As esperanças dos torcedores do Cruzeiro em ver o time escapar do rebaixamento se renovaram com a vitória do Corinthians sobre o Ceará, por 1 a 0, nessa quarta-feira, no Castelão, em Fortaleza. Se a chance de queda à Série B era de mais de 90% antes da abertura da 37ª rodada, a Raposa volta a depender apenas de si para permanecer na Série A. Por isso, desafiará o favoritismo do Grêmio em duelo de grande importância para a história do clube. Se vencer, chegará a 39 pontos e deixará o Z4, uma vez que os cearenses estacionaram nos 38. Em caso de empate, diminuirá a diferença para um ponto. Eventual revés complicará a saga pela continuidade na elite nacional. A bola rola a partir das 19h15 desta quinta-feira, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre.

Com apenas sete vitórias e na 17ª posição, o Cruzeiro flerta com a zona de rebaixamento do Brasileiro desde a quinta rodada, quando perdeu para o Fluminense de goleada, por 4 a 1, no Maracanã, dia 18 de maio. Os técnicos Mano Menezes, Rogério Ceni e Abel Braga tiveram muitas dificuldades para colocar em campo uma equipe que apresentasse futebol produtivo e envolvente. Coletivamente, são 27 gols em 36 jogos, números que superam apenas os dos já rebaixados CSA (23) e Avaí (17). Individualmente, alguns atletas do setor ofensivo, como David e Marquinhos Gabriel, não balançaram a rede uma vez sequer. Eles disputaram, respectivamente, 32 e 26 partidas na competição.

Entre os que fizeram gols, Thiago Neves, com seis, é o artilheiro celeste, porém foi afastado do elenco na segunda-feira, antes do duelo contra o Vasco, por ter ido a um show de pagode no último domingo, no Mineirão. O gestor de futebol Zezé Perrella tomou a decisão ao considerar a atitude do camisa 10 inapropriada diante do momento turbulento no campeonato. Colegas de grupo, casos de Henrique e Egídio, manifestaram insatisfação com a postura do jogador. “Primeiro temos que respeitar o Cruzeiro. Nunca o jogador é maior que a instituição”, frisou o volante, em entrevista à TV Globo, após o revés por 1 a 0 em São Januário. “É difícil falar disso depois do jogo que a gente perdeu, mas, caralho, porra, a gente é um time, é um conjunto, sempre fomos unidos. Uma porra dessas não pode acontecer mesmo!”, reclamou o lateral-esquerdo. O meia, por sua vez, usou seu perfil no Instagram para se defender e contou com o apoio de seu empresário, Leandro Lima.

Encarregado de conduzir o time para fora da zona de rebaixamento, Adilson Batista não conseguiu êxito contra o Vasco. Por isso, tratou de mudar peças no treinamento dessa quarta, no CT do Internacional. A principal alteração foi do lado direito, com a dobra dos laterais Edilson, recuado, e Orejuela, na linha de ataque. Na função de centroavante, a aposta é no histórico de Fred, maior artilheiro do Brasileiro por pontos corridos, com 147 gols, mas que em 2019 não faz boa competição, tendo contabilizado somente cinco (três cobrando pênalti). Diante do Grêmio, a trinca de volantes com Henrique, Ariel Cabral e Éderson está mantida, assim como o contestado David.

É na façanha de ter tirado o próprio Grêmio do rebaixamento no Brasileiro de 2003 que Adilson Batista se inspira para salvar o Cruzeiro. “Sei do grau de dificuldade que é o desafio. Me fez lembrar muito quando o seu (Antônio Carlos) Verardi, então diretor do Grêmio, me ligou em uma situação difícil em 2003. Prontamente atendi aquele pedido”, frisou o treinador, à época de sua apresentação na Toca da Raposa II, em 29 de novembro. Na campanha de 16 anos atrás, o tricolor gaúcho era lanterna na 33ª rodada, com 26 pontos - nove a menos que o Paysandu, primeiro time fora do Z4. Nos 13 duelos finais, ganhou sete, empatou três e perdeu três (61,53% de aproveitamento), escapando da queda à Série B em 20º lugar, com 50 pontos. Fortaleza, 23º, com 49, e Bahia, 24º, com 46, caíram para a segunda divisão.

Nesta quinta-feira, Adilson tentará trabalhar a parte emocional dos jogadores do Cruzeiro para contrariar os prognósticos favoráveis ao Grêmio, dono do segundo melhor ataque do Brasileiro, com 60 gols, e detentor de 66,67% de aproveitamento em seu estádio (11 vitórias, três empates e quatro derrotas). O discurso dos jogadores tricolores é de garantir ao menos quarta colocação - a vaga na fase de grupos da Libertadores de 2020 está assegurada. “Não será o Grêmio que vai rebaixar o Cruzeiro, não serão esses 90 minutos que vão decretar o rebaixamento. Vamos jogar como se fosse uma decisão porque queremos terminar o campeonato no G-4. Alguém terá de apagar esta luz, ou do Cruzeiro ou do Ceará. Vamos entrar para ganhar”, declarou o atacante Luciano, que terá a companhia de Alisson, Everton Cebolinha e Diego Tardelli, algozes da Raposa no duelo pela 18ª rodada do turno, no Independência: 4 a 1.

Paulo Victor; Léo Moura, David Braz, Kannemann e Cortez; Maicon e Matheus Henrique; Alisson, Diego Tardelli (Pepê) e Everton Cebolinha; Luciano

Técnico: Renato Gaúcho

Fábio; Edilson, Cacá, Leo e Egídio; Henrique, Ariel Cabral e Éderson; Orejuela, David e Fred

Técnico: Adilson Batista

Motivo: 37ª rodada do Campeonato Brasileiro

Estádio: Arena do Grêmio, em Porto Alegre-RS

Data: quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Horário: 19h15

Árbitro: André Luiz de Freitas Castro (GO)

Assistentes: Fabrício Vilarinho da Silva e Cristhian Passos Sorence (GO)

VAR: Wagner Reway (PB)