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Negociações suspeitas, abusos e irresponsabilidade: Perrella diz que Gilvan e Wagner 'quebraram o Cruzeiro'

Gestor do futebol justificou falta de recursos em equívocos dos dois presidentes

postado em 29/11/2019 18:56 / atualizado em 29/11/2019 19:41

(Foto: Juarez Rodrigues/EM/D. A Press)
Quase três meses de salários atrasados, cofres vazios e sem previsão de receitas para 2020. Presidente do Conselho Deliberativo e atual gestor do futebol do Cruzeiro, Zezé Perrella gastou boa parte dos seus 45 minutos de entrevista, nesta sexta-feira pela manhã, na Toca da Raposa II, para responsabilizar os presidentes Gilvan de Pinho Tavares (2012 a 2017) e Wagner Pires de Sá (atual mandatário) por “quebrarem” o clube.

Perrella destacou mais de uma vez que a elevação da dívida do Cruzeiro começou na gestão de Gilvan de Pinho Tavares, com o projeto de reconduzir o clube ao título brasileiro. Segundo ele, entre 2012 e 2017, o clube parou de pagar seus credores, ofereceu salários acima do mercado a jogadores e geriu mal os recursos obtidos com cotas de TV.

A verdade é que quebraram o Cruzeiro, nessa gestão, principalmente na gestão passada. O Cruzeiro hoje tem R$ 60 milhões de dívidas na Fifa, que podem estourar a qualquer momento. (...) A gestão anterior não pagou ninguém que contratou. Gastaram tudo em salário, delegando para pessoas erradas.”, criticou Perrella, em referência ao mandato de Gilvan.

“Na época da gestão anterior, o Cruzeiro recebeu R$ 95 milhões da TV Globo de luvas de um contrato de quatro anos e gastou o dinheiro praticamente no mesmo mês”, disparou Perrella. “Quebraram o Cruzeiro para ser campeão brasileiro. O o presidente disse que ia quebrar o Cruzeiro, mas ia ser campeão brasileiro. Conseguiu. Quebrou e foi campeão”, insistiu o gestor do futebol sobre a gestão de Pinho Tavares.

O Superesportes tentou ouvir Gilvan de Pinho Tavares sobre as críticas de Perrella, mas ele não foi encontrado.

(Foto: Juarez Rodrigues/EM/D. A Press)

Abusos e negociações suspeitas

Embora recentemente tenha reduzido o tom das críticas contra o atual mandatário Wagner Pires de Sá, Perrella deu a entender que os problemas na gestão atual vão além de incompetência. O gestor do futebol disse torcer para que a Polícia Civil confirme ilicitudes, como pagamento de serviços não prestados e divisão de comissões.



“Tem notas fiscais lá de serviços prestados, que nem sei se foram prestados. Mas as notas estão lá, como vai discutir se foi ou não foi? Se estou pagando 20% de intermediação para um empresário, como vou saber se houve devolução daquilo ou de parte daquilo. Não estou acusando não, mas isso é o que acontece no futebol. As maracutaias do futebol, né? Isso é uma coisa que a Polícia está investigando e tomara que pegue. Para que esse pessoal devolva um pouquinho de dinheiro que levaram do clube. Se levaram. Se levaram. Mas a polícia não está dentro do Cruzeiro não é a toa não, e aquelas denúncias da Globo não foram feitas de maneira irresponsável não. Tudo tem um porquê”, declarou Perrella, já em referência ao mandato de Wagner.

Por conta das várias denúncias de crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e falsificação de documentos, a atual gestão do Cruzeiro está sendo investigada pela Polícia Civil há seis meses. Nesse período, Itair Machado, ex-vice-presidente de futebol, foi demitido. Ele é apontado como o principal alvo. Sérgio Nonato, ex-diretor-geral e braço direito de Wagner, pediu demissão, mas ainda frequenta as dependências do clube. Investigado pela Polícia Federal, o diretor jurídico Fabiano de Oliveira Costa ainda cumpre suas funções. Ele trabalha no clube desde os mandatos de Perrella nos anos 1990 e 2000.

