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Abel Braga deseja sorte a Adilson Batista e lamenta insucesso no Cruzeiro: 'Me despeço com a consciência doendo'

Treinador foi demitido após derrota do time celeste para CSA, no Mineirão

postado em 29/11/2019 11:45 / atualizado em 29/11/2019 12:29

(Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Em pronunciamento à imprensa na Toca da Raposa II, na manhã desta sexta-feira, Abel Braga se despediu do Cruzeiro. O treinador foi demitido após a derrota por 1 a 0 para o CSA, nessa quinta-feira, no Mineirão, pela 35ª rodada do Campeonato Brasileiro. O técnico lamentou o insucesso na tentativa de tirar o time da parte inferior da tabela –  está na zona do rebaixamento a três jogos do fim da competição – e desejou sorte ao sucessor, Adilson Batista


“Estive aqui há exatamente dois meses. De forma muito rápida, estou me despedindo com a consciência doendo, porque vim com o intuito de vir ajudar o clube e encontrei. Vou torcer mais do que nunca para o Cruzeiro pelas pessoas e as amizades que fiz aqui, em todos os segmentos do clube. Com respeito e carinho. O peso e a frustração é de não ter conseguido. Deixei a direção muito à vontade (para a demissão). Com muita clareza, eu sei da situação que eu peguei o clube. Esse homem que está aqui (Zezé Perrella), também sabe da situação que pegou o clube. Outro dia, ele disse para mim: “Nós somos malucos para pegar o clube assim?”. Eu sou profissional, então ele é mais maluco que eu. Mas ele está trabalhando, como todos estão. Eu levo esse lamento de ter sido (uma passagem de) apenas dois meses e não ter conseguido uma coisa que estava muito convicto que iria conseguir. O Cruzeiro tem um ambiente excepcional, com jogadores que procuraram dar o seu máximo. Aqui não vai culpa e responsabilidade a ninguém. Todos têm, mas eu, a nível de equipe, de resultado, me sinto mais responsável em não conseguir. Obrigado a todos pelo convite. O período foi muito curto, gostaria que fosse mais longo, mas, lamentavelmente, esse é o mundo do futebol. E é dessa maneira que tem de ser. Queira Deus que o novo treinador tenha mais força para dar o choque, que, nesse momento, eu não estou conseguindo”, disse Abel em sua despedida, ao lado do presidente do Conselho Deliberativo e gestor do futebol do Cruzeiro. 

Zezé Perrela explicou a troca de treinador e exaltou o profissionalismo de Abel Braga. “Quando fui presidente do Cruzeiro, sempre quis trabalhar com Abel, mas, por um motivo ou outro, não deu certo. Estava dizendo a ele, o que demonstra o caráter dele: foi o primeiro contrato de treinador que eu vi que não possuía multa. E ele quis assim. Isso em todos os clubes que ele passou. ‘Eu não coloco multa, porque, quando quiserem me tirar, me tirem; quando eu quiser ir embora, eu vou’. Isso é raríssimo no futebol. Para mim, é um momento de muita dificuldade, porque estamos tratando é com um ser humano, com sentimentos. Abel nos deixou muito à vontade para que fizéssemos essa tentativa. Infelizmente, as algumas coisas não dão certo por uma série de motivos. Não é por capacidade ou incapacidade do treinador, até porque ele não precisa provar nada para mim. È um dos treinadores mais vitoriosos da história do futebol brasileiro. Mas, neste momento, precisamos tentar alguma coisa. Por isso tomamos essa decisão doída. Eu aprendi a admirar esse cara, de verdade. È um ser humano extraordinário. Ele tem muito a ensinar para gerações futuras de treinadores. É um exemplo de postura, de compostura e de honestidade. Muito obrigado”, declarou o dirigente, destacando o legado do treinador campeão mundial e da Libertadores pelo Internacional, em 2006, e brasileiro pelo Fluminense, em 2012. 


Abel Braga foi contratado pelo Cruzeiro em 27 de setembro, um dia depois da demissão de Rogério Ceni. Embora rechaçasse o discurso de ‘paizão’, chegou ao clube com a missão de recuperar o moral do grupo, que teve relação conturbada com o treinador anterior. Nas entrevistas, os jogadores sempre elogiavam o convívio com o comandante. Dentro de campo, porém, apresentavam futebol pobre em criatividade e repertório.

Em 14 jogos sob o comando de Abel Braga, o Cruzeiro ganhou apenas três, empatou oito e perdeu três, com dez gols marcados e 11 sofridos. O aproveitamento foi de 40,7%. Das três vitórias, duas foram fora de casa, basicamente explorando contra-ataques: Corinthians, 2 a 1, e Botafogo, 2 a 0. Uma ocorreu no Mineirão, a primeira do treinador pelo clube: 1 a 0 em cima do São Paulo, no dia 16 de outubro.

RETORNO DE ADILSON

Adilson Batista será o quarto treinador do Cruzeiro no ano, depois de Mano Menezes, Rogério Ceni e Abel Braga. Ele assume a Raposa na 17ª posição, com 36 pontos, com 75% de chance de cair para a Segunda Divisão, segundo o site Infobola.  Esta será a segunda passagem de Adilson Batista pelo time celeste como treinador. Entre 2008 e 2010, ele foi bicampeão mineiro (2008/2009) e vice da Copa Libertadores (2009). A reestreia de Adilson será nesta segunda-feira, contra o Vasco, às 20h, em São Januário. 

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