Existe hora certa para dar oportunidade às categorias de base? Há quem diga que os garotos devem entrar em momento tranquilo, no qual o time esteja encaixado e colecionando bons resultados. Outros defendem que o talento do atleta se sobrepõe a qualquer circunstância. No Cruzeiro, três pratas da casa mostram personalidade em um momento de tensão pela luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Éderson, Cacá e Fabrício Bruno têm sido fundamentais para a equipe de Abel Braga, 16ª colocada na competição, com 34 pontos.
Éderson se encaixou bem na função de segundo volante e é o principal responsável pela transição para o ataque. Forte e de estatura alta - 1,83m -, o jovem de 20 anos sabe usar o recurso do drible na saída de bola. Não é incomum vê-lo fintar adversários ainda no campo de defesa. E quando chega à frente, oferece perigo nas finalizações, já que possui bom chute de pé direito.
As vitórias recentes do Cruzeiro no Brasileiro tiveram Éderson como protagonista. Contra o Corinthians, em São Paulo, ele se aproveitou de descuido da zaga adversária, após passe errado do lateral-direito Fagner, conduziu a bola até a grande área, driblou o goleiro Walter e finalizou de pé direito, decretando o placar de 2 a 1. Já diante do Botafogo, no Rio de Janeiro, recebeu assistência de Ariel Cabral, nos acréscimos do segundo tempo, e bateu colocado da meia-lua para fazer 2 a 0.
Antes mesmo das participações decisivas, Abel já havia se derretido pelas qualidades de Éderson. O treinador usou as expressões “monstro” e “absurdo” para exaltar o rendimento do meio-campista na vitória por 1 a 0 sobre o São Paulo, no Mineirão. Além disso, afirmou que o atleta fazia por merecer convocação à Seleção Brasileira Olímpica.
Abel Braga também enalteceu a sintonia entre Cacá, de 20 anos, e Fabrício Bruno, de 23. Para o técnico, que foi zagueiro do Cruzeiro de 1981 a 1982, os garotos “têm duas características que todos procuram na posição: são rápidos e com impulsão muito boa”.
Apesar de não ser um zagueiro tão alto - 1,84m -, Cacá usou a virtude da impulsão para marcar, de cabeça, seu primeiro gol como profissional, na vitória por 2 a 0 sobre o Botafogo. Por sua vez, Fabrício Bruno é favorecido na bola aérea, já que mede 1,92m.
Cacá e Fabrício jogaram juntos em meio às ausências dos experientes Dedé, em recuperação de cirurgia no joelho direito, e Leo, que ficou afastado durante algumas partidas por causa de fratura na clavícula.
Curado da enfermidade, Leo até foi titular no Cruzeiro no empate por 1 a 1 com o Bahia, uma vez que Fabrício Bruno estava suspenso. No entanto, Abel voltou a colocar o ex-defensor da Chapecoense ao lado de Cacá na quarta-feira, contra o Athletico-PR (0 a 0). A dupla foi bastante firme e conseguiu neutralizar o trio formado por Marco Rúben, Nikão e Rony.
Para o clássico de domingo contra o Atlético, às 16h, no Mineirão, Abel Braga não confirmou se manterá a zaga jovem, já que considera a experiência de suma importância em jogos de tal magnitude e por isso aventa dar a Leo nova chance. Apesar da indecisão, o técnico reconheceu o momento positivo de seus comandados, graças à contribuição dos mais experientes.
“Estou muito feliz pelo que os meninos estão apresentando, mas temos que ressaltar que eles estão jogando assim pela presença do Henrique no meio ao lado do Éderson, do Fábio na defesa, do Edilson, que marcou muitíssimo bem o Rony. Eles têm esse apoio. Então, vamos pensar, eles sabem que não tem equipe ideal, depende de cada adversário. E vamos estudar nos próximos dias”, frisou Abel.
Diante do Atlético, o lateral-direito Orejuela e o atacante Fred, que cumpriram suspensão no empate com o Athletico-PR, estarão à disposição de Abel, que também deverá contar com o meia Thiago Neves e o atacante Pedro Rocha, recuperados de problemas físicos. Em contrapartida, o Cruzeiro não terá Sassá, expulso na Arena da Baixada por tocar a mão na bola e finalizar a gol. O lateral-esquerdo Egídio, com dor no quadril, é dúvida.