Na entrevista desta sexta-feira, Perrella tentou medir as críticas a Wagner, mas seguia sua linha de apontar fatos que podem resultar em prisões. “Pra mim, o Wagner foi muito mais vítima de delegação errada que ele fez. Delegou para pessoas que não mereciam, que foram irresponsáveis. Não vou nem falar desonestas. Os negócios que fizeram aqui, é inacreditável. Tem jogador aqui de 35 anos com contrato até 38 anos de idade. Antecipou renovação de contrato de um jogador que tinha mais um ano e meio de contrato. Pra quê? Porque não esperou o momento, pagando luvas. Tem jogador aqui que teve dois intermediários renovando o mesmo contrato e só um trabalhou. Isso é fato, mas está lá a nota fiscal de serviço prestado. Vai fazer o quê? A polícia é que tem que ir atrás desses caras para devolver o dinheiro que roubaram”.

"O Cruzeiro antecipou todas as suas receitas praticamente até 2022. Antecipou dois anos de TV e esse dinheiro já foi. Então, como você vive. A situação nossa é difícil, é, a dos outros também, é, mas com perfil de dívida diferente. Não tem essas antecipações todas, o que foi feito de maneira irresponsável. Anteciparam dinheiro para dar R$ 1,5 milhão para um jogador, mais R$ 2 milhões para um empresário. E curiosamente, a maioria dos empresários está tudo em dia”, seguiu Perrella.

A marca da gestão de Wagner Pires de Sá, segundo o gestor do futebol, seria a elevação das despesas. “Quando deixei o Cruzeiro, tínhamos 450 funcionários, hoje temos 700. Eles devem ter criado a Toca da Raposa IV, para aumentar tanto as despesas”.

Outro ponto que gerou um rombo nas contas foi a elevação dos salários. “Diretor ganhando cento e tantos mil por mês. Limitei agora o teto de diretor no Cruzeiro: R$ 30 mil. Quem não quiser que saia. Ninguém vai ganhar mais do que isso. Estou falando na área administrativa. Tinha salário lá de R$ 120 mil. Quer dizer, foi tudo feito de maneira irresponsável. Esse clube tem que ser passado a limpo. Eu vou dar nome aos bois na hora certinha, podem aguardar”, acrescentou Zezé Perrella.

Tudo por um título

Outro erro de Wagner, na visão de Perrella, foi seguir a lógica de Gilvan de arriscar as contas pelos títulos. "E o presidente Wagner, quando assumiu, foi pelo mesmo caminho. Tentando ser campeão a qualquer custo. Delegou errado para pessoas irresponsáveis que levaram o Cruzeiro a essa situação".

O presidente Wagner Pires de Sá também foi procurado para comentar as afirmações de Zezé Perrella, mas não atendeu as chamadas da reportagem.

Em momento algum na entrevista, Perrella citou o nome de Itair Machado, responsável por comandar o futebol do Cruzeiro em 2018 e boa parte de 2019.

Anos de austeridade

Nesse cenário de penúria, o dirigente alerta o torcedor que os próximos anos serão de austeridade e possível seca de títulos. “Tem que fazer muita coisa ano que vem. E a torcida pode esperar: se entrar um dirigente ano que vem aqui, com responsabilidade, não precisa ficar contando com título não. Se acontecer vai ser porque deu sorte ou fez um trabalho legal. A primeira preocupação agora é colocar o clube em dia”.

A intenção do gestor é abrir os números do clube à torcida e à imprensa ao fim do Campeonato Brasileiro. “No dia 8, quanto terminar o campeonato, vou fazer um balanço e quero que toda imprensa e toda torcida do Cruzeiro saibam da real situação do Cruzeiro. Mas, no momento, é sair dessa coisa aí, deixar o Cruzeiro na primeira divisão, que é o que importa”.

