu só consegui reconstruir o Corinthians depois que fui para a segunda divisão, pois a exigência da primeira divisão é muito grande’. Acho assim: o Cruzeiro vai voltar para a primeira divisão, e nós temos de aproveitar esse momento para tentar a reconstrução”.
Presidente do Conselho Deliberativo, Perrella assumiu a gestão de futebol do Cruzeiro no dia 11 de outubro, pouco depois da saída do ex-vice-presidente de futebol Itair Machado. Na ocasião, prometeu levantar recursos para pagar salários atrasados e, com auxílio de patrocinadores e adiantamentos de cotas de televisão, conseguiu quitar a folha de agosto e parte das remunerações de setembro. As demais pendências não foram solucionadas.
Dentro de campo, o Cruzeiro não conseguiu pontuação suficiente nas 14 rodadas finais do Brasileiro - três vitórias, seis empates e cinco derrotas - e caiu para a Série B em 17º, com 36 pontos em 38 jogos (31,57% de aproveitamento). Foram sete vitórias, 15 empates e 16 derrotas, com 27 gols marcados e 46 sofridos.
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