O clima de tensão que envolve a partida deste domingo, às 16h, entre Cruzeiro e Palmeiras, no Mineirão, vem despertando a atenção de todas as autoridades envolvidas.
Nesta sexta-feira, representantes das Polícia Militar e Civil, do Ministério Público e do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais se reuniram para discutir estratégias de segurança para o jogo que pode resultar na queda do Cruzeiro para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
Além de defenderem a realização do jogo com torcida única as autoridades estão mobilizadas para prevenir a ocorrência de tumultos no evento.
Polícia Militar
A Polícia Militar está adotando medidas de segurança semelhantes às aplicadas em clássicos entre Atlético e Cruzeiro e terá seu efetivo reforçado no jogo contra o Palmeiras.
"Montamos um esquema especial para esse jogo de domingo, tendo em vista ser o último jogo do campeonato e ainda envolve uma situação crítica no Cruzeiro. Armamos um esquema de aproximação e proteção, para que possamos proteger ao máximo o torcedor que esteja no estádio", revelou o tenente-coronel Juliano José Trant de Miranda, comandante do Batalhão de Choque.
A área externa do estádio também será alvo de estratégias especiais para prover a segurança dos envolvidos na partida, conforme declara o major Luiz Vitor, do 34º Batalhão da PM.
"Trabalharemos com força máxima, com viaturas estacionadas em pontos estratégicos, no caminhos dos torcedores. Policiamento a pé no entorno do estádio e em locais de estacionamento. Teremos uma base móvel para registros de ocorrências e estamos preparados para um evento parecido com Atlético e Cruzeiro", afirmou.
Polícia Civil
O Departamento de Operações Especiais da Polícia Civil também monitora o jogo de maneira de maneira diferenciada estará presente no jogo. Fabíola Oliveira, delegada de polícia especializada em eventos conta as medidas adotadas.
"Nossa delegacia vai estar lá, com reforço de equipe também. Serão dois escrivães, dois delegados, e uma equipe reforçada de investigadores. Esperamos que a ação seja mais para tentar evitar confrontos. Preferimos pecar pelo excesso e não usar esse aparato que está sendo movimentado. Mas estaremos preparados para isso.
A delegada conta, ainda, que pessoas reincidentes em episódios anteriores de violência nos estádios serão acompanhados de perto pelas autoridades para evitar novos transtornos.
"Os principais líderes de torcidas organizadas que estão em conflito estão sendo monitoradas pela Polícia Civil e pela Polícia Militar. Se estiverem no caminho para o jogo em atitude suspeita serão abordados pela PM e, se houver indícios de cometimento de crime, encaminhados à nossa delegacia para adotarmos as medidas necessárias", explicou.
Corpo de Bombeiros
A partida promete ser quente, mas apenas dentro das quatro linhas que delimitam o campo de jogo. Fora dele, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais trabalha para que tudo transcorra dentro da normalidade.
Presente na reunião para tratar da segurança no jogo, o capitão Eduardo de Paula Lima, comandante da 2ª Companhia de Prevenção do 3º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar revela as estratégias de segurança que serão adotadas.
"Os bombeiros vão concentrar suas ações em atividades de prevenção contra acidentes e incêndios. Teremos guarnições dentro e fora do estádio. Outra atividade importante é a coordenação dos brigadistas profissionais civis disponibilizados pela administração do Mineirão", disse o militar.
Ministério Público
O Ministério Público aposta todas as fichas na proibição da torcida visitante no Mineirão. O órgão recomendou à Confederação Brasileira de Futebol e à Federação Mineira de Futebol a realização do jogo com torcida única. A manifestação converge com a vontade da diretoria do Cruzeiro, que requereu à CBF e FMF que o jogo tenha apenas presença de cruzeirenses.
O promotor de justiça Paulo de Tarso Morais Filho, responsável pela recomendação disse contar com o bom senso dos envolvidos para privilegiar a segurança dos torcedores e atletas.
"Não é novidade para ninguém que existe um conflito interno entre torcidas do Cruzeiro, que vem sendo, de certa maneira, debelado, está sob controle vigoroso por esforço da Polícia Militar e por um trabalho de aputação da Polícia Civil. Estamos conseguindo, com o tempo, não ter maiores transtornos com essa situação. (...) Temos certeza que a Polícia Militar teria totais condições de fazer a segurança fosse jogo com diversas torcidas. E sempre devemos lembrar que numa situação de conflito, às vezes a PM tem que intervir com força. E nós queremos evitar isso", planejou.
Porém, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva indeferiu a solicitação do Cruzeiro e confirmou a presença da torcida do Palmeiras no setor de visitantes no domingo.
Mineirão em alerta
Segundo a empresa, o setor de segurança está atento às movimentações, em constante contato com a Polícia Militar. Em todos os jogos no estádio, há um monitoramento constante, realizado por 360 câmeras do sistema de segurança do estádio.
Há possibilidade de eventuais crimes de menor potencial praticados no estádio serem julgadas lá mesmo, no Complexo de Defesa Social e Justiça Criminal, uma espécie de braço do Poder Judiciário no estádio. Nesse omplexo trabalham, de forma conjunta, membros da da Polícia Civil, Defensoria Pública, Ministério Público e do Poder Judiciário.
Precauções do Cruzeiro
A diretoria do Cruzeiro contratou mais seguranças para ficar ao lado dos dirigentes nos camarotes do Mineirão. O mesmo ocorrerá com os jogadores, que serão acompanhados de perto antes e depois da partida.
O elenco será acompanhado pela Polícia Militar da saída da Toca da Raposa II ao Gigante da Pampulha. Após o duelo também haverá condução da PM.
Além disso, a diretoria solicitou que seja instalado túnel inflável para proteção dos jogadores entre o campo e o vestiário. A ação serve para manter distância dos atletas para os torcedores.
O clube pediu que o túnel seja inflado em quatro momentos, segundo consta no documento da reunião prévia ao confronto: entradas e saídas do primeiro tempo e do segundo tempo.
O Cruzeiro ainda pediu uma revista maior nos torcedores para que ninguém entre com sinalizadores e rojões no estádio. A diretoria solicitou à Minas Arena um "plano especial e diferenciado" de segurança dentro do Mineirão.
Com 36 pontos, na 17ª colocação do Brasileirão, o time celeste precisa da vitória diante do Alviverde e ainda precisa torcer por uma derrota do Ceará contra o Botafogo, para não ser rebaixado pela primeira vez à Série B.