Conselho omisso

Enquanto ocupou apenas a cadeira de presidente do Conselho Deliberativo, Perrella sempre foi tachado de omisso pela oposição, por não contestar as ações da gestão de Wagner Pires de Sá. Segundo ele, no modelo presidencialista, como é o caso do Cruzeiro, o executivo tem autonomia total para tomar decisões.

“Nós temos que saber separar as coisas. A função do conselheiro e do Conselho Deliberativo é uma só: aprovar conta. Se o presidente quiser contratar um jogador por R$ 3 milhões por mês, o conselho não tem como impedir. Não passa pelo Conselho esse tipo de decisão. Se o cara quer pagar 30% para o intermediário numa transação que deveria pagar 0,5%, o Conselho também não pode fazer absolutamente nada. O presidente tem autonomia total, o presidente executivo manda no clube. Conselho, entendeu, é só para aprovar conta. Não estou desmerecendo, o presidente não tem poder decisório. Quando vocês falam: ‘Vocês sabiam?’. Eu sabia que o Cruzeiro estava devendo R$ 450 milhões porque estava no balanço, mas as particularidades de cada negociação, nós não temos acesso. Eles não são obrigados nem a mostrar um contrato ao presidente do Conselho e nem a conselheiro, ele é obrigado a mostrar o balanço”, argumentou.

'Não deixei dívida nenhuma'

Perrella disse que deixou o clube, em 2011, em seu último mandato, em situação bem mais confortável economicamente. "Só da minha época, dos jogadores que eu deixei aqui, o Cruzeiro tinha dívida na minha época de R$ 170 milhões. 90% disso aí era um bingo, um contrato assinado na gestão do César Masci - que fez com a melhor das intenções -, o bingo deu um calote e nós colocamos isso aí no Refis. O Cruzeiro pagava R$ 50 mil por mês. Refis 1, ad aeternum. Nós tínhamos o Montillo e Lucas Silva. Só os dois, R$ 85 milhões. Só os jogadores que eu deixei ainda da minha época, da base, e do profissional, foram vendidos R$ 225 milhões, que entraram nos cofres. Então, não deixei dívida nenhuma. Gastaram toda essa grana com irresponsabilidade".

Leia trechos da entrevista de Zezé Perrella:

Salário atrasado

“Estavam dizendo que eu entrei, dizendo que ia arrumar dinheiro, que ia fazer isso, você nunca viu uma declaração minha nesse sentido. O que eu consegui, em apenas 30 e poucos dias que aqui estamos, acho que menos de 60 dias, foi levantar quase R$ 30 milhões com o patrocínio que eu consegui arrumar, com algumas ações que tomamos, consegui levantar R$ 30 milhões. E poderia estar muito pior a situação. O Cruzeiro está com dois meses e meio de salário atrasado. Meio eu já paguei. Vou colocar em dia esse meio que falta. Na verdade, ia vencer três meses e nós pagamos 50% de um mês. Vou colocar os outros 50% em dia essa semana. Ainda hoje ou amanhã”.

Quebraram o Cruzeiro

Diziam que eu ia trazer dinheiro, não sou fábrica de dinheiro. A verdade é que quebraram o Cruzeiro, nessa gestão, principalmente na gestão passada. O Cruzeiro hoje tem R$ 60 milhões de dívidas na Fifa, que podem estourar a qualquer momento. Não tem ninguém mágico, cara. O Cruzeiro que eu deixei sete anos atrás não é o Cruzeiro que eu peguei hoje. 

Quebraram o Cruzeiro para ser campeão brasileiro. Hoje mesmo o presidente disse que ia quebrar o Cruzeiro, mas ia ser campeão brasileiro. Conseguiu. Quebrou e foi campeão. Essa cultura, essa política, nós temos que mudar. Uma história centenária foi colocada em risco por gestões irresponsáveis, que levaram o Cruzeiro a essa situação. Se alguém disser que não estou falando a verdade, que venha debater comigo. E o presidente Wagner, quando assumiu, foi pelo mesmo caminho. Tentando ser campeão a qualquer custo. Delegou errado para pessoas irresponsáveis que levaram o Cruzeiro a essa situação.

