O gestor de futebol do Cruzeiro, Zezé Perrella, afirmou que houve erro por parte do clube em concentrar força máxima na Copa do Brasil e deixar de lado o Campeonato Brasileiro. Na opinião dele, essa é uma das razões para a péssima campanha do time na Série A - 17º lugar, com 36 pontos em 36 rodadas e 90,6% de risco de rebaixamento, segundo o Departamento de Matemática da UFMG.
“Vou falar um negócio com vocês aqui, não é desculpa não, até porque eu cheguei agora. Mas o Cruzeiro pecou, mas pecou muito quando privilegiou a Copa do Brasil dizendo que era o caminho mais curto para a Copa Libertadores. O caminho mais curto para a Libertadores é o Brasileiro, até porque são oito vagas, e na Copa do Brasil só vai um. O Cruzeiro desprezou o Brasileiro”, disse o dirigente, depois da derrota para o Vasco por 1 a 0, nessa segunda-feira, no estádio de São Januário, no Rio de Janeiro.
Em 2019, o Cruzeiro chegou à semifinal da Copa do Brasil, sendo eliminado pelo Internacional, que viria a perder para o Athletico-PR na decisão. Na Copa Libertadores, alcançou as oitavas de final, caindo nos pênaltis diante do River Plate, da Argentina, posterior vice-campeão ao levar virada do Flamengo (2 a 1) em confronto único na cidade de Lima, no Peru.
Para Perrella, o técnico Mano Menezes, comandante celeste até agosto, foi um dos grandes responsáveis pelo desastroso aproveitamento no Brasileiro. Ao justificar sua resposta, o gestor de futebol cruzeirense cometeu um equívoco na informação de que o time contabilizou apenas um ponto em 18 na Série A. Na verdade, Mano alcançou uma vitória em seus 18 últimos jogos no Cruzeiro, contando também Copa Libertadores e Copa do Brasil.
“O Mano Menezes em 18 pontos, ganhou um. Então, se o Cruzeiro não fica na primeira, todo mundo tem a responsabilidade, até eu tenho a minha. Mas vamos olhar lá atrás, no planejamento, a culpa da diretoria passada, que concordou com isso. O Mano é um cara sensacional, mas avaliou mal. Em 18 pontos, você fazer um, cara? Se tivesse feito 20%, eu não estaria aqui dando essa entrevista”.
No Brasileiro de 2019, Mano treinou o Cruzeiro em 13 rodadas, com duas vitórias, quatro empates e sete derrotas. A equipe somou dez pontos, em 18º lugar. Depois vieram Ricardo Resende (interino - 1 empate), Rogério Ceni (2 vitórias, 2 empates e 3 derrotas), Abel Braga (3 vitórias, 8 empates e 3 derrotas) e Adilson Batista (1 derrota). Conforme Perrella, a delicada situação de momento é fruto de ‘abandono’ da principal competição do país.
“Atribuo totalmente, porque um treinador que em 18 pontos faz um (...). Mas o erro dele não foi ter feito um ponto em 18, foi ter, com a conivência da diretoria anterior do Cruzeiro, privilegiado a Libertadores e a Copa do Brasil. A diretoria pensando no dinheiro da Copa do Brasil, e ele pensando em ser campeão da Copa do Brasil. Abandonaram o Brasileiro, a conta chegou. Agora é rezar para não cair”.
Depois de sair da Toca, Mano Menezes foi contratado pelo Palmeiras com um vínculo inicial até dezembro de 2020. Embora tenha registrado números positivos - 11 vitórias, cinco empates e quatro derrotas -, o treinador teve o trabalho bastante questionado por causa do rendimento pouco convincente da equipe. A gota d’água para sua demissão veio na derrota para o Flamengo por 3 a 1, no Allianz Parque, em São Paulo. A facilidade do campeão brasileiro de ditar o ritmo da partida deixou desapontado o presidente Maurício Galiotte, que também dispensou o diretor de futebol Alexandre Mattos.
Já o Cruzeiro, sob o comando do técnico Adilson Batista, tenta um milagre nas duas últimas rodadas do Brasileiro. Nesta quinta-feira, às 19h15, enfrentará o Grêmio, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre. No domingo, às 16h, pegará o Palmeiras, no Mineirão. Para permanecer na Série A, terá de somar três pontos a mais que o Ceará, cujos adversários são Corinthians, às 19h30 de quarta-feira, no Castelão, em Fortaleza, e Botafogo, às 16h de domingo, no Nilton Santos, no Rio de Janeiro.