O mais importante para o Cruzeiro no momento é vencer partidas para afastar definitivamente a ameaça de rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Mas algumas ações da diretoria na temporada ajudam a entender como a equipe se meteu em buraco tão grande. A começar pelas contratações que não deram o retorno esperado, por diversos motivos.
Dos sete contratados em 2019, apenas um vem sendo titular neste segundo semestre, o lateral-direito Orejuela. Os outros ou são reservas, como o lateral Dodô, o volante Jadson, o armador Marquinhos Gabriel e o atacante Ezequiel; ou tentam se livrar de problemas físicos para recuperar a condição de titular, casos do armador Rodriguinho e o atacante Pedro Rocha.
Assim, tanto o técnico atual, Abel Braga, como os que o antecederam, Rogério Ceni e Mano Menezes, ficaram com poucas opções para tentar fazer o time render mais. Ainda mais porque muitos que são referência no time apresentaram irregularidade nos últimos meses, entre eles o armador Thiago Neves e o atacante Fred, ou convivem com lesões, como o lateral-direito Edilson, os zagueiros Dedé e Leo e o armador Rodriguinho.
Agora, espera-se que o treinador encontre soluções com o que tem nas mãos. E que os atletas consigam dar a resposta esperada, principalmente os mais experientes, fundamentais em momentos de tanto pressão como o atual.
Como exceção, Orejuela não tem motivos para se queixar de ter aceitado o desafio de trocar o Ajax pelo Cruzeiro. Ainda que a situação não seja boa no Campeonato Brasileiro, ele se mostra motivado, principalmente depois de ter marcado o primeiro gol com a camisa celeste no empate por 1 a 1 com o Fortaleza, sábado, no Mineirão, pela 28ª rodada.
“Nunca vivi situação tão difícil, mas sei que logo vamos conseguir superá-la”, afirma o colombiano, de 24 anos e que foi revelado pelo Deportivo Cali, mostrando muita confiança. “Cada partida que termina a gente olha a tabela, as possibilidades que temos. Só dependemos de nós. Cada partida é uma final e precisamos vencê-la para sair dessa situação”.
Apesar das dificuldades, o colombiano se mostra satisfeito com o que encontrou no futebol brasileiro, segundo ele um dos mais disputados do mundo. “O Brasileiro é muito difícil, todas as equipes se preparam para ganhar, cada partida é decisiva. Foi por isso que quis vir, tinha o sonho de jogar no Brasil, onde o futebol é muito competitivo. Estamos em um bom caminho e esperamos conseguir boas coisas”, diz o camisa 28.
A permanência é um desejo, mas isso ainda dependerá de negociações – o Cruzeiro precisa pagar 1,5 milhão de euros (cerca de R$ 6,65 milhões) ao time holandês para ficar com o jogador em definitivo. No clube, a avaliação é que o lateral vale o investimento, mas ele pode não ser feito por conta das dificuldades financeiras.
Planejamento
Outro jogador cujo empréstimo termina em dezembro é Pedro Rocha. Como o valor para adquirir os direitos em definitivo parece fora da realidade celeste – cerca de R$ 44,3 milhões –, o atleta, que atualmente se recupera de torção no tornozelo esquerdo que o impede de jogar desde 25 de setembro, não deverá permanecer.
A falta de dinheiro, aliás, vai obrigar a diretoria a ser bastante criativa e criteriosa para buscar reforços para o ano que vem. Os dirigentes não comentam o assunto publicamente, mas há consenso de que será preciso rejuvenescer o grupo, sob o risco de ter problemas novamente em 2020.
Se está com dificuldades para investir, a situação ficará ainda pior se o time for rebaixado. Afinal, a cota de TV na Série B do Brasileiro é um décimo do que o clube recebe este ano, diminuição de R$ 60 milhões para R$ 6 milhões, segundo contas do gestor de futebol Zezé Perrella.
NÚMEROS
R$ 6,65 milhões - é o valor que o Cruzeiro precisa pagar ao Ajax para ficar com Orejuela
R$ 44,3 milhões - é o preço do atacante Pedro Rocha, emprestado pelo Spartak Moscou