Período de austeridade e sem títulos

Tem que fazer muita coisa ano que vem. E a torcida pode esperar: se entrar um dirigente ano que vem aqui, com responsabilidade, não precisa ficar contando com título não. Se acontecer vai ser porque deu sorte ou fez um trabalho legal. A primeira preocupação agora é colocar o clube em dia. 

Passará Cruzeiro a limpo após o Brasileiro

No dia 8, quanto terminar o campeonato, vou fazer um balanço e quero que toda imprensa e toda torcida do Cruzeiro saiba da real situação do Cruzeiro. Mas, no momento, é sair dessa coisa aí, deixar o Cruzeiro na primeira divisão, que é o que importa. Agora, vejo piadinhas nas redes sociais, o Perrella falou que ia trazer dinheiro. Que trazer dinheiro? Ontem mesmo fiz um aval pessoal de R$ 3,5 milhões. Eu não estou disposto a ficar aqui para quebrar junto com o Cruzeiro não, não sou irresponsável a esse ponto não. Agora, estou fazendo tudo que posso, mais do que isso não consigo. E se entenderem que tem uma pessoa melhor do que eu para fazer isso, que venha. Se dizem grandes cruzeirenses aí, ficam cornetando na internet, criticando o trabalho dos outros. Venha para o meu lugar, venha fazer o que eu estou fazendo. Ninguém se habilita (murro na mesa). Todo mundo se preocupa com o Cruzeiro, mas na hora de mostrar mesmo que fazer alguma coisa, quer ajudar, todo mundo foge. Um monte de cagão. 


Responsabilidade exclusiva dos jogadores

Eu vou mudar o que agora? Posso contratar alguém? Não. O que tenho é isso aí, estou contando com eles, que eles tenham vergonha na cara e deixem o Cruzeiro na primeira divisão. A responsabilidade é deles. Agora, a bola está queimando no pé. Olha, o psicológico é um negócio terrível. Quando mais pressão, pior. Nesse momento nós temos que ter tranquilidade, o que temos esses jogadores que aqui estão. Não contratei ninguém, nem o treinador. Não contratei nenhum jogador. Não estou me eximindo de responsabilidade não, mas o que temos é isso aí. Quem tem que tirar o Cruzeiro dessa situação são esses caras que aí estão. Ano que vem é outra conversa. Se vai sair ciclano, se vai sair beltrano, são mudanças óbvias que terão que acontecer. Todos esses caras que aí estão têm contrato. Alguns deles tiveram contratos renovados que vão entrar em janeiro para mais dois ou três anos. A maioria desses caras que estão aqui têm contrato de três anos, quase que vitalício. Foram feitos de maneira absolutamente irresponsável, dificulta todo e qualquer planejamento. Vai ficar aqui no ano que vem quem tiver colhão. Aqueles que nãos e adaptarem podem caçar outros clubes.

Ambiente entre os jogadores

“olha, o ambiente estava tranquilo. Ontem, muita confiança de que vamos reverter. Perdemos o jogo. mas não existe ambiente de deteriorização. Isso não existe. Nem posso dizer que os jogadores não estão se empenhando, eles estão tentando. Muitos podem ser é ruins mesmo. Não tem ninguém entregando antes da hora. O ambiente é tranquilo. Gostaria até que eles tivessem mais vergonha na cara para tirar a gente dessa situação. Os jogadores estão preocupados nesse momento não é nem com salário, é com o futuro deles. Eles sabem que se o futuro deles, se a gente cair, o futuro deles não será nada legal. Serão lembrados como os que jogaram o Cruzeiro na segunda.

Conselho omisso?

