Zagueiro e capitão do Grêmio campeão da Copa Libertadores de 1995 e do Campeonato Brasileiro de 1996, Adilson Batista encarou a missão de ser técnico do clube em 2003 e liderou uma improvável reação na Série A, disputada por 24 equipes em 46 rodadas. A fase crítica do tricolor gaúcho foi na 33ª rodada, na qual ocupava a lanterna, com 26 pontos, nove a menos que o Paysandu, primeiro time fora da zona de rebaixamento. Nos 13 duelos finais, ganhou sete, empatou três e perdeu três (61,53% de aproveitamento), escapando da queda à Série B em 20º lugar, com 50 pontos. Fortaleza, 23º, com 49, e Bahia, 24º, com 46, caíram para a segunda divisão.
Os cinco últimos confrontos no Brasileiro de 2003 foram cruciais para aquele Grêmio de Adilson. Vindo de três derrotas, incluindo um 3 a 0 ante o Cruzeiro, no Mineirão, o tricolor obteve dois triunfos consecutivos em casa, sobre Paysandu (2 a 0) e Vasco (4 a 3). Na sequência, bateu o Criciúma, em Santa Catarina, por 2 a 0, e empatou com o Santos, no litoral de São Paulo, por 2 a 2. Na 46ª rodada, recebeu o Corinthians, no estádio Olímpico, em Porto Alegre, diante de 50 mil torcedores. George Lucas, Bruno e Anderson Lima marcaram os gols da vitória por 3 a 0, no dia 14 de dezembro, e garantiram a permanência do Grêmio na elite nacional.
Contratado para o lugar de Nestor Simonato em 22 de agosto de 2003, Adilson dirigiu o Grêmio em 19 partidas no Brasileiro, com sete vitórias, seis empates e seis derrotas. No trabalho, ficou marcado por apostar no goleiro Eduardo Martini para o lugar do ídolo da torcida, Danrlei, com quem jogou junto no elenco campeão continental em 1995 e nacional em 1996. “Se puxar um histórico meu, eu tirei o Danrlei, ídolo do Grêmio, em 2003. Então, você já conhece a minha linha. Não é nome. Tem que jogar bola”, ressaltou o técnico, em sua apresentação no Cruzeiro no dia 29 de novembro, ao garantir que nenhum integrante do grupo terá lugar cativo por causa de nome.
A diretoria cruzeirense já tomou sua iniciativa e afastou o armador Thiago Neves em função da ida dele a um show de pagode em Belo Horizonte. O gestor de futebol Zezé Perrella considerou a conduta do camisa 10 inapropriada para o clube, que luta desesperadamente contra o rebaixamento à Série B - é o 17º colocado, com 36 pontos, dois a menos que o 16º Ceará. Atletas como Henrique e Egídio também repreenderam o colega. “Primeiro temos que respeitar o Cruzeiro. Nunca o jogador é maior que a instituição”, frisou o volante, em entrevista à TV Globo. “É difícil falar disso depois do jogo que a gente perdeu, mas, caralho, porra, a gente é um time, é um conjunto, sempre fomos unidos. Uma porra dessas não pode acontecer mesmo!”, reclamou o lateral-esquerdo.
Adilson, que não se opôs à decisão de Perrella com relação a Thiago Neves, tem tempo bem mais curto que em 2003 para livrar o Cruzeiro da degola. Nesta quarta, a partir das 19h30, ficará de olho no duelo entre Ceará e Corinthians, no Castelão, em Fortaleza. Na quinta, às 19h15, tentará surpreender justamente o Grêmio, clube que salvou há 16 anos, em embate na Arena do Grêmio, em Porto Alegre. No domingo, às 16h, encerrará a participação no Brasileiro contra o Palmeiras, no Mineirão. A matemática da Raposa é simples: para a permanência na Série A do Campeonato Brasileiro, será necessário somar três pontos a mais que o Ceará nas duas últimas rodadas. O time nordestino terminará o campeonato diante do Botafogo, às 16h de domingo, no estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro.
Sites de cálculos de probabilidades consideram muito elevado o risco de o Cruzeiro ser rebaixado pela primeira vez no Campeonato Brasileiro: Departamento de Matemática da UFMG - 90,6%; Chance de Gol - 94%; e Infobola - 86%. As contas analisam tanto a sequência final das equipes quanto o retrospecto recente. E no caso do time celeste, a última vitória aconteceu há mais de um mês, em 31 de outubro: 2 a 0 sobre o Botafogo, no Rio de Janeiro, gols de Cacá e Éderson. Depois, a equipe emplacou quatro empates e três derrotas, com direito a tropeços no Mineirão ante os rebaixados Avaí (0 a 0) e CSA (revés por 1 a 0).
Possibilidades na briga contra o rebaixamento
Se o Ceará perder os dois jogos, o Cruzeiro tem de ganhar ao menos um para não cair
Se o Ceará empatar um jogo e perder outro, o Cruzeiro tem de empatar um e ganhar outro
Se o Ceará ganhar um jogo, o Cruzeiro precisa vencer os dois
Se o Ceará ganhar um jogo e empatar outro, o Cruzeiro será rebaixado. O mesmo acontece em caso de duas vitórias cearenses.