“Nós temos que saber separar as coisas. A função do conselheiro e do Conselho Deliberativo é uma só: aprovar conta. Se o presidente quiser contratar um jogador por R$ 3 milhões por mês, o conselho não tem como impedir. Não passa pelo conselho esse tipo de decisão. Se o cara quer pagar 30% para o intermediário numa transação que deveria pagar 0,5%, o conselho também não pode fazer absolutamente nada. O presidente tem autonomia total, o presidente executivo manda no clube. Conselho, entendeu, é só para aprovar conta. Não estou desmerecendo, o presidente não tem poder decisório. Quando vocês falam, vocês sabiam. Eu sabia que o Cruzeiro estava devendo R$ 450 milhões porque estava no balanço, mas as particularidades de cada negociação, nós não temos acesso. Eles não são obrigados nem a mostrar um contrato ao presidente do Conselho e nem a conselheiro, ele é obrigado a mostrar o balanço. 

Maracutaias e irregularidades respaldadas por notas fiscais

E o Conselho Fiscal sim, tem autonomia para reivindicar todo e qualquer documento. Estão todos os documentos lá, não tem ilegalidade. Tem notas fiscais lá de serviços prestados, que nem sei se foram prestados. Mas as notas estão lá, como vai discutir se foi ou não foi. Se estou pagando 20% de intermediação para um empresário, como vou saber se houve devolução daquilo ou de parte daquilo. Não estou acusando não, mas isso é o que acontece no futebol. As maracutaias do futebol, né? Isso é uma coisa que a Polícia está investigando e tomara que pegue. Para que esse pessoal devolva um pouquinho de dinheiro que levaram do clube. Se levaram. Se levaram. Mas a polícia não está dentro do Cruzeiro não é a toa não, e aquelas denúncias da Globo não foram feitas de maneira irresponsável não. Tudo tem um porquê. Onde tem fumaça, tem fogo. Não vou acusar ninguém. Esse roubou, esse deixou de roubar.. O mais sério que ser ou não ser honesto é a irresponsabilidade que fizeram com o Cruzeiro. Qualquer salário que o jogador pedia, ‘ah, vamos dar’. Isso começou lá atrás, quando o Gilvan disse que ia quebrar o Cruzeiro, mas ia ser campeão brasileiro. Quem me contou foi o Mário Celso Petraglia no meu gabinete em Brasília. Eu quebro o Cruzeiro, mas vou ser campeão brasileiro. Conseguiram.

Amarras e contratos abusivos

Você já imaginou se toda decisão de contratar um jogador, ou de fazer um contrato, se tivesse que passar pelo Conselho, com 500 conselheiros, seria uma zona, seria impossível administrar. O papel do conselho é escolher bem o seu representante que é o presidente. Pra mim o Wagner foi muito mais vítima de delegação errada que ele fez. Delegou para pessoas que não mereciam, que foram irresponsáveis. Não vou nem falar desonestas. Os negócios que fizeram aqui, é inacreditável. Tem jogador aqui de 35 anos com contrato até 38 anos de idade. Antecipou renovação de contrato de um jogador que tinha mais um ano e meio de contrato. Pra que? Porque não esperou o momento, pagando luvas. Tem jogador aqui que teve dois intermediários renovando o mesmo contrato e só um trabalhou. Isso é fato, mas está lá a nota fiscal de serviço prestado. Vai fazer o que? A polícia é que tem que ir atrás desses caras para devolver o dinheiro que roubaram.

Recuo na ideia de convocar novas eleições

“A reunião foi mudada porque existiria a possibilidade fortíssima de o pessoal judicializar isso. O Wagner estava disposto até a convocar novas eleições, os vice não concordaram, queriam assumir. Obviamente, qualquer um vice que entrava na Justiça, eles assumiriam. O que pra mim não mudaria absolutamente nada. Fizemos uma conversa de arranjar um conselho gestor para acompanhar tudo. Hoje, o conselho acompanha todos os atos do Cruzeiro, contrato...tem acesso a tudo. Então, é quase que uma nova gestão junto com o presidente Wagner. Tentamos evitar uma briga que poderia causar a briga que poderia levar o Cruzeiro à segunda divisão, quis provocar paz naquele momento. Aquela seria a menos pior das soluções. Fizemos aquilo. Mas as pessoas disseram que Perrella armou para voltar, para comandar. Se quisesse ser candidato e jamais vou me candidatar, estou aqui no sacrifício. A gente ia entrar numa briga judicial, eles não iriam sair e a briga política ia continuar. 

Traições e guerra nas redes sociais

Agora, parte das pessoas que inclusive me apoiavam vieram contra mim, fazem fofoquinha em redes sociais. Esses que estão me ouvindo sabem do que estou falando. Estão preocupados porra nenhuma com o Cruzeiro. Acham que têm condição de ser presidente do Cruzeiro e não têm nenhuma. Deviam acabar com fofoquinhas de redes sociais aí, porque todo dia é uma coisa. Se alguém quiser fazer melhor, que venha e terá o meu apoio. Mas venha para resolver.

Jogadores na noite

“As festas ficaram mais pobres em BH, porque eles não estão indo não, a não ser alguma coisa particular. Não vi ninguém na noite depois disso”.

A origem da crise no Cruzeiro

“O que está acontecendo com o Cruzeiro hoje é um negócio engraçado. Tem vários clubes com a mesma situação com a nossa, financeira, e você não vê falar nada disso. Quem provoca isso é um grupo de conselheiros rachados. Aqueles que não se conformaram com a derrota. Inclusive o meu candidato perdeu, mas acima de tudo eu sou Cruzeiro. Não sou Wagner, não sou Serginho. Sou Cruzeiro. Qualquer um que assumisse, ia dar a minha contribuição. Mas não aceitaram ainda que perderam a eleição até hoje. E fica expondo as coisas do Cruzeiro para mídia de maneira escancarada, o que não acontece em clubes com a mesma situação. O nosso adversário mesmo. A situação deles é melhor que a nossa, financeira. Acho que não. E não ficam essas ondas todas. O que está atrapalhando o Cruzeiro hoje é alguns conselheiros que querem ser presidente do Cruzeiro sem a menor condição e provocam essas ondas todas. Porque isso tudo começa nas redes sociais. Nós precisamos é de tranquilidade. As coisas do Cruzeiro podem ser resolver ano que vem, no outro ano. Você muda metodologia, vai gastar só o que pode. 

Antecipação de cotas, falta de dinheiro e comissões abusivas

O Cruzeiro antecipou todas as suas receitas praticamente até 2022. Já gastou o dinheiro. Na época da gestão anterior, o Cruzeiro recebeu R$ 95 milhões da TV Globo de luvas de um contrato de quatro anos e gastou o dinheiro praticamente no mesmo mês. Antecipou dois anos de TV e esse dinheiro já foi. Então, como você vive. A situação nossa é difícil, é, a dos outros também, é, mas com perfil de dívida diferente. Não tem essas antecipações todas, o que foi feito de maneira irresponsável. Anteciparam dinheiro para dar R$ 1,5 milhão para um jogador, mais R$ 2 milhões para um empresário. E curiosamente, a maioria dos empresários está tudo em dia.

Aumento da dívida e abusos de Gilvan e Wagner

“Eu acabei de falar. O responsável foi uma gestão anterior a essa, que deixou o clube com R$ 450 milhões de dívida. Está nos balanços. Só da minha época, dos jogadores que eu deixei aqui, o Cruzeiro tinha dívida na minha época de R$ 170 milhões. 90% disso aí era um bingo, um contrato assinado na gestão do César Masci - que fez com a melhor das intenções -, o bingo deu um calote e nós colocamos isso aí no Refis. O Cruzeiro pagava R$ 50 mil por mês. Refis 1, ad aeternum. Nós tínhamos o Montillo e Lucas Silva. Só os dois, R$ 85 milhões. Só os jogadores que eu deixei ainda da minha época, da base, e do profissional, foram vendidos R$ 225 milhões, que entraram nos cofres. Então, não deixei dívida nenhuma. Gastaram toda essa grana com irresponsabilidade. Quando deixei o Cruzeiro, tínhamos 450 funcionários, hoje temos 700. Eles devem ter criado a Toca da Raposa IV, para aumentar tanto as despesas.

Teto salarial na administração

Diretor ganhando  cento e tantos mil por mês. Limitei agora o teto de diretor no Cruzeiro: R$ 30 mil. Quem não quiser que saia. Ninguém vai ganhar mais do que isso. Estou falando na área administrativa. Tinha salário lá de R$ 120 mil. Quer dizer, foi tudo feito de maneira irresponsável. Esse clube tem que ser passado a limpo. Eu vou dar nome aos bois na hora certinha, podem aguardar.

Autonomia total para Adilson

“se ele quiser barrar o time inteiro e colocar o júnior, ele tem o meu apoio.

Sinalizadores e rojões no Mineirão; punições

Olha, o torcedor tinha que entender...ontem, esses torcedores trabalharam contra o Cruzeiro. Agora, questão de segurança é com a Minas Arena. Jamais deveria ter acontecido um negócio desse. Nós tomamos multa de R$ 100 mil, conseguimos reverter com efeito suspensivo, pois poderíamos perder dois mandos, por atos de vandalismo de torcida. O perfil da torcida no Brasil, se não mudar, vai ter apenas marginal querendo ser  presidente de clube. Os dirigentes hoje são ameaçados, jogam bomba na porta. Está difícil. As torcidas organizadas acham que são donos do clube, e não são. Um bando de vândalos, em sua maioria. Só atrapalham o clube. Hoje, vejo duas torcidas organizadas brigando entre elas. São todos cruzeirenses, não? Mas só estão preocupados com eles, para mostrar quem pode mais, quem pode menos. Acredito que existe risco sim. Nesse jogo com o palmeiras, acho que não, não há tempo. Seremos punidos. Estão lá os sinalizadores. O torcedor, nessa hora, em vez de ajudar, faz um negócio desse.

Como gostaria de ser lembrado

“Eu nunca me preocupei como eu vou ficar na história. Eu sou um cara que dediquei 20 anos da minha vida ao Cruzeiro, três nas categorias de base, 17 na linha de frente. Construí isso aqui, construí um prédio de dez andares sem dever um real para ninguém, ganhamos 23 títulos. Eu espero ser lembrado por isso. Mas não estou preocupado como vou ser lembrado, ou deixar de ser lembrado. Isso é só um papel na parede. As pessoas que me conhecem sabem que fui para o sacrifício. Não estou aqui para ganhar dinheiro, não tenho salário, estou tentando ajudar. A maioria dos bundões se afastaram na hora que precisa. Os que se dizem grandes cruzeirenses, com raríssimas exceções, procurei muitos deles para dar aval, para ajudar, eles gostam é de dar palpite. Botei a minha cara e um legado de 17 anos em xeque. Eu gostaria de ser lembrado não pelos títulos que conquistei, mas como um cara que teve coragem de dar as caras.

Dívidas na Fifa

“Isso está sendo discutido, se for punido, terá prazo para acertar. É situação preocupante. A gestão anterior não pagou ninguém que contratou. Gastaram tudo em salário, delegando para pessoas erradas. Tem diretor aqui, vou dar até o nome, o Bruno Vicintin, que ficou aqui, que se diz um grande cruzeirense, ele é representante de seis jogadores na base. Estava aqui para pegar procuração de jogador, para ser representante e ganhar dinheiro. Não vou dizer que é ilegal não, mas é no mínimo imoral. E fica aí, nas redes sociais, com o batalhão de choque dele, criticando a gente. Esse é o Cruzeiro.


Lei do silêncio dos jogadores

“Acho que, nesse momento, a melhor coisa é ficar calado. Ninguém é obrigado a falar. Vocês, da imprensa, vivem de notícia. O Cruzeiro, não, o Cruzeiro não vive de notícia não. Enquanto eu entender...essa imposição foi minha. Enquanto eu entender que eles têm que ficar calados, eles têm que ficar calados. A hora que eles tiverem que falar, eu aviso para